Introdução:
Quais são seus planos
para o próximo ano? Muito provavelmente você está pensando em tomar algumas
decisões importantes para o ano que vem: Um melhor planejamento financeiro,
gastar mais tempo com a família, investir mais na sua formação acadêmica, ter
mais tempo com os amigos, assumir maior compromisso com as coisas de Deus e,
muito certamente, perder alguns quilos que tanto o incomodam. Um amigo me disse
que está com um sério problema de metabolismo: Mais de “bolismo” que de
“meta...
Não quero
desestimulá-lo, mas todos já tomamos decisões bem-intencionadas que
infelizmente não deram em
nada. Nossos padrões de comportamento quanto aos hábitos
alimentares, uso do dinheiro, vida espiritual e agenda são geralmente muito
arraigados e precisamos de uma dose extra de vontade para superar estas
deformações. Um antigo ditado afirma que “Velhos hábitos são difíceis de morrer”.
Estatísticas apontam para o fato que 97% das resoluções de Ano-Novo nunca são
cumpridas. Conspiram contra nós o fracasso de nossas resoluções, a pusilânimidade
de nossas vontades e a inconstância de nossos votos.
Mark Twain, sarcástico
humorista americano disse que “O Ano-Novo é uma instituição anual inofensiva,
de nenhuma utilidade especial a não ser como desculpa para bêbados
desenfreados, abraços bem-intencionados e resoluções bobas”.
Deixando o cinismo e
pessimismo de lado, Ano-Novo nos sugere um olhar para a frente e ver o futuro
sob um novo ângulo, de sonhar com uma visão maior. Afinal, “o medo de perder
nos impede de ganhar”. Eu sei quão pusilânime é a minha vontade e que
certamente vou me esquecer e me atrapalhar com estas novas resoluções, mas
ainda assim quero continuar sonhando.
1.
Escolha Deus, em
primeiro lugar - Js
24.14: “Agora, pois, temei ao Senhor”.
Josué deixa claro para o povo de Israel que eles precisavam assumir uma
postura, imediata, em relação a Deus. O
coração do homem tem uma chave pelo lado de dentro. “Eis que estou à porta e bato, se alguém abrir a porta, entrarei, cearei
com ele e ele comigo” (Ap 3.20). Jesus encorajou seus discípulos a
buscarem, antes de tudo, o seu reino e sua justiça. Mt 6.33: “Buscai, em
primeiro lugar, o reino de Deus e sua justiça, e todas as demais coisas vos
serão acrescentadas”.
Esta escolha para o
povo de Israel significava ruptura com outros Deuses que estavam ali no meio do
povo. Herança do Egito, influência do povo da terra, os cananitas, com os quais
tinham que rejeitar. Da mesma forma temos os Deuses de nossa cultura moderna:
Internet, TV, lazer. Geração do entretenimento. Nossas horas vagas não levam em conta Deus.
Portanto, não faça
nenhum negócio, projeto ou aliança que o distancie do seu crescimento
espiritual, da sua igreja. Muitos não servem a nenhum ministério da igreja,
porque seu chamado não leva em conta gastar tempo com as coisas de Deus.
Gordon MacDonald, no
seu livro “Ponha em ordem seu mundo interior” faz diferença entre pessoas
orientadas por tarefas e aquelas que são orientadas por um senso de chamado. O
primeiro grupo, apresenta algumas sérias disfunções:
A.
Primeiro sintoma: Stress. Doença seria
em nossos dias. Não tem tempo para descansar, conversar, interagir, lazer.
Dr. Thomas Holmes fez
uma escala para avaliar quanta pressão uma pessoa de nossa sociedade sofre por
ano, mais de 200 pontos significa que a curva de risco foi ultrapassada,
trazendo grandes riscos para um ataque cardíaco, stress emocional, pânico e
colapso pessoal. Por exemplo, a morte de um cônjuge tem uma escala de 100
pontos, a demissão de um emprego, a chegada de um novo filho, 39 pontos; natal,
12 e férias, 13. Infelizmene não é muito incomum para o homem moderno,
ultrapassar o nível de 200, anualmente.
B.
Segundo sintoma: Gratificado somente
com conquistas. Sente que é amado e apreciado apenas quando está fazendo algo
produtivo. Ela busca mais e mais conquistas para se sentir respeitada e amada.
A vida gira em torno de resultados.
Tendem a se tornar
altamente competitivos, vendo cada situação como ganhar/perder.
C.
Terceiro sintoma: Preocupação com os
símbolos das conquistas: títulos, status, privilégios especiais. Normalmente
possui um incontrolável desejo de ter mais, fazer mais, conquistar mais,
possuir mais. Seu significado está em ter, possuir, etc.
Neste caso,
integridade deixa de ser essencial e passa a ter valor limitado, já que sua preocupação
gira em torno de conquistas.
D.
Quarto sintoma: Forte tendência à
explosão e ira reprimida.
Pode ou não ser uma
violência física, mas pode ser expressa através do desprezo e insultos aos
outros, e isto acontece de forma muito comum no ambiente de trabalho e em casa.
MacDonald sugere que
mudemos nosso foco de “pessoas dirigidas” a conquistas pessoais para “pessoas
chamadas”. Isto acontece quando nos encontramos com a luz de cristo. Isto
certamente vai exigir renuncia de coisas que não são necessariamente ruins, mas
que se tornaram importantes por razões erradas. Paulo disse ao Senhor, na
estrada de Damasco: “Quem és tu senhor?” e a resposta foi: “Eu seu Jesus, a quem tu persegues, mas
levanta-te e entra na cidade, onde te dirão o que te convém fazer” (At
9.5-6). Nossa esperança encontra-se na compreensão de quem é Jesus e na
abertura para entender o que ele quer de nós.
Como age a pessoa que
escolhe, antes de mais nada a Jesus, e toma esta resolução na sua vida?
a)- Sua força vem de dentro, e não das suas
conquistas exteriores – Maria, na sua simplicidade, ao ser informada pelo
anjo que seria engravidada pelo Espírito Santo, não questionou, apenas se
dispôs: “Aqui está a tua serva, que se
cumpra em mim o teu projeto”.
b)- Possuem um claro senso de seu papel como
mordomo – Não se sentem donas de nada. Este é o exemplo de João Batista (Jo
3.28-30). “O que tem a noiva é o noivo”. Precisamos
entender que a noiva ainda pertence ao noivo, que é Jesus. Eu amo a igreja, mas
não podemos “dar em cima da noiva”. Quando Jesus pergunta a Pedro se ele o ama,
logo após a confirmação ele declara: “apascenta os meus cordeiros”. Não cabe a
nós determinar o que ele quer para sua igreja. Ela é a noiva de cristo. Nossos
somos apenas seus “Best man”, um termo que se usa nos Estados Unidos para
aquele que é o melhor amigo do noivo.
No meu senso de
mordomia, passo a entender,antes de mais nada, que tudo o que possuo é de
Jesus. Nossas propriedades, bens, dons espirituais, saúde. Adquiro a percepção
de que elas não são minhas, mas pertencem a Jesus. Pessoas orientadas se acham
donas, pessoas chamadas se vêem apenas como mordomos. Administrar as coisas de Deus.
c) Sabem exatamente o que são – tem noção
de sua identidade. Joao Batista não tinha ilusões sobre sua personalidade: “Eu não sou o Cristo”. Quando não
entendemos isto, encontramos dificuldade de discernir nossa identidade: O que
eu faço e o que eu sou.
As pessoas perguntavam
a ele se ele era o Messias – Ele poderia dizer: “Bem, ainda não pensei muito
sobre isto, mas talvez eu seja”. No entanto, ele é categórico: “Eu não sou o Messias”. E afirmava que
aquele que viria após ele, não seria capaz de desatar-lhes as correias das
sandálias (Jo 1.27). “Eu sou a voz que
clamo no deserto, mas ele vos batizará com o Espirito Santo”.
d)- Possuem grande senso de propósito – João estava
comprometido a ser “a voz que clama do deserto”, e nada mais. Pessoas assim se
comprometem com o reino. “convém que ele
cresça, e eu diminua” (Jo 3.30).
Não é muito difícil
encontrar pastores e lideres que tem enorme dificuldade em transferir liderança
para novas gerações. Por isto, muitos pastores carismáticos querem manter a
igreja nas suas mãos, através de filhos, que muitas vezes não tem chamado para
a obra, nem compromisso com o reino, para continuarem, de alguma forma,
mantendo seu domínio e influencia.
Certo pastor escreveu
uma carta a si mesmo, quando tinha apenas 45 anos, para que fosse lida aos 65
anos: “Hoje você está completando 65 anos, e está na hora de transferir sua
liderança para alguém mais jovem que você. Portanto, não diga a si mesmo que
não há ninguém que possa assumir seu lugar e não acredite na falsa propaganda
de auto-gratificação que outras pessoas lhe darão, ao dizerem que você é
insubstituível”.
2.
Envolva sua família no
projeto divino
– “Eu e minha casa serviremos ao Senhor”Js
24.15.
Não faça projetos sem
envolver sua família. “eu e minha casa
serviremos ao Senhor”. Muitos pais transferem a tarefa da espiritualidade
de casa, deixando eventualmente que os filhos sejam aqueles que os motivam a
vir a igreja, só virão se os filhos pedirem para vir a igreja. Ló, um dos
personagens da Bíblia, é um bom exemplo de como pode ser arriscado descuidar-se
da família. Ele viu uma grande oportunidade de lucro com sua mudança para
Sodoma, mas ao tomar a decisão, não considerou outros aspectos. Esta cidade era
conhecida por sua maldade. “Ora, os
homens de Sodoma eram maus, e grandes pecadores contra o Senhor”. (Gn 13.13). Ló
não considerou o ambiente ameaçador para o qual levaria esposa e filhas. Ele considerou
apenas o lucro que teria.
O texto afirma que ele
“levantou os olhos e viu toda a campina
do Jordão” (Gn 13.10). Ele não percebeu o perigo e riscos por detrás dos
pastos que ele encontrou para seu rebanho. Poucos anos depois, perderia sua
mulher que se tornou uma estatua de sal, não conseguiu superar o glamour e a
opulência da cidade; e suas filhas, que influenciadas por uma ética pernicioso
se tornariam posteriormente conhecidas como povo de mulheres de moral baixa e
duvidosa, garotas de programas, sem valores e princípios. Saíram de Sodoma, mas
nunca mais Sodoma sairia de seus corações.
Conclusão:
Quais são suas
resoluções para o Ano-Novo?
Se depois de ter
assumindo votos e tomado decisões acertadas, você ainda falhar, precisamos
lembrar que existe alguém que sempre cumpre suas resoluções para nossas vidas.
“Se somos infiéis, ele permanece fiel,
pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo”(1 Tm 2.13). O texto não
está afirmando que Deus permanece infiel à nossa infidelidade, mas que ele
nunca deixa fiel acerca de si mesmo e de suas promessas.
Deus tem cumprido seus
votos e promessas, “de geração em geração”. Ele cumpriu suas resoluções no ano
passado e vai cumprir tudo de novo. Mesmo que eu esqueça meus planos e
decisões, seu caráter me dá esperança. Eu posso me esquecer do que prometi e
falhar, me atrapalhar, me perder e me desesperar, mas Deus vai continuar sendo
fiel.
Talvez minhas
resoluções me tornem mais santo, aprofundem alguns valores meio esquecidos, ou
me tornem mais cuidadoso e gentil com minha família, ou quem sabe me ajudem no
meu humor ou mesmo com relação à dieta que preciso fazer, mas se eu fracassar e
tiver que voltar para Deus, posso sempre recomeçar, e terei novamente a chance
de ser perdoado, revigorar minha alma e aprender outra vez. Deus é capaz de
fazer novas todas as coisas, e restaurar, até mesmo um vale cheio de ossos
secos.