Introdução:
O Evangelho é simples
e direto: “Quem crer e for batizado, será
salvo; quem, porém, não crer, será condenado” (Mc 16.16). Você pode achar
simplista o raciocínio, ou não concordar com a afirmação enfática que Jesus
faz, mas esta é a essência do evangelho. Billy Graham afirma que “a salvação é
tão simples que qualquer criança pode entender, mas é tão profunda que os
teólogos tem gasto muitas horas na história, com longas discussões sobre seu
profundo sentido”.
Este texto nos coloca
diante da necessidade de algumas definições. Uma delas é sobre o crer, outra
sobre o batismo.
Uma das primeiras
perguntas que precisamos responder ao lermos este texto é o que acontece se não
somos batizados? Este texto pode dar ideia de que sem o batismo, não há
salvação, e isto não é verdade, pois o Senhor Jesus, diante do ladrão na cruz,
que não havia sido batizado, ouviu de Jesus a declaração: “Hoje mesmo estarás
comigo no paraíso”. A promessa de salvação de Jesus não condicionava ao
batismo. Isto destrói a falsa doutrina da regeneração batismal, que afirma que
o batismo salva.
O que é o batismo e qual o seu
lugar no plano da salvação?
É
um sinal público de algo que aconteceu no meu coração. Salvação envolve dois
processos: Um privado e outro público. “Se, com a tua boca, confessares Jesus como
Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás
salvo. Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a
respeito da salvação” (Rm 10.9-10).
Portanto,
há um ato interior. Precisamos crer de coração, na obra salvadora de Cristo;
Precisamos
também de um ato público, que implica em confessar a Jesus como Senhor.
Declarar que somos seus discípulos, e assumir uma posição diante de todos de que
ele segue a Cristo. Alguns se recusam ao batismo. Afinal, dizem eles, batismo é
apenas um ritual, e não salva. Este tipo de raciocínio distancia muitos da
obediência à Cristo. Se você é discípulo e seu mestre lhe ordena que faça isto,
porque você se recusa? Se você encontra dificuldade na coisa mais simples, como
você vai lidar com as coisas mais complexas da fé e do discipulado? E ainda
surge outra pergunta: Por que você está com tanta dificuldade de se submeter à
ordenança dada por Deus?
Certo
membro de nossa igreja demorou muito tempo para se batizar. Um dia estava lendo
a Bíblia, e no início do Evangelho viu o relato de Cristo se dirigindo ao
Jordão para ser batizado por João Batista. Naquela hora, ficou ali indagando:
“Se até Jesus dirigiu foi batizado, porque não eu?” e então procurou o pastor
para ser batizado.
A outra questão que
temos neste texto é sobre o significado de “crer”. O que significa crer para
salvação? A Bíblia diz que é necessário crer para ser salvo. O que é crer? Qual
o significado desta expressão? Então, vamos começar a tratar deste assunto,
mostrando o que não é crer, para depois analisarmos o que é, de acordo com a
Bíblia, a fé salvadora.
O que não é fé:
A.
Não
é fé na fé – Muitos afirmam: “O importante é crer”. Não é assim
que Jesus nos ensina. Não basta crer, mas é necessário que saibamos em que
cremos. Fé sem objeto se transforma em superstição e crendice. Veja que no vs.
15, Jesus ordena a seus discípulos que preguem O Evangelho a toda criatura. Não se trata de crer em qualquer
coisa. Não é “fé na fé, faca amolada”, como afirma Milton Nascimento, mas fé
naquilo que Cristo fez e naquilo que ele é. “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito,
para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porquanto Deus
enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o
mundo fosse salvo por ele. Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está
julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. O julgamento é
este: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz;
porque as suas obras eram más” (Jo 3.16-20).” Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus
não tem a vida” (1 Jo 5.12).
Jesus
ainda ensina: “Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão
rios de água viva. Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de
receber os que nele cressem; pois o Espírito até aquele momento não fora dado,
porque Jesus não havia sido ainda glorificado”(Jo 7.37-40).
B.
Fé
não é mero assentimento intelectual. Não é apenas
concordar que existe um Deus, ou um ser superior. Tiago afirma: “Crês tu que Deus é um só, fazes bem, pois
até o diabo crê e treme” (Tg 2.13). O diabo crê! Ele não é incrédulo. Na
verdade tem mais fé que muitos homens, porque ele sabe de tudo que acontece no
mundo espiritual. Mas que tipo de fé que é esta? O diabo é um ser sem salvação.
Ele está condenado e será lançado no lago de fogo e enxofre. Ele não tem a fé
que Jesus afirma que trará salvação. Ele apenas admite intelectual que Deus
existe, mas isto não faz qualquer diferença no seu estilo de ser e agir. Ele é
mentiroso desde o princípio, é o pai das trevas e vive nas trevas, ainda que
creia existencialmente em um ser chamado Deus.
C.
Fé
não é sensação – Numa época pós-moderna, onde o que valida para
muitos o significado da verdade e mentira são as emoções, é necessário que se
esclareça isto. Jesus não diz: “Aquele que sentir um arrepio, ou se emocionar
com as coisas que fiz, será salvo”, e sim “Quem
crer e for batizado, será salvo”. Na época do iluminismo o homem afirmou
“creio, logo existo”(Descartes). Na presente geração, as pessoas dizem: “Sinto,
logo me autentico”. Emoção, porém, ainda que seja um dos componentes da fé, não
é fé. Não é porque você “sentiu” que você é agora convertido. Existem muitos
que estão esperando esta experiência emocional para a tomada de uma posição
quanto à sua fé, mas o nosso sentimento não é critério para nossa salvação.
Muitos já choraram diante de Deus, mas estão perdidos; muitos sentiram
calafrios em reuniões com conteúdo emotivo, e estão longe do Senhor; muitos
viram manifestações sobrenaturais, e ainda não crêem e vão para o inferno;
muitos choraram em acampamentos, emocionados ao redor de uma fogueira ou de um
culto mais emotivo, mas se recusam a serem verdadeiramente discípulos de Cristo
e se renderem incondicionalmente ao seu chamado. Alguém me disse que havia
caído no Espírito, numa referência aos eventos que na década de 90 enchiam os
estádios nos EUA e no Brasil, quando um pregador soprava e as pessoas caiam,
agitava seu paletó em direção ao público e dezenas de pessoas iam ao chão.
Então, eu lhe perguntei: “Você se levantou no Espírito?”.
D.
Não
é uma experiência temporal – Trata-se daquele tipo de fé de
pessoas desesperadas e desenganadas, que estando diante de situações de grandes
crises e aflições, e não encontrando outra saída, buscam respostas imediatas
através da oração, de campanhas, de concentrações de milagres e de “pregadores
ungidos” e eventualmente demonstram algum tipo de fervor espiritual inicial,
mas logo que a situação se resolve, voltam ao mesmo estilo de vida, e nunca
depositam sua confiança realmente em Cristo, porque na verdade queriam apenas a
solução imediata de seu sofrimento, mas não possuem fé bíblica genuína, que
traz salvação.
Minha
mãe, temente a Deus, vivia sempre preocupada com o estado da alma de sua mãe,
que se recusava a entregar sua vida a Cristo. Quando minha avó adoeceu, minha
mãe percebeu que precisava ser o mais direto possível em relação à sua
salvação, e lhe perguntou se ela não queria aceitar Jesus como seu salvador,
ela resignada afirmou: “Vou ter que aceitar minha filha, é o jeito né?”.
O que é fé:
Temos até aqui
considerado o que não é fé bíblica, esta fé que Jesus afirmou que traz
salvação. Agora queremos ver, biblicamente, o que é fé:
A.
Deixar de confiar em mim mesmo para salvação - Eu
entendo minha real situação aos olhos de Deus e passo por uma conversão, quando
meus olhos se abrem e passo a entender o que Cristo fez. Jesus afirmou “Eu sou
o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai senhao por mim”(Jo 14.6). Os
apóstolos pregavam: “Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os
homens, Cristo Jesus, homem,”(1 tm 2.5). Isto se dá quando entendo o que Cristo fez por mim na cruz,
então me rendo à sua obra maravilhosa e me aproximo dele buscando sua graça.
Jesus foi até aquela cruz para me trazer salvação.
B. Colocar
minha confiança inteiramente na obra de Cristo – A bíblia afirma que somos
salvos da “ira de Deus”, nosso pecado nos separou de Deus, e a consequência do
pecado é morte (Rm 6.23). Salvação bíblica se refere à libertação da
consequência do pecado e envolve, portanto, remoção do pecado. Esta é uma obra
que só Deus pode realizar, e ele fez isto através da obra de seu Filho amado.
Só Deus pode remover pecado e nos livrar da penalidade do pecado. Deus nos resgatou através de Cristo foi sua
morte na cruz e que pagou o preço de nossa redenção. Salvação é um gratuito dom
de Deus que não merecemos (Ef 2.8), você nunca seria capaz de pagar o preço de
sua alma, e só é disponível através de fé em Jesus Cristo (At
4.12).
Nós
recebemos a salvação pela fé,
quando ouvimos o evangelho – a boa nova de salvação e passamos a confiar
completamente nos méritos de Jesus. Isto envolve arrependimento, uma mudança de
mentalidade Uma definição de salvação bíblica seria a libertação espiritual e
eterna que Deus concede àqueles que aceitam suas condições e colocam sua fé em Cristo. Salvação
só é possível através de Jesus Cristo, e depende de Deus para a sua provisão,
garantia e segurança. Portanto, se deseja ser salvo, você precisa parar de
confiar em si mesmo, na sua justiça própria, nos seus méritos espirituais e
morais, nas suas boas obras, e colocar sua confiança apenas em Cristo e na
suficiência de sua cruz.
Conclusão:
Salvação envolve três processos:
1. Conhecimento do meu pecado – Quando
desisto de mim mesmo, e de meus esforços, e me firmo nos méritos de Cristo.
Esta é uma convicção que o Espírito Santo faz em nossa vida, compreendemos
nosso estado de podridão moral aos olhos de Deus. Isaias entendeu isto: “sou um
homem de lábios impuros e habito no meio de um povo de impuros lábios” Paulo
afirma que ele era “o principal dos pecadores”; Pedro diante de Jesus afirmou:
“Afasta de mim, Senhor, pois sou um homem pecador”. O Espírito santo tem a missão
de nos convencer “do pecado, do juízo e da justiça”. Se você não se sente incapaz
de salvar a si mesmo, você despreza a cruz e o sacrifício de Cristo, afinal,
ele morrer na cruz para salvar quem? Nestes casos, você pode até admitir que
ele veio salvar outros, mas não a você, já que você realmente não precisa
disto.
2. Salvação envolve vontade – Eu
descubro que preciso da salvação e intencionalmente venho a Cristo para
encontrar esta salvação. “Todo o que tem sede, venha a mim e beba, porque do
seu interior, fluirão rios de água viva”. Nesta hora eu me rendo, decido seguir
a Cristo e coloco meus desejos, projetos e planos diante dele. Eu decido
assumir uma postura de discípulo. “Se alguém quer ser meu discípulo, a si mesmo
se negue, tome a sua cruz e me siga”. Salvação envolve minha decisão e vontade,
ainda que saibamos que para isto acontecer, o Espírito Santo precisa estar
trabalhando em nós para que nossa vontade se incline em direção à Deus.
3. Salvação envolve rendição – Eu
me submeto a Jesus. Decido me tornar seu discípulo. Muitos não se lembram
exatamente a hora em que tomam esta decisão, pois para muitos salvação é um
processo, mas sabem que algo aconteceu no seu interior que os levou a uma nova
forma de agir e viver. Jesus exige que todo discípulo se torne servo. Isto
envolve família, vida social, negócios. 100% de rendição, ele quer tudo.
“Quem crer e for batizado, será salvo; quem,
porém, não crer, será condenado”. Diante de Deus só temos duas
possibilidades: Salvação ou condenação.
Recentemente
o pregador americano Rob Bell, em entrevista às paginas amarelas da Veja (Nov
2012), declarou que céu e inferno não existem. Outro pregador, respondendo á
esta provocação disse: Na Bíblia Jesus menciona a palavra céu 145 vezes, e inferno
42. Quem está certo: O pregador moderno ou Cristo?
A
porta está aberta para salvação. Hoje é o tempo sobremodo oportuno. Se você
ainda não tomou uma decisão por Jesus, de submeter seu projeto de vida, ao
convite que ele lhe faz, esta é a hora da tomada de posição. Quem crê no Filho,
tem a vida, quem não crê, sobre ele permanece a ira divina. Benção ou maldição?
Salvação ou perdição.
Que
Deus nos ajude!
Samuel
Vieira
Nenhum comentário:
Postar um comentário