Introdução:
Ao analisarmos o livro
de Apocalipse, que fala tanto da história e da meta história, um dos pontos que
consideramos é como a história se desenrola. Dos capítulos 4-6 veremos isto de
forma clara. Jesus é aquele que faz a hermenêutica da história, e sem Jesus não
há como ler o livrinho “escrito por dentro e por fora”, onde nada pode ser
adicionado, incluído ou retirado.
Mas quem está por
detrás desta história é Jesus, e o livro de Apocalipse, antes de mostrar como a
história se move, o livro de Apocalipse nos fala daquele que se encontra por
detrás da história, a saber, o Deus Eterno e o Cordeiro de Deus. Neste primeiro
capítulo, é exatamente isto que vamos encontrar.
1.
Jesus é a Fiel Testemunha –(1.5)
Veio tornar visível o Plano de Deus, e trouxe à humanidade o mistério oculto em
Deus e que agora se revela na encarnação de seu próprio Filho. Jesus “revelou”
Deus aos homens.
Jesus veio tornar
conhecido o mistério de Deus. “Ninguém
jamais viu a Deus; o Deus unigênito que está no seio do Pai é quem o revelou” (Jo
1.18). Jesus “revelou” a Deus. João
literalmente afirma que Jesus veio “hermeneutizar”,
interpretar Deus aos homens.
Jesus cumpriu
fielmente sua tarefa, testemunhando o plano do Pai aos homens, assumindo o seu
lugar. Por isto afirma a Filipe: “Quem vê
a mim, vê o Pai”..
2.
Jesus é o soberano dos reis da
terra –
(1.5) O livro de Apocalipse tem o propósito de mostrar
quem é, na sua essência, Jesus. . Não apenas o frágil Cordeiro, mas o Rei
dos Reis. Não apenas o servo sofredor, mas o Cristo glorioso. Ele
voltará para reinar, todo olho o verá e todo joelho se curvará diante de sua
majestade. “Eis que vem com as nuvens” (Ap 1.7). Apenas neste primeiro
capítulo, Jesus é descrito quatro vezes como soberano (Ap 1. 5,6,7,8).
A
doutrina da soberania de Jesus é uma das afirmações centrais do Novo Testamento,
mas nem sempre é percebida na nossa experiência diária, onde muitas vezes a
experiência do mal é tão avassaladora. Muitas vezes tendemos a crer que o mal
tem poder maior que Deus diante de tanta miséria. Mas a Bíblia afirma
enfaticamente a Soberania de Jesus, embora nem sempre possamos ver as coisas a
Ele sujeitas (Hb 2.8). O Livro de Apocalipse, em especial, afirma o
Senhorio de Jesus sobre todos os poderes temporais e eternos. Ele
é o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores (Ap 19.16), e Ele mesmo regerá as nações
com cetro de ferro (Ap 19.15).
“O tema
deste livro é a vitória de Cristo e de sua igreja sobre o dragão (Satanás) e
seus ajudantes. A intenção de Apocalipse é de nos mostrar que as coisas não são
como parecem”[1]
Ainda não vemos todas as coisas a Ele sujeitas, mas que no final, veremos a
serpente, o antigo dragão, debaixo de seus pés, e veremos a glória de nosso
Senhor sendo conhecida entre todos. (Ap 19.11-16).
Às
vezes ficamos preocupados com o destino da nossa história pessoal, a Bíblia,
porém afirma que Deus tem o controle de todas as coisas. Ele está acima de
tudo, Ele é o Rei dos reis. Jesus é descrito como “Aquele que tem as chaves
da morte e do inferno” (Ap 11.18), e esta é uma declaração que nos
surpreende: Seu domínio se estende até as regiões nas quais o diabo,
supostamente deveria ter o domínio: O inferno. A morada eterna e final do
diabo. Certa pregador parafraseando este texto afirmou que “Satanás é tão fraco
que não consegue guardar nem sua própria casa”. Ao afirmar que Jesus é o
Soberano dos reis da terra, isto demonstra o absoluto domínio e controle de
Jesus sobre todas as coisas, até as regiões abissais do inferno, onde foi e
pregou aos espíritos em prisão (1 Pe. 3.19).
“Sim, o mal existe.
Ele é nosso arquiinimigo, ele vai usar todo seu poder para trazer miséria a
nossa vida. Mas Satanás não é soberano. Satanás não segura as chaves da morte… Jesus
segura a chave da morte. Satanás não pode retirar aquelas chaves de suas mãos.
O controle de Jesus é firme. Ele segura as chaves porque ele é dono delas. Toda
autoridade nos céus e na terra tem sido dada a Ele. Esta autoridade inclui toda
autoridade sobre a vida e toda autoridade sobre a morte. O anjo da morte está
sob seus pés e suas ordens.”·
3.
Jesus é o Redentor – “Aquele que nos ama, e pelo seu
sangue nos libertou” (1.5). Jesus é. Inúmeras vezes, chamado de “O
Cordeiro de Deus”. Cordeiro é uma figura frágil, mas não em Apocalipse. Apesar
de retorna em glória com o seu exercito, suas roupas estão salpicadas do sangue
da sua oferenda pelos nossos pecados.
Este
mesmo pensamento encontramos na teologia Paulina: “Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras” (1 Co
15.3); em Pedro: “Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados” (1 Pe 1.18), e
na carta aos Hebreus “Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar
os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam
para a salvação” (Hb 9.28). “Nossos pecados eram obstáculos que retiravam de
nós a capacidade de receber a dádiva que ele queria nos dar e por esta razão,
precisavam ser removidos. Por isso, Jesus nos purificou pela sua morte”. [2]
Jesus veio nos
libertar de nossos pecados. Ele nos livrou da tirania de nossa própria carne. A
purificação de nossos pecados se dá pela obra de Jesus na cruz. Felizes aqueles
que “lavaram suas vestiduras e as
alvejaram no sangue do Cordeiro” (Ap 7.14). O homem não é liberto de seus
pecados e culpas por penitência, sacrifícios e autoflagelação. Milhares vivem
sob o peso da culpa, deprimidos, porque estão debaixo da culpa de seus pecados,
e apenas o sangue de Cristo pode trazer plena absolvição.
4.
Jesus caminha no meio dos candeeiros (Ap
1.12) – Candeeiros são o que chamamos
popularmente de lamparinas, usadas para alumiar em regiões onde não existe
eletricidade. O texto é auto explicativo ao nos informar que estes candeeiros
eram as sete igrejas, o povo de Deus (Ap 1.20).
Esta
era uma mensagem consoladora para aquelas igrejas que eram escorraçadas,
espoliadas e fustigadas por seguirem a Cristo. Apesar de toda tribulação,
inclusiva da morte de Antipas em Pérgamo, e do exílio de João, Jesus é aquele
que passeia no meio do seu povo.
A
Igreja estava no meio de uma complicada trama, lutas de poder e forças
históricas, mas Jesus nunca deixou de andar no meio dela.
5.
Seu domínio transcende as realidades
visíveis – “Ele
tem a chave do inferno e da morte” (Ap 1.18). Nem os poderes
do além, nem mesmo a própria residência do diabo é privativa ao domínio de Jesus.
O apóstolo Pedro afirma que logo após sua morte, Jesus “foi e pregou aos espíritos em prisão” (1 Pe 1.19).
A
discussão sobre o significado deste texto tem ocupado a imaginação dos teólogos
na história da igreja, mas talvez a afirmação contida no credo apostólico, lance
luz sobre esta questão, já que a Igreja Primitiva creio que Jesus “foi
crucificado, desceu ao hades e ressuscitou ao terceiro dia”. Nunca realmente
saberemos o que Jesus foi de fato fazer no inferno, mas comentaristas são unânimes
em afirmar que ele foi afirmar sua soberania e demonstrar aos poderes das
trevas, que ele era vencedor. Foi declarar sua vitória.
Isto
mostra que o sheol, ou a hades, que o lugar dos mortos e o inferno, nada disto
foge ao seu domínio. Não há qualquer espaço geoficiso ou espiritual no qual Cristo
não governe!
6.
Ele voltará! – “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até
quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente.
Amém” (Ap 1.7)
O
Comentarista Hendriksen afirma que devemos enxergar o livro de apocalipse como
dividido em sete seções, cada uma delas contendo a inteira dispensação. Em todas
estas seções, encontramos o anúncio do evangelho, a perseguição, batalha e o
retorno triunfante da igreja e do seu Cristo.
Sua
volta será apara demonstrar a autoridade e poder que lhe foi dada. Todos o verão.
Será audível, visível e gloriosa, e para julgamento da história e das nações.
O
que João vê no meio da igreja, é a figura do “Filho do Homem”, que foi predita
por Daniel. A descrição do profeta é que “Foi-lhe
dado domínio e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as
línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, não passara, e seu reino jamais
terá fim” (Dn 7.13).
Conclusão:
Precisamos refletir
mais seriamente sobre o caráter de Jesus. Como cristãos temos perdido a
capacidade de enxergar de forma apropriada quem Jesus é e o que ele fez. No
livro de Apocalipse, antes de qualquer outra abordagem, percebemos uma
descrição pormenorizada de Jesus. A maior revelação que podemos ter na vida não
está relacionada a eventos escatológicos em si mesmos, antes, a maior revelação
que podemos ter é aquela que leva a entender quem Jesus é, o que Ele veio fazer
entre nós e sua obra substitutiva, expiatória e sacrificial por nós. A primeira
e grande revelação deste livro é sobre a maior e mais significativa verdade do
Novo Testamento, “Que Cristo Jesus veio
salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal” (1 Tm 1.15).
A visao de Jesus causa
vários impactos. Primeiro sobre João (1.18); segundo sobre a igreja perseguida
(1.11,12), e deve igualmente nos impactar, quando lembramos a quem servimos e
adoramos.
Muitas vezes
esquecemos a dimensão profunda da natureza da igreja. Jesus pagou um alto preço
por ela, ele caminha no meio de seu povo e voltara para buscá-la.
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