domingo, 24 de março de 2013

Ap 2.8-11 ESMIRNA: NADA A PERDER!





Introdução:

A Igreja de Esmirna é marcada por três características: tribulação, pobreza, e blasfêmias. Um cenário social e humano difícil. Por isto nos chama a atenção o fato de que esta igreja é a única que não recebe nenhuma reprimenda de Jesus, nenhum censura, apesar do cenário e das circunstâncias históricas e políticas serem as piores.
A palavra tribulação, do grego thlipsis, significa pressão, aflição, traz a idéia de estar sendo esmagado debaixo de um peso descomunal. O grego possui duas palavras para a pobreza, e a palavra aqui é ptocheia, que significa “pobreza absoluta”.
Barclay sugere que isto pode ter se dado por duas razões.
A primeira: muitos daqueles cristãos poderiam ter sido escravos, e este grupo de pessoas tinha uma vida muito difícil; Outra possibilidade: Haviam sido espoliados por sua fé (Hb 10.4). Quando o texto fala de blasfêmia, refere-se a acusações, difamação e calúnia. Em Esmirna, havia uma forte colônia judaica, e eles se aliaram aos romanos na perseguição contra os cristãos como já havia acontecido em outros lugares. Jesus afirma que por causa desta atitude dos judeus, ao invés de serem “sinagoga de Deus”, haviam se tornado “sinagoga de satanás”, o principal acusador dos irmãos.
A Igreja de Esmirna atravessava um momento extremamente difícil, ser cristão era ter o estigma da morte. E o pior de tudo, Jesus não faz promessas de que a vida iria melhorar para estes irmãos, pelo contrário, o texto anuncia mais sofrimento: “Não temas as coisas que tens de sofrer” (Ap 2.10). “Sereis provados, tereis tribulações”.
A vida cristã continuaria a ser marcada não por definições, mas por incertezas, não por promessas de libertação, mas convicção de tribulações ainda maiores. Felizmente este sofrimento seria limitado a 10 dias, que Barclay significava um tempo curto que iria acabar num fim breve.

Duas grandes questões diante deste cenário:

1.       Por que Jesus deixa a sua igreja sofrer tanto?– Se Ele é Aquele que passeia por meio da igreja, porque permite que provações tão fortes aconteçam ao seu povo? Se Deus é todo poderoso, e se Ele está no controle dos eventos, como podemos conciliar situações de tamanha perplexidade com seu caráter santo?

2.       Como uma Igreja pode demonstrar fidelidade num contexto tão adverso? A resposta à primeira questão não é encontrada no texto. Não sabemos o porque disto tudo estar acontecendo e Deus não se dispõe a responder a esta questão fenomenológica que o texto reflete. Mas quanto à segunda questão, vemos duas razões no texto:

Ø       É possível superar toda tribulação e oposição, toda calúnia e afronta, quando encontramos sentido maior na relação de afeto e ternura com o Deus que servimos - Em outras palavras, nenhuma acusação é forte demais, profunda demais, nenhuma crise é grande demais, quando encontramos nosso sentido maior na comunhão com o Pai celestial.
Por que tememos tanto o infortúnio, as circunstâncias adversas? Porque na verdade, nosso sentido está nas coisas, nas situações, e não no Senhor. Não temos relação de afeto com o Pai, que seja capaz de nos satisfazer por completo, e ficamos buscando prazer nas coisas que temos e nas circunstâncias favoráveis que encontramos.

Ø       Ninguém é pobre, quando Deus declara que é rico – Esta pobre igreja, sem futuro, atribulada, perseguida pelo Estado, é declarada rica diante de Deus, e o é verdadeiramente, ainda que de uma forma ignorada pelos homens. Curiosamente Jesus afirma no presente e não no futuro: “tú és rico”. 
Deus tem uma forma diferente de avaliar nossa situação e nossas finanças. Laodicéia achava que era rica, mas era pobre. Esmirna era pobre, mas Jesus a declara rica. Como estamos nós, ricos, mas pobres, ou a despeito da pobreza, ricos?  Esmirna aparentemente era pobre, mas na verdade era rica.

No meio de toda a oposição, calúnia e pobreza, Jesus dá dois conselhos à igreja de Esmirna:

1.       Haja o que houver, não tenhas medo! “Não temas as cousas que tens de sofrer”. (Ap 2.10) Quando fala para não ter medo, é porque ele nos dá poder para tanto. Esta capacidade de não ter medo vem de Jesus!  Quando Jesus diz para a gente não ter medo, algo poderoso acontece dentro de nós, que nos transforma em tigres enche-nos de ousadia. Esta igreja não tem que combater apenas carne e sangue, a perseguição não é apenas um caso de prisão e tortura, é o próprio diabo agindo...

2.       Aconteça o que acontecer mantenha-se firme na fé! 2:10 “Sê fiel até a morte!” Até a morte. Não pare no meio do caminho, aconteça o que acontecer. Não retroceda, não desista! É tudo ou nada! Existe uma coroa para ser entregue àquele que cruzar a linha da chegada com fidelidade. Corrida até o meio não é bastante! O que conta não é como você começa, mas como você termina.

Conclusão:

Qual é seu maior medo? Luto? Falência financeira? Abandono? Solidão? Loucura? Morte? Diabo? Tragédias? O meu maior medo é a infidelidade, porque ela e somente ela pode me destruir, nem mesmo o diabo pode me destruir... Por isto Jesus nos adverte: “Não temais aqueles que podem matar o seu corpo, temei antes aquele que pode colocar no inferno tanto o seu corpo como sua alma”. 
A Igreja de Esmirna está sob ameaça, mas Aquele que fala, que a exorta, é Aquele que relativizou a morte, ironizou-a, ao ressuscitar dos mortos ao terceiro dia. “Estas cousas diz o primeiro e o último, que esteve morto e tornou viver” (Ap 2.8). Estas pessoas podem ter o mesmo destino do seu mestre: podem morrer na perseguição, mas apenas terão de sofrer a morte física, não sofrerão a segunda morte, têm a garantia da ressurreição. “O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte” (vs. 11).
Esmirna era uma cidade que tinha jogos olímpicos, e no final os vitoriosos recebiam seus lauréis. Jesus os lembra da grande promessa da “coroa da vida eterna” que eles têm adiante, e eles seguem firmes, porque quem conheceu verdadeiramente as promessas reservadas àqueles que amam a Jesus, não podem mais negociar seus valores, mesmo diante tribulação, pobreza e mesmo da própria morte, porque aspiram a uma coroa celestial, imarcescível, a qual o Senhor, reto Juiz dará, não somente a alguns, mas a todos quantos amam a promessa da vida eterna.


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