Introdução:
No sermão anterior, estivemos
considerando quatro elementos fundamentais na missão da Igreja:
A Base:
Firmada na identidade do Pai
O Instrumento:
Sustentada pela capacitação, dons e sinais dados por Jesus à igreja;
A Mensagem: O
Evangelho
O Público:
Toda criatura.
Encerrando a exposição do Livro
de Marcos, gostaríamos de observar o último versículo deste Evangelho, que fala
da estratégia de missão que foi adotada pela igreja. Temos aqui também, quatro
elementos que fazer parte esta estratégia:
1. Mobilização – “Eles
partiram” (Mc 16.20). Logo após as recomendações e promessas dadas por
Jesus, antes de subir aos céus e assentar-se à destra de Deus, os discípulos saíram
para realizar o mandato de Jesus. A Igreja estava desalojada.
Tive um professor no Seminário
Presbiteriano do Sul, em Campinas, que dava a matéria teologia comparadas e
Missões. Ele costumava ironizar dizendo que seria melhor se falássemos de
teologia com-parada e o-missão. De
fato, a igreja primitiva parece ter inicialmente perdido a noção da ordem de
Cristo de ir para todo mundo, embora continuassem pregando em Jerusalém. Foi
então, que Deus permitiu que violenta perseguição viesse sobre a igreja, e
todos, exceto os apóstolos, foram dispersos (At 8.1). Qual foi o agente
missionário? Herodes. Deus permitiu que poderes históricos constituídos,
fustigassem a igreja para que assim, os olhos do seu povo voltassem para a
direção certa: O mundo. A obra precisa ser realizada, e isto só se torna
realidade quando a igreja se desaloja.
Nosso chamado é para “ir”, e
neste processo de sair ocorrem rupturas, mas é fundamental sair da zona de
conforto. “Ir” para os discípulos era um processo complexo em que levavam
basicamente a roupa do corpo, não tinham salários de agências missionárias como
garantia, mas estavam convencidos de que Deus os havia ordenado e por isto
deviam ir..
A ordem de Jesus é clara: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a
toda criatura”. Por causa deste mandamento, centenas de pessoas já deixaram
seus países, distanciaram-se de parentes e familiares para obedecer o grande
mandamento. A Igreja de Cristo sabe que precisa sair dos seus guetos e culturas
e alcançar povos não alcançados.
“O Espírito de Cristo é o
espírito de missões, e quanto mais perto estivermos dele, mais intensos
missionários nos tornamos” (Henry Martin-1781-1917). Oswald Chambers
(1874-1917) afirmou: “Quando o Espírito de Deus vem sobre o homem, ele lhe dá
uma visão global do mundo”
a.
Empoderamento – “Cooperando com eles, o
Senhor” (Mc 16.20). Jesus não apenas lhes dá mandamentos, mas fornece os instrumentos
necessários para a realização da obra, que são os sinais.
A obra missionária não será
realizada à base de talento natural, nem de marketing, poder humano ou método, mas
se concretiza pela ação de Cristo no meio de seu povo. A Igreja precisa receber
este poder de Deus. Sem ele, a obra não avança. Sem os recursos espirituais
dados por Cristo, a obra de Cristo é um verdadeiro fracasso. Jesus disse aos
discípulos: “Ide, eis que vos envio como
ovelhas para o meio dos lobos” (Lc 10.3). Esta é uma batalha desigual. Eu
preferia que ele tivesse dito “como lobo
no meio de ovelhas”. Isto me faria sentir bem mais tranqüilo. Não há
nenhuma chance de sucesso de ovelha no meio dos lobos, a não ser que o pastor
do rebanho esteja protegendo,
Paulo afirma: “Eu plantei, Apolo regou, mas o crescimento
veio de Deus”(1 Co 3.6). Podemos usar de todos os meios para persuadir,
convencer e realizar a obra, mas se Deus não for conosco, a missão não se
realiza. Por isto Jesus afirmou aos seus discípulos que ficassem em Jerusalém
até que do Alto fossem revestidos do Espírito Santo (Lc 24.49), e antes de
enviar-lhes para a obra afirmou: “Recebereis
poder ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas, tanto
na Jerusalém, Judéia, Samaria e até os confins do mundo” (At 1.8). A igreja
de Cristo precisa ser empoderada por Deus.
A base de nossa confiança não
deve estar em nossas forças, mas na autoridade que nos foi delegada. Fomos declarados
seus embaixadores. Isto nos faz compreender que a missão só se torna possível
por causa do poder de Jesus que repousa sobre a igreja. Não há missão sem o
poder do Alto, sem este revestimento profundo que nos torna ousados.
Jesus considerava fundamental o
seu poder sobre a igreja. Por esta razão ele disse aos discípulos: “Ficai em Jerusalém” (Lc 24:49). Ao ser
reencontrar novamente com eles, reafirma: “Mas
recebereis poder”, e só então, cheios deste Espírito, seriam sua
testemunhas...
Sem poder
a igreja fracassa. “O grande problema
histórico da Igreja é este: Vivemos entre a páscoa e o Pentecoste” (Stanley
Jones).
Este Poder não é organização, intelecto, dinheiro ou prestígio político. Sua
procedência é do alto e de Deus. “Não por força, nem por violência, mas pelo
meu Espírito” (Zc 4,6)
b. Infiltração – O texto nos ensina que “tendo partido, pregaram em toda parte” (Mc
16.20). O Evangelho tinha o objetivo de alcançar todos os lugares, do mais
acessível ao mais remoto.
Este lugar era de casa em casa, nas
escolas de pensamento livres como a de Tirano, em Éfeso; nas sinagogas onde se
reuniam os judeus, nos palácios, como no caso de Berenice e Agripa, nas ruas,
mercados, no centro do pensamento filosófico, como Atenas, no meio dos
poderosos como em Roma. Em
“todos os lugares” vemos os discípulos anunciando o projeto do reino e falando
da obra de Cristo. Lidia se converte na beira de um rio, onde os discípulos
encontraram um grupo de mulheres e compartilharam a mensagem.
Assim deve ser ainda hoje: Nas
universidades, hospitais, residências, escolas, lares, a mensagem de Cristo
deve ser proclamada.
c.
Confirmação – “Cooperando com eles o Senhor e confirmando a palavra por meio de
sinais que se seguiam” (Mc 16.20). A palavra de Deus precisa de uma
confirmação espiritual.
O coração do pregador precisa ser
tocado, e a menos que o Espírito Santo faça esta obra, a salvação não vai
chegar ao coração do homem distanciado de Deus. A incredulidade precisa ser
desmascarada. Nada do que falemos fará sentido, se o Senhor não confirmar sua
palavra entre nós.
Esta palavra precisa ser
autenticada pelo Espírito de Deus.
Conclusão:
Vemos, portanto, quatro elementos
que fazer parte da estratégia missionária: Mobilização, empoderamento,
infiltração e confirmação.
É desta forma que o Evangelho vai
atingindo a humanidade. Desta forma vemos a graça de Deus agindo entre seu
povo.
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