Introdução:
Em Gênesis 12 vemos o chamado de Abrão.
O termo “chamado” traz no meio cristão uma
vertente distorcida, que não é fácil de ser reparada. Em geral, ao falarmos de
vocação, geralmente nos referimos ao chamado missionário e pastoral, isto é, um
chamado para ser “religioso”.
Durante anos, o Dr. Gordon, fundador do
Hospital Evangélico de Rio Verde-GO, lutou em relação a isto. Ele sentia o
chamado de Deus, mas não se sentia chamado para ser pastor, nem missionário.
Ele era “apenas” um medico. Um dia, porém, ouviu um pregador afirmar que Deus
quer usar cada um de nós com os dons e talentos que possui. Imbuído desta
visão, deixou sua terra e se estabeleceu, nos idos de 1920, na então insólita
terra do Sudoeste de Goiás. É bom lembrar que nesta época, não existia nem
Goiânia, nem Brasília. Esta terra era uma terra dos rincões esquecidos do
Centro Oeste do Brasil.
No livro de Ester, Mordecai pressiona Ester a
tomar uma posição diante da iminente tragédia que viria sobre o povo judeu,
suas palavras são fortes: “Mandou
dizer-lhe: "Não pense que pelo fato de estar no palácio do rei, de todos
os judeus só você escapará, pois,
se você ficar calada nesta hora, socorro e livramento surgirão de outra parte
para os judeus, mas você e a família de seu pai morrerão. Quem sabe se não foi
para um momento como este que você chegou à posição de rainha?" Et 4.13,14
Mordecai
chama atenção de Ester para o seu chamado “secular”, que fazia parte de um
plano eterno de Deus, e ele fala deste assunto. Precisamos entender que em
qualquer área de nosso ministério, Deus vai usar o nosso currículo, aquilo que
ele mesmo nos deu, e as experiências acumuladas no decorrer da história.
Qual
é o seu currículo?
Quando
Elias se encontra com a viúva de Sarepta, ela só tinha um punhado de farinha,
mas daquele pouco que ela possuía, Deus multiplicou seus recursos,
sustentando-a, e ao profeta que com ela estava. Deus vai usar o que temos e o
que somos, para a glória dele mesmo, quando nos dispormos a colocar o que temos
a seu serviço.
Neste texto, Abrão é convocado por Deus, para
a obra que ele queria fazer. Por definição, o que Deus deseja fazer com Abrão,
não é um chamado para o sacerdócio, nem para o pastorado, mas para uma missão
que iria muito além de sua imaginação. O próprio Abrão, posteriormente, vai
trazer seus dízimos e ofertas a Melquisedeque, reconhecendo neste, a função
religiosa. Abrão não foi chamado para ser um religioso, apesar de que sua
missão, como a de qualquer outra profissão é espiritual na sua essência. Se
somos cristãos podemos exercer uma entre várias profissões, mas precisamos
entender que temos apenas uma vocação. O fim principal do homem é glorificar a
Deus e gozá-lo para sempre.
- O chamado não tem
destino definido para o homem, mas está clara na mente de Deus. “Eu te mostrarei”. Fico pensando se
não seria mais fácil se Deus tivesse dito a Abrão qual seria a terra para
onde ele seria enviado. Quando penso no chamado de Deus para minha vida,
começo a querer saber detalhes sobre a missão. Onde vou morar? Faz muito
calor nesta terra? Qual o pacote salarial? Tem plano de saúde? Quais são
os benefícios? E escola para as crianças?
Deus não dá o endereço final a Abraão, mas o
convida a seguir um roteiro que só ele mesmo conhece. Esta é a trilha da fé e
da obediência. O chamado desafia a depender da provisão e sabedoria de Deus. Não
sei o que me aguarda no futuro, mas sei quem
me espera no futuro.
- O chamado tem
sempre promessas a quem o segue – “De
ti farei uma grande nação, te abençoarei e te engrandecerei” (Gn 12.2).
Isto não significa que será uma vida sem
lutas. Na caminhada de Abraão a primeira experiência na “terra prometida”, é a fome (Gn 12.10). É uma estrada repleta de
percalços. O que nos mantém no caminho? A convicção de que quem anda por este
caminho não erra: Deus fez a promessa, e ele faz nos sustentar. Este texto nos
ensina que a responsabilidade do cuidado vem de Deus e quem faz as promessas é
fiel. Deus quer apenas usar o currículo que ele mesmo nos deu para cumprir seu
propósito na história.
- O chamado não tem
o objetivo apenas de nos abençoar, mas de abençoar outros também – “Sê tu uma benção” (12.2) .
Deus queria abençoar todas as famílias da
terra através de Abraão. Este era o plano para sua vida. Abraão estava numa
zona de conforto, e Deus o tira daquela situação confortável e o coloca numa
vocação, dando-lhe sentido e projeto para a alma. É um chamado para outros, não
apenas para nosso bem estar, para projeção pessoal, ou mesmo para ganhar
dinheiro, mas para abençoar.
- Não existe limite
de idade para a vocação: Coloque seu currículo à disposição de Deus, e inscreva-se
hoje! As vagas estão abertas!
“Tinha
abraão 75 anos”:
Não era um jovem. Para Deus, não existe vocação tardia, toda vocação vem no
tempo certo! O convite à obediência e vocação deve ser atendido na hora em que
chegar. Se Deus fala, é melhor atender e percorrer a vocação dada. Tudo o que você conquistou até hoje,
todo seu cabedal de conhecimento, tudo o que você sabe fazer, pode ser colocado
nas mãos de Deus para que ele aplique para
expansão de seu reino na terra.
- Você deve glorificar
a Deus, fazendo o que você faz. É na caminhada que tudo o que você tem e é,
transforma-se numa experiência de adoração.
Quando Abrão chega à terra prometida, a primeira
coisa que ele faz é levantar um altar. No carvalho de More, faz o seu primeiro
culto “Ali edificou Abraão um altar ao
Senhor” (Gn 12.7). Em seguida, faz outro altar, agora entre a Betel e Ai
(Gn 12.8). Ele entendia que, antes de qualquer coisa, o mais importante era seu
relacionamento com Deus. O grande chamado é para ser .
Quando Jesus escolheu seus doze apóstolos, é interessante
notar que o fez depois de passar a noite inteira orando. Mas seu chamado inicial
era “para estarem com ele”, e não para fazerem algo por ele. Só depois, lhes deu
tarefas “Jesus subiu a um monte e
chamou a si aqueles que ele quis, os quais vieram para junto ele. Escolheu doze, designando-os
como apóstolos, para que estivessem com ele, os enviasse a pregar e tivessem autoridade para
expulsar demônios. (Mc 3.13-15).
Conclusão:
Qual é o seu currículo?
O que você tem nas mãos?
Deus quer usar sua vida,
onde quer que você esteja: Na fabrica, na escola, no restaurante, nas diversas funções
e profissões que cada um de nós possui. Traga a Deus sua vida, e veja que ele pode,
através de você, “abençoar todas as famílias da terra”.
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