sexta-feira, 1 de março de 2013

Ap 1.5-20 A IDENTIDADE GLORIOSA DE JESUS





Introdução:

Ao analisarmos o livro de Apocalipse, que fala tanto da história e da meta história, um dos pontos que consideramos é como a história se desenrola. Dos capítulos 4-6 veremos isto de forma clara. Jesus é aquele que faz a hermenêutica da história, e sem Jesus não há como ler o livrinho “escrito por dentro e por fora”, onde nada pode ser adicionado, incluído ou retirado.
Mas quem está por detrás desta história é Jesus, e o livro de Apocalipse, antes de mostrar como a história se move, o livro de Apocalipse nos fala daquele que se encontra por detrás da história, a saber, o Deus Eterno e o Cordeiro de Deus. Neste primeiro capítulo, é exatamente isto que vamos encontrar.

1.            Jesus é a Fiel Testemunha –(1.5) Veio tornar visível o Plano de Deus, e trouxe à humanidade o mistério oculto em Deus e que agora se revela na encarnação de seu próprio Filho. Jesus “revelou” Deus aos homens.
Jesus veio tornar conhecido o mistério de Deus. “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito que está no seio do Pai é quem o revelou” (Jo  1.18). Jesus “revelou” a Deus. João literalmente afirma que Jesus veio “hermeneutizar”, interpretar Deus aos homens.
Jesus cumpriu fielmente sua tarefa, testemunhando o plano do Pai aos homens, assumindo o seu lugar. Por isto afirma a Filipe: “Quem vê a mim, vê o Pai”..

2.            Jesus é o soberano dos reis da terra (1.5) O livro de Apocalipse tem o propósito de mostrar quem é, na sua essência, Jesus. . Não apenas o frágil Cordeiro, mas o Rei dos Reis. Não apenas o servo sofredor, mas o Cristo glorioso. Ele voltará para reinar, todo olho o verá e todo joelho se curvará diante de sua majestade. “Eis que vem com as nuvens” (Ap 1.7). Apenas neste primeiro capítulo, Jesus é descrito quatro vezes como soberano  (Ap 1. 5,6,7,8).
A doutrina da soberania de Jesus é uma das afirmações centrais do Novo Testamento, mas nem sempre é percebida na nossa experiência diária, onde muitas vezes a experiência do mal é tão avassaladora. Muitas vezes tendemos a crer que o mal tem poder maior que Deus diante de tanta miséria. Mas a Bíblia afirma enfaticamente a Soberania de Jesus, embora nem sempre possamos ver as coisas a Ele sujeitas (Hb 2.8). O Livro de Apocalipse, em especial, afirma o Senhorio de Jesus sobre todos os poderes temporais e eternos. Ele é o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores (Ap 19.16), e Ele mesmo regerá as nações com cetro de ferro (Ap 19.15).
“O tema deste livro é a vitória de Cristo e de sua igreja sobre o dragão (Satanás) e seus ajudantes. A intenção de Apocalipse é de nos mostrar que as coisas não são como parecem”[1] Ainda não vemos todas as coisas a Ele sujeitas, mas que no final, veremos a serpente, o antigo dragão, debaixo de seus pés, e veremos a glória de nosso Senhor sendo conhecida entre todos. (Ap 19.11-16).
Às vezes ficamos preocupados com o destino da nossa história pessoal, a Bíblia, porém afirma que Deus tem o controle de todas as coisas. Ele está acima de tudo, Ele é o Rei dos reis. Jesus é descrito como “Aquele que tem as chaves da morte e do inferno” (Ap 11.18), e esta é uma declaração que nos surpreende: Seu domínio se estende até as regiões nas quais o diabo, supostamente deveria ter o domínio: O inferno. A morada eterna e final do diabo. Certa pregador parafraseando este texto afirmou que “Satanás é tão fraco que não consegue guardar nem sua própria casa”. Ao afirmar que Jesus é o Soberano dos reis da terra, isto demonstra o absoluto domínio e controle de Jesus sobre todas as coisas, até as regiões abissais do inferno, onde foi e pregou aos espíritos em prisão (1 Pe. 3.19).
“Sim, o mal existe. Ele é nosso arquiinimigo, ele vai usar todo seu poder para trazer miséria a nossa vida. Mas Satanás não é soberano. Satanás não segura as chaves da morte… Jesus segura a chave da morte. Satanás não pode retirar aquelas chaves de suas mãos. O controle de Jesus é firme. Ele segura as chaves porque ele é dono delas. Toda autoridade nos céus e na terra tem sido dada a Ele. Esta autoridade inclui toda autoridade sobre a vida e toda autoridade sobre a morte. O anjo da morte está sob seus pés e suas ordens.”·

3.            Jesus é o Redentor – “Aquele que nos ama, e pelo seu sangue nos libertou” (1.5).  Jesus é. Inúmeras vezes, chamado de “O Cordeiro de Deus”. Cordeiro é uma figura frágil, mas não em Apocalipse. Apesar de retorna em glória com o seu exercito, suas roupas estão salpicadas do sangue da sua oferenda pelos nossos pecados.
Este mesmo pensamento encontramos na teologia Paulina: “Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras” (1 Co 15.3); em Pedro: “Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados” (1 Pe 1.18), e na carta aos Hebreus “Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação” (Hb 9.28). “Nossos pecados eram obstáculos que retiravam de nós a capacidade de receber a dádiva que ele queria nos dar e por esta razão, precisavam ser removidos. Por isso, Jesus nos purificou pela sua morte”. [2]
Jesus veio nos libertar de nossos pecados. Ele nos livrou da tirania de nossa própria carne. A purificação de nossos pecados se dá pela obra de Jesus na cruz. Felizes aqueles que “lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro” (Ap 7.14). O homem não é liberto de seus pecados e culpas por penitência, sacrifícios e autoflagelação. Milhares vivem sob o peso da culpa, deprimidos, porque estão debaixo da culpa de seus pecados, e apenas o sangue de Cristo pode trazer plena absolvição.

4.            Jesus caminha no meio dos candeeiros (Ap 1.12) Candeeiros são o que chamamos popularmente de lamparinas, usadas para alumiar em regiões onde não existe eletricidade. O texto é auto explicativo ao nos informar que estes candeeiros eram as sete igrejas, o povo de Deus (Ap 1.20).
Esta era uma mensagem consoladora para aquelas igrejas que eram escorraçadas, espoliadas e fustigadas por seguirem a Cristo. Apesar de toda tribulação, inclusiva da morte de Antipas em Pérgamo, e do exílio de João, Jesus é aquele que passeia no meio do seu povo.
A Igreja estava no meio de uma complicada trama, lutas de poder e forças históricas, mas Jesus nunca deixou de andar no meio dela.

5.            Seu domínio transcende as realidades visíveis – “Ele tem a chave do inferno e da morte” (Ap 1.18). Nem os poderes do além, nem mesmo a própria residência do diabo é privativa ao domínio de Jesus. O apóstolo Pedro afirma que logo após sua morte, Jesus “foi e pregou aos espíritos em prisão” (1 Pe 1.19).
A discussão sobre o significado deste texto tem ocupado a imaginação dos teólogos na história da igreja, mas talvez a afirmação contida no credo apostólico, lance luz sobre esta questão, já que a Igreja Primitiva creio que Jesus “foi crucificado, desceu ao hades e ressuscitou ao terceiro dia”. Nunca realmente saberemos o que Jesus foi de fato fazer no inferno, mas comentaristas são unânimes em afirmar que ele foi afirmar sua soberania e demonstrar aos poderes das trevas, que ele era vencedor. Foi declarar sua vitória.
Isto mostra que o sheol, ou a hades, que o lugar dos mortos e o inferno, nada disto foge ao seu domínio. Não há qualquer espaço geoficiso ou espiritual no qual Cristo não governe!

6.            Ele voltará! “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente. Amém” (Ap 1.7)
O Comentarista Hendriksen afirma que devemos enxergar o livro de apocalipse como dividido em sete seções, cada uma delas contendo a inteira dispensação. Em todas estas seções, encontramos o anúncio do evangelho, a perseguição, batalha e o retorno triunfante da igreja e do seu Cristo.
Sua volta será apara demonstrar a autoridade e poder que lhe foi dada. Todos o verão. Será audível, visível e gloriosa, e para julgamento da história e das nações.
O que João vê no meio da igreja, é a figura do “Filho do Homem”, que foi predita por Daniel. A descrição do profeta é que “Foi-lhe dado domínio e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, não passara, e seu reino jamais terá fim” (Dn 7.13).

Conclusão:
Precisamos refletir mais seriamente sobre o caráter de Jesus. Como cristãos temos perdido a capacidade de enxergar de forma apropriada quem Jesus é e o que ele fez. No livro de Apocalipse, antes de qualquer outra abordagem, percebemos uma descrição pormenorizada de Jesus. A maior revelação que podemos ter na vida não está relacionada a eventos escatológicos em si mesmos, antes, a maior revelação que podemos ter é aquela que leva a entender quem Jesus é, o que Ele veio fazer entre nós e sua obra substitutiva, expiatória e sacrificial por nós. A primeira e grande revelação deste livro é sobre a maior e mais significativa verdade do Novo Testamento, “Que Cristo Jesus veio salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal” (1 Tm 1.15).
A visao de Jesus causa vários impactos. Primeiro sobre João (1.18); segundo sobre a igreja perseguida (1.11,12), e deve igualmente nos impactar, quando lembramos a quem servimos e adoramos.
Muitas vezes esquecemos a dimensão profunda da natureza da igreja. Jesus pagou um alto preço por ela, ele caminha no meio de seu povo e voltara para buscá-la.


[1] . Hendriksen, W., - Mas que vencedores. 1a. edição em espanhol, 1965. Pg. 2
[2] . Stott, John – The Cross of Christ, Leicester, England, 1986, pg. 64

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