terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Lc 1.5-23 A obra do Messias



O Povo judeu sempre viveu em torno da expectativa messiânica. Todas as vezes que era subjugado, sofria um viés político ou era escravizado pelos estrangeiros, a esperança messiânica era profundamente reativada.
Em nenhum momento, a perspectiva do messias tinha a idéia de uma restauração espiritual, tratava-se antes de alguém com força política suficiente para sacudir o jugo e a opressão dos inimigos e colocar Israel no centro das atenções de todos os povos e entre as grandes nações. O jugo seria quebrado, a opressão desfeita.
Os discípulos, mesmo depois de caminharem por três anos com Jesus, e terem ouvido exaustivamente o seu projeto, não conseguiram mudar a visão nos seus corações. Na multiplicação dos pães, houve um levante para fazê-lo rei e Jesus se retira para o monte a fim de orar (Jo 6.14-15); Logo após sua ressurreição, quando se depararam com sua majestade, o messianismo aflorou neles: “Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel?” (At 1.6) e Jesus lhes diz que não lhes competia conhecer tempos ou épocas que o pai reservara para sua exclusiva autoridade, mas que eles receberiam poder quando descesse sobre eles o Espírito Santo e seriam suas testemunhas até os confins da terra (At 1.7-8).
No anúncio que o anjo faz a Zacarias, pai de João Batista, a síntese da missão do messias possui quatro dimensões, e nenhuma delas corresponde à expectativa que o povo judeu havia construído. Quais são elas:

  1. Converter muitos dos filhos de Israel ao Senhor – (Lc 1.16). Alguns aspectos desta conversão são aqui descritos:
    1. O texto não fala de conversões de pagãos a Deus, mas dos filhos de Deus, a Deus. Isto deve servir de alerta a todos nós. Há muita necessidade de conversão do povo de Deus a Deus. Há muita apostasia travestida de piedade; muita religiosidade ocultando frieza e pecado; muita adoração apenas de lábios; muito paganismo no meio da igreja e muita aparência ocultando e encobrindo a ação de Deus entre nós.
    2. Esta conversão é obra de Deus, já que o próprio messias nos converteria a Ele. Não é auto conversão, nem obra da carne e do sangue. Para que a conversão se torne real em nós, é necessário que haja uma obra do Espírito em nosso coração para nos transformar.
    3. Nem todos serão convertidos, já que o texto nos fala que “muitos”, e não “todos” filhos de Israel se converteriam. Portanto, há pessoas no meio da igreja de Cristo que nunca se converterão, como nos descreve o apóstolo Paulo: “Pois entre estes se encontram os que penetram sorrateiramente nas casas e conseguem cativar mulherinhas sobrecarregadas de pecados, conduzidas de várias paixões, que aprendem sempre e jamais podem chegar ao conhecimento da verdade. E, do modo por que Janes e Jambres resistiram a Moisés, também estes resistem à verdade. São homens de todo corrompidos na mente, réprobos quanto à fé” (2 Tm 3.7-9).

  1. Converter o coração dos Pais aos Filhos – Numa referência clara a Mal 4.5-6: “Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível Dia do SENHOR; ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais, para que eu não venha e fira a terra com maldição”.
A conversão evangélica possui uma dimensão horizontal, tendo que passar necessariamente pelas relações familiares. Filhos precisam se converter aos pais e os pais aos filhos; afinal, se alguém não tem cuidado dos seus, especialmente dos de sua própria casa, tem negado a fé e é pior do que o incrédulo (1 Tm 5.8). Se a mensagem de Deus não atingir a família, ou você entendeu equivocadamente sua mensagem, ou está enganando a si próprio.
A salvação possui uma dimensão vertical e outra horizontal. Por mudar a relação e nos reconciliar com Deus, afeta diretamente nosso ambiente familiar, criando uma espiritualidade sadia que se manifesta nos afetos. Portanto, a salvação possui uma dimensão vertical (dos deuses falsos ao Deus verdadeiro); e uma dimensão horizontal (agindo em nossos afetos e fazendo de nós pessoas diferentes no trato com nossos familiares.

  1. Conversão dos desobedientes à prudência dos justos – (Lc 1.17) A Bíblia nos mostra que o desobediente, o relativista moral, se distancia de Deus buscando sua autonomia e  independência, para fazer o que der na cabeça, mas que na verdade seu estilo de vida é imprudente. O pecador é imprudente!
Ele acha que pode continuar no seu pecado sem que haja conseqüências, que não haverá juízo para sua vida, que pode desobedecer que nada lhe acontecerá. As Escrituras nos ensina que este é o pensamento de gente sem juízo: “O simples passa a frente e sofre a conseqüência, o prudente vê o mal e se esquiva”.
O Evangelho vem nos livrar da insensatez e imprudência do pecado. Paulo fala a Timóteo: “A sua insensatez será evidente a todos, como também aconteceu aos demais” (2 Tm 3.8-9). Ao falar dos encargos do pastor, Paulo afirma: “Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e sim deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente, disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, mas também o retorno à sensatez, livrando-se eles dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele para cumprirem a sua vontade” (2 Tm 2.24-26).
A obra do messias inclui esta maravilhosa obra de nos converter da imprudência para a prudência; da insensatez para a sensatez. Isto acontece com aqueles que crêem em Cristo, pois nunca, jamais, serão envergonhados ou confundidos, já “o caminho dos perversos é como a escuridão; nem sabem eles em que tropeçam”.

  1. Habilitar para o Senhor um povo preparado – (Lc 1.17). Preparado para que? O desejo de Deus é criar um povo para glorificar o seu nome. “Assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado” (Ef 1.4-6).
Habilitar tem a ver com capacitação. O Messias deseja realizar esta obra em nós, para que glorifiquemos e exaltemos o nome de nosso Deus. Nós somos a matéria bruta que o Senhor deseja lapidar para que seu nome seja glorificado em n’os.
Para que isto se dê, Ele concede dons à igreja. “E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4.11-13).
Deus tem feito isto desde os primórdios, levantando um povo eleito para revelar seu projeto,para lhes dar culto, para que entre eles surgissem seus profetas a quem transmitia seus oráculos. Para que este povo fosse levantado, fez alianças e promessas, deu o culto levítico e nos últimos dias enviou seu único filho para formar um povo para seu louvor. O apóstolo Pedro afirma: “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pe 2.9). Um povo para anunciar ao mundo os seus poderosos feitos e a obra de sua redenção.
Conclusão:
O anúncio do nascimento de João Batista fala deste novo tempo. Ele seria a voz no deserto, preparando o caminho do Senhor e preparando a chegada do Messias. Este ministério de conversão não seria executado por João, mas começaria na sua palavra que anunciava a chegada do Cordeiro de Deus tira o pecado do mundo.
O anúncio do natal, em seus primórdios, nos fala desta maravilhosa realidade da ação de Deus em nossas vidas.

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