quarta-feira, 5 de abril de 2017

Ef 4.15-16 Seguindo a verdade em amor

S

Introdução:
É muito fácil dizer a verdade sem amor.
E amar sem dizer a verdade
Este texto procura demonstrar como verdade em amor e amor em verdade, precisam andar juntas: O texto inicia com a conjunção adversativa “mas”, e isto nos dá a ideia que o pensamento dele está diretamente ligado ao texto anterior.
Paulo está falando dos dons, e da necessidade de corpo de amadurecer, deixar as coisas de menino, parar de se impressionar com todo vento de doutrina, deixar de lado meninices e infantilidades e amadurecer na fé. O alvo da vida cristã é nos fazer parecidos com Cristo.
Para isto precisamos dizer a verdade em amor e amar com a verdade.

Verdade sem amor
O que acontece quando dizemos verdades sem amor?
  1. Verdade sem amor é dura e inflexível – Não é raro encontrarmos pessoas que se vangloriam de serem sinceras, mas que são grossas,  rudes e sem educação. Em geral tais pessoas falam verdades sem considerar o momento e a forma certa, acham que falar a verdade é suficiente. O texto nos encoraja a dizer a verdade em amor;

  1. Verdade sem amor facilmente se transforma em justificativa para grosseria – Rev. Miguel Rizzo relata a estória de duas viúvas da igreja que moravam sozinhas e sentiam muita solidão. Sendo amigas decidiram alugar um dos apartamentos e morarem juntas. Antes, porém, de assumirem este compromisso uma disse: “Quero te informar que eu sou geniosa...” e a outra replicou: “Não se preocupe, eu também sou temperamental...” Depois de dois meses vivendo juntas, tiveram que separar porque ambas eram “sem educação”. Esta ilustração não é uma grande verdade?

  1. Verdade sem amor torna-se álibi para nossa arrogância: “eu sou autêntico” ou “eu sou grosso”?

  1. Verdade sem amor, gera tolice. Muitos afirmam: “Eu digo o que penso”. A Bíblia não nos ensina a dizer tudo que pensamos, mas tudo que edifica. “não saia de vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação”(Ef 4.29).
Você pode dizer a verdade desamorosamente, trazendo desarmonia e destruição, embora seja verdadeiro o que está falando. “O sábio nunca diz tudo o que pensa, mas pensa sempre tudo o que diz” (Aristóteles).
Por isto, antes de falar reflita sobre isto:
  • É verdadeiro
  • Precisa ser dito?
  • Edifica?
Amor sem verdade
Se é verdade que muitos dizem verdade sem amor, existem muitos que acham que não podem dizer porque amam. São pais que veem seus filhos indo para a morte e não os repreendem; são irmãos que temem confrontar o outro que encontra-se em pecado, deixando se perderem espiritualmente. Para considerar isto, pense no seguinte:
  1. É possível amar sem verdade?
  2. A carta de Judas fala de pessoas que se tornam “aduladores de outros por motivos interesseiros” (Jd 16)
  3. Em Pv 26.4-5 vemos um curioso paralelismo antitético: “Não responda ao insensato segundo a sua estultícia, para que não te faças semelhante a ele. Ao insensato responde segundo a sua estultícia, para que não seja ele sábio aos seus próprios olhos”. Lendo superficialmente podemos imaginar que trata-se de uma contradição bíblica, mas a verdade o texto está nos ensinando que há situações que não vale a pena dizer; e existem outras que precisamos falar.
  4. Quando se ama e a verdade é dita, tal verdade pode até doer, mas é terapêutica – “Leais são as feridas feitas pelo que ama, porem os beijos de quem odeia são enganosos” (Pv 27.6).
Objetivo do texto
Este texto tem um propósito claro: “cresçamos em tudo, naquele que é o cabeça, Cristo” (Ef 4.15b).
Como o contexto é de infantilidade dos cristãos que estavam sendo atraídos a todo vento de doutrina, podemos afirmar que devemos tratar aqueles que estão sendo conduzidos por mentira e engano, com amor, para que eles retornem ao caminho do bom senso e das verdades divinas.
Muitos não falam da “verdade do evangelho”, em nome do respeito à fé do descrente e de um suposto amor enganoso. Outros, declaram a verdade do evangelho de forma condenatória, legalista e julgando os outros que pensam  diferentemente. Neste caso, a verdade do evangelho está sendo dita de forma impiedosa e dura.
Ao falar do evangelho, não deixe de comunicar as verdades, mas fale com amor. Não deixe de dizer a verdade em nome de um amor que permite que as pessoas sejam levadas pelo seu engano a uma vida eterna sem Jesus.
Este binômio, amor + verdade, precisa andar sempre junto.

Impacto
O texto afirma que quando a verdade e amor são comunicados acontecem quatro coisas:
  1. Ajuste – “De quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxilio de toda junta...” (Ef 4.16). Já ouviram a expressão: “as peças se encaixaram?”. Isto pode ser aplicado para uma quebra de comunicação e para a montagem de um motor. Quando as peças estão desajustadas, o motor emperra e seu funcionamento fica precário. A verdade em amor ajusta o corpo de Cristo, através da repreensão, admoestação, encorajamento, fé.
  2. Consolidação – “...Bem ajustado e consolidado”  (Ef 4.16). A obra de Cristo se consolida através do auxilio de toda junta. Observe como é perfeito o corpo humano, e é exatamente esta figura que a Bíblia recorrentemente usa para ilustrar a igreja de Cristo. A obra de Deus vai se ajustando através da verdade e do amor, pessoas certas nos lugares certos, fazendo as coisas certas, pelos motivos certos.
  3. Cooperação – “...Segundo a justa cooperação de cada parte”  (Ef 4.16). Membros do corpo possuem uma unidade, não podem conspirar contra seu próprio corpo, como se pudessem ser autônomos.
Ilustração:
Uma das pessoas mais admiráveis que conheci foi o Ettore, filho de um querido casal. Ele nasceu com uma grave disfunção neurológica que afetava todo seu sistema nervoso central. Embora fosse afetivo e meigo, não conseguia andar, nem falar. O seu SNC, comprometido pela lesão congênita, comunicava mensagens de forma errônea ao seu próprio corpo, e assim Ettore sentia dor num membro, embora a doença estivesse localizada em outra área. Ele sentia dor no braço quando o membro afetado era o estômago; reclamava de dor no peito quando a infecção, na verdade, era no ouvido. Viveu cercado de amor até os 12 anos, quando seu corpo, fragilizado e descompensado, sucumbiu e ele faleceu. O corpo do Ettore estava desajustado pela sua enfermidade. 
         D. Edificação  - “...Efetua seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor” (Ef 4.16). Com ajuste, consolidação e cooperação, o corpo se edifica. Assim é a igreja de Cristo.
Conclusão:
Os dons exercitados apropriadamente no corpo, trazem maturidade espiritual, unidade na fé e identificação com Cristo. Assim deixamos de ser crianças, agirmos com imaturidade e meninice e amadurecemos a fé e a emoção para a glória de Cristo.

A verdade, dita em amor, edifica o corpo.

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