Introdução:
Estudar o livro de Atos é uma
experiência realmente sobrenatural. Na medida em que estudamos este livro,
observamos como era a dinâmica da igreja, a dinâmica das missões, o treinamento
e a estratégia dos apóstolos, como se treinava os novos membros, e como o reino
avançava. Por isto, estudar o livro de Atos é fundamental quando falamos de
plantação e revitalização de igrejas.
O capítulo 20 de Atos faz parte dos relatos da terceira viagem missionária. Podemos imaginar que algumas avaliações de outras viagens estão sendo feitas, e as estratégias adotadas nas viagens anteriores certamente estão sendo checadas para observar sua aplicabilidade e efetividade. Neste capitulo temos uma espécie de direção e planejamento. Na verdade assim é o livro de Atos de uma forma particular. Se sua igreja e ministério está precisando de um novo fôlego e de revitalização, as verdades do Evangelho deverão ser observadas no livro de Atos. Embora seus relatos sejam narrativos e não doutrinários, nos revelam princípios que, se aplicados e quando aplicados, em qualquer cultura, em todo tempo, serão positivos.
O livro de Atos é o que os americanos chamam de "Back to the basics".
O capítulo 20 de Atos faz parte dos relatos da terceira viagem missionária. Podemos imaginar que algumas avaliações de outras viagens estão sendo feitas, e as estratégias adotadas nas viagens anteriores certamente estão sendo checadas para observar sua aplicabilidade e efetividade. Neste capitulo temos uma espécie de direção e planejamento. Na verdade assim é o livro de Atos de uma forma particular. Se sua igreja e ministério está precisando de um novo fôlego e de revitalização, as verdades do Evangelho deverão ser observadas no livro de Atos. Embora seus relatos sejam narrativos e não doutrinários, nos revelam princípios que, se aplicados e quando aplicados, em qualquer cultura, em todo tempo, serão positivos.
O livro de Atos é o que os americanos chamam de "Back to the basics".
Apenas no capítulo vinte, numa
observação superficial, encontramos no mínimo, quatorze fundamentos para a obra
ministerial e a ação da igreja.
1. Discipulado intenso e contínuo – “...fortalecendo os discípulos com muitas exortações, dirigiu-se a
Grécia, onde se demorou três meses” (At 20.2,3).
Paulo já estivera na Grécia quando,
em Atenas, fez o seu famoso discurso falando do “Deus desconhecido”.
Aparentemente sua experiência na pregação, não foi muito positiva, já que
experimentou a zombaria dos filósofos da cidade. Entretanto, há um relato de
que “Alguns homens se agregaram a ele e
creram; entre eles estava Dionísio, o areopagita, uma mulher chamada Dâmaris e,
com eles, outros mais” (At 17.34).
Estudiosos de missões afirmam que
podemos afirmar que uma igreja se estabelece numa determinada cultura, quando
nativos e indígenas se convertem. Enquanto Deus não levantar pessoas que estão
culturalmente identificadas com a cultura e a língua, mesmo que haja
frequentadores, a igreja não se forma. Deus levantou em Atenas, algumas
pessoas, o suficiente para que uma comunidade cristã fosse ali estabelecida.
Agora, Paulo volta para fazer um discipulado mais intenso, já que da primeira
vez sua passagem fora muito rápida. Agora ele fica ali por três meses.
Sabemos como era o discipulado de
Paulo.
Em Éfeso, ele ficou dois anos,
onde formou uma escola, que se reunia na casa de Tirano (At 18.8-10) onde expunha
diariamente a Palavra das 11 às 16hs. Por dois anos seguidos... Cinco horas por dia,
seis dias por semana, 52 semanas por ano, seriam cerca de 3.120 horas de
discussão bíblica e como estudamos anteriormente, isto é o equivalente a 130
dias de pregação de pregação ininterrupta, 24 horas por dia. Grande quantidade
de informação, é quase um programa curricular de um Mestrado atual. Na verdade
Paulo formou um seminário em Éfeso, com treinamento teológico, pastoral e
missiológico.
Certamente as demais
igrejas da Ásia (atual Turquia), que foram plantadas em seguida: Filadélfia,
Esmirna, Tiatira, Laodicéia, etc, eram resultantes da educação teológica que aqueles
alunos receberam e agora “davam ensejo a que
todos os habitantes da Ásia ouvissem a palavra do Senhor, tanto judeus como
gregos”(AT 19.10).
Agora na Grécia, talvez
Atenas, Paulo forma um seminário intensivo. Ele fica nesta cidade por três
meses (At 20.3), solidificando a fé dos discípulos, dos novos convertidos, para
que sua fé permanecesse sólida, mas para que também avançasse às outras cidades
e regiões. Era um treinamento acadêmico e pastoral.
2. Treinamento supervisionado – “Acompanharam-no (Até a Ásia) Sópatro, de Bereia, filho de Pirro,
Aristarco e Secundo, de Tessalônica, Gaio, de Derbe, e Timóteo, bem como
Tíquico e Trófimo, da Ásia” (At 20.2,3).
Todos estes seguiam Paulo em sua
viagem. Tempo de aprendizado, de discipulado, de oração. Eles passavam o dia
inteiro com Paulo ouvindo, vendo e praticando seu estilo de ministério e
pregação. Paulo usava o método peripatético de Sócrates, de andar com seus
discípulos, mas acima de tudo, ele reproduzia o modelo de discipulado de
Cristo, que andava com seus discípulos.
Tenho pensando em como isto
poderia ser aplicado atualmente em nossas igrejas. Talvez licenciados indo para
os campos com um mentor, estágio supervisionado. Era isto que Paulo fazia. Os
discípulos não apenas recebiam uma grande quantidade de informação, mas
aplicavam isto diretamente no campo. Esta foi a razão do crescimento das
igrejas e da expansão missionária. Os discípulos eram treinados e
supervisionados.
3. Exposição prolongada da Palavra – “prolongou o discurso até à meia noite..” (At 20.2,3).
Nós sabemos o que aconteceu...
O jovem Êutico dormiu durante o
sermão e caiu do terceiro andar. O texto diz que ele “Adormeceu profundamente durante o prolongado discurso de Paulo, vencido
pelo sono, caiu do terceiro andar abaixo e foi levantado morto” (At 17.34). Bem, certamente este não é o
modelo de pregação que desejamos, nem os resultados que esperamos quando
pregamos, mas o que se torna claro é que
Paulo aproveitava estas oportunidades para dar as instruções bíblicas que
seriam seguidas pelas novas igrejas que estavam sendo formadas.
E se você acha que foi longo o
discurso até à meia noite, leia mais atentamente o texto:
“Subindo de novo, partiu o pão, e comeu, e ainda lhes falou largamente
até o romper da alva. E assim partiu” (At 20.11).
Depois do incidente com o jovem, e
de um coffee break, o sermão se
estendeu até clarear o dia. Isto nos leva a pensar que as discussões em torno
das verdades bíblicas e a pregação paulina, duraram 12 horas... foi um
verdadeiro intensivão... um corujão, como as escolas modernas gostam de afirmar.
Paulo usava todos os meios
possíveis para pregar a palavra. Ele arrazoava (At 17.2) expunha (At 17.3);
demonstrava (At 17.3); dissertava (At 19.8); persuadia (At 19.8); e discorria
(At 19.9). De alguma forma, por meio persuasórios, Paulo pregava a Palavra e
cria no seu efeito para transformar vidas.
Este era um dos pilares para
efetivação do ministério. Não há ministério forte sem conhecimento bíblico.
4. Cuidado especial com a liderança – “De Mileto, mandou a Éfeso chamar os presbíteros da igreja” (At
20.17).
Mileto ficava a uns 50kms de
Éfeso. No tempo em que esteve em Éfeso, não há registro de que ele tivesse
promovido eleições na igreja, mas a verdade é que ele assim o fez. Ele usou
aquele tempo para descobrir líderes potenciais e colocá-los na liderança da
igreja local. Se é certo observarmos que ele enviou muitos jovens para o campo
missionário para alcançar novos campos, é bom observar também que ele
fortaleceu as bases missionárias e as igrejas locais.
O convite de Paulo era
específico: Ele chamou os presbíteros. Ele poderia ter chamado toda igreja, mas
não o fez. Isto demonstra que ele queria dar uma ênfase especial na liderança,
era necessário empoderar aqueles homens. Tempo de qualidade.
Muitos ministérios falham porque
os líderes são muito mal preparados e nos descuidamos com seu treinamento e
acompanhamento. É necessário uma atenção especial àqueles que estão na
liderança porque a igreja nunca vai além de sua liderança. Se quisermos igrejas
fortes precisamos de líderes capacitados e encorajados com o ministério. O
ritmo dos líderes é o ritmo do time. Pastores desencorajados, desanimados,
deprimidos, não conseguem ter uma igreja forte e pujante. Liderança fraca
enfraquece a comunidade. Muitas vezes não temos igrejas sem potencial, mas lideres
sem potencial. Não é a igreja o problema, mas sim a liderança.
5. Consistência ministerial - “vós bem
sabeis como foi que me conduzi entre vós todo o tempo, desde o primeiro dia em
que entrei na Ásia. Servindo ao Senhor com toda a humildade, lágrimas e
provações que, pelas ciladas dos judeus me sobrevieram” (At 20.18,19).
Um dos grandes segredos da
efetividade ministerial é a consistência. Paulo afirma que a sua vida possuía consistência,
pois as pessoas podiam ver que ele era o mesmo “desde o primeiro dia em que entrei na Ásia”. As pessoas viam que
Paulo não agia de forma diferente, ele era o mesmo.
Um dos votos monásticos mais
desconhecidos é a estabilidade. Os monges não poderiam ser pessoas com emoções
instáveis. É muito difícil lidar com pessoas com constantes alterações de
humor. Ao contratar uma pessoa uma das primeiras perguntas que faço é se ela
tem bom humor. Pessoas mau humoradas não são benvindas na minha equipe pastoral.
Emoções desequilibradas desequilibram o time e a instabilidade não permite que
se saiba o que será no dia de amanhã.
6. Serviço abnegado – “Servindo ao Senhor
com toda a humildade, lágrimas e provações que, pelas ciladas dos judeus, me
sobrevieram” (At 20.19).
Paulo faz quatro declarações sobre
o serviço que ele presta:
A. Serviço ao Senhor - “Servindo ao Senhor” - O serviço de Paulo
é horizontal, já que ele está ministrando às pessoas, mas sua grande dimensão é
vertical, já que ele está “servindo ao Senhor”.
Muitas vezes transformamos nosso
ministério em algo meramente humano e perdemos a perspectiva de quem estamos
realmente servindo. Será que estamos entendendo realmente este princípio?
B. Serviço sacrificial – “com humildade”. Ao escrever a 2 Carta
aos Coríntios, Paulo afirma: “...em tudo
recomendando-nos a nós mesmos como ministros de Deus: na muita paciência, nas
aflições, nas privações, nas angústias” (2 Co 6.4).
C. Serviço árduo – “com lágrimas e provações”. Ministério
não é picnic, nem uma tarefa fácil de ser cumprida.
D. Serviço em meio a provações – “ciladas dos judeus que me sobrevieram”
Nunca me esqueci de uma
declaração feita acerca do ministério: “Só é possível servir ao ministério de
duas formas: com apatia ou com paixão”.
Paulo disponibilizou de fato sua
vida para a obra do Senhor. “Porém, em
nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha
carreira e ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho
da graça de Deus” (At 20.24). Sua vida era marcada por completa submissão,
doação e serviço.
Sua vida era dedicada ao
ministério e pregação. Não à sobrevivência pessoal, nem estava interessado na
sua auto preservação, nem no conforto e estabilidade. A fidelidade a Deus, e
não sua segurança, eram suas prioridades.
7. Estratégia diversificada – “Jamais deixando de
vos anunciar coisa alguma proveitosa e de vo-la ensinar publicamente e também
de casa em casa” (At 20.20).
Paulo fala agora de como ele
explorava as possibilidades de ser eficiente na pregação da Palavra.
A. Publicamente – “Exposição da Palavra”. (At 20.20) – Isto
pode ser percebido nitidamente na quantidade de horas empregadas para pregar e
treinar os novos convertidos.
B. Domesticamente – “De casa em casa” (At 20.20). Paulo
visitava as pessoas e se reunia em suas casas para compartilhar o evangelho em
pequenos grupos. Esta estratégia se mostrou extremamente eficaz em muitos
ambientes, na forma de cultos familiares, e ainda hoje pode ser estratégica na
formação de pequenos grupos.
C. Individualmente: “A cada um” (At 20.31). Certamente Paulo
gastou tempo com discipulado, assentando-se com pessoas diferentes, tirando
dúvidas e transmitindo as verdades do evangelho e os conceitos cristãos.
Muitas vezes a deficiência do
ministério é a insistência em usar uma única estratégia, quando deveríamos usar
todas. A inflexibilidade nos métodos pode limitar o poder de influência e
alcance da mensagem. Paulo usava todas as oportunidades.
8. Ministração a grupos heterogêneos – “testificando a
judeus e gregos”
(At 20.21). É bem mais fácil comunicar a grupos homogêneos, e pregar a diferentes
públicos exige uma maior sensibilidade, principalmente quando a mensagem
precisa ser transcultural.
Isto pode ser percebido nas
diferentes abordagens usadas por Paulo. Quando ele pregava aos judeus o ponto
de partida deveria ser as Escrituras. Em Tessalônica, “Paulo, segundo o seu costume, foi procurá-los (os judeus) e, por três
sábados, arrazoou com eles acerca das Escrituras” (At 17.2). O ponto de
partida, portanto, era o Antigo Testamento, a Lei e os profetas.
Contudo, quando Paulo foi pregar
aos habitantes de Listra, ele partiu da perspectiva religiosa daqueles homens,
e da criação, para falar do Deus que tinha todas as coisas sob seu governo (At
14.15-17). Ao se dirigir aos atenienses, sem nenhum contato com as Escrituras
judaicas, ele não citou, sequer uma vez, os textos sagrados, mas também partiu
da criação, para anunciar o Deus verdadeiro (At 17.24-25). Nestas duas
situações, ele usou a cosmovisão, a compreensão de determinadas verdades
aceitas entre estas duas diferentes culturas, para comunicar a verdade sobre o
Deus que fez todas as coisas pelo eu poder.
Como alcançar os diferentes
segmentos que temos em nossa sociedade? Pessoas de comunidades ricas e pobres?
Como adentrar condomínios ou favelas com uma mensagem que seja relevante para
estes diferentes grupos? Será que deveríamos adotar o princípio da unidade
homogênea defendido por Rick Warren, ou deveríamos tentar mesclar diferentes
grupos para dar demonstrar o poder do evangelho nesta cultura, como defende
Mark Dever?
9. Mensagem imutável – “...para
testemunhar o evangelho da graça de Deus” (At 20.24).
Observando com mais atenção este
texto de Atos 20, é possível perceber o conteúdo da pregação de Paulo. Em
nenhum momento ele prega auto-ajuda, nem teologia da prosperidade, nem mesmo
milagres e cura (apesar de ser uma característica de seu ministério, este não
era o foco de sua mensagem). Sua mensagem nunca variava, mas possuía a mesma
ênfase. Embora o alvo fossem diferentes grupos e a estratégia fosse
diversificada, o conteúdo era o mesmo, desde sempre. A metodologia, abordagem e
estratégia poderia mudar, mas não a mensagem.
O que Paulo pregava?
A. O Evangelho da graça de Deus (At
20.24). O evangelho consiste não em algo que fazemos, mas em algo que Deus fez,
por isto são boas novas, e é gratuito. O evangelho foca na obra exclusiva e
poderosa de Cristo, para tirar o perdido das trevas e dar direção.
B. O reino de Deus – “...em cujo meio passei pregando o reino”
(At 20.25). Sua mensagem tinha como centro a soberania de Deus sobre todas as
coisas.
O reino de Deus tinha se revelado
na pessoa de Cristo. O mundo estava sob o controle do Eterno. Deus, e não os
homens tem o governo da história, faz a história e é Senhor da história. A
revelação deste reino se dera visivelmente na vinda de Cristo, o Filho de Deus,
para iniciar um novo tempo através de sua morte e ressurreição.
C. Todo desígnio de Deus – “Porque jamais deixei de vos anunciar todo o
desígnio de Deus” (At 20.27).
Paulo não se esquivava de temas
controvertidos, mas queria ser fiel às verdades bíblicas e proféticas. Podemos
correr o risco de nos tornarmos interessados em apenas um tema das Escrituras e
só pregarmos sobre isto, e quando agimos assim, deixamos de demonstrar outras
verdades preciosas da Palavra de Deus. Por isto devemos pregar toda mensagem e
a mensagem toda, para fugirmos do risco de pregarmos “o evangelho dos santos
evangélicos”, como afirmou Juan Carlos Ortiz.
10. Integridade irrefutável – “De ninguém cobicei
prata, nem ouro, nem vestes” (At 20.33).
Integridade não é acessório na
vida cristã, mas sua essência. Não pode ser algo periférico, mas central.
Na escolha de líderes para sua
equipe, Bill Hybels sugere quatro elementos:
A. Caráter
B. Competência
C. Cultura
D. Química (em inglês Chemistry).
Veja como o caráter aparece em
primeiro lugar.
Obviamente não basta ter caráter
para ser aprovado. Muitos tem caráter mas são incompetentes. Muitos tem caráter
mas não possuem a cultura da instituição e não entendem a filosofia da
comunidade, muitos não possuem a química do time e por isto não é aprovado, mas
caráter deve ser o primeiro item.
O que Paulo afirma é que nunca
permitiu que qualquer motivo espúrio contaminasse sua liderança. As pessoas
sabiam como ele se conduzia entre elas, desde o primeiro dia, e ele jamais deu
ensejo para que alguém pudesse julgá-lo moralmente. Podemos ser julgados pelo
nosso estilo de liderança, pelos métodos que temos, e eventualmente desagradar
alguns pela direção que damos ao ministério, mas nunca podemos permitir que
sejamos julgados por falha de caráter. Que o Senhor nos preserve!
11. Uma compreensão clara de uma liderança saudável – “De mileto, mandou a Éfeso chamar os presbíteros da igreja” (At
20.17).
Este texto revela como Paulo
sentia necessidade de encorajar o coração e a mente dos lideres. O seu convite
para que viessem de Éfeso, cerca de 50 kms de distância para se encontrar com
ele, revela sua preocupação em estar próximo destes homens. Ele sabia que sem
uma liderança sólida, não haveria uma igreja sólida. Nenhuma igreja vai além de
sua liderança.
Três termos para liderança são
empregados neste texto:
A. Presbíteros – (At 20.17). Termo
que literalmente significa “anciãos”. A cultura oriental antiga tinha um
respeito muito grande pelos homens de idade. Atualmente a ideia de ancião tem
mais a ver com maturidade que com idade. Por isto alguns presbíteros de igrejas
atuais são muito jovens, mas já expressam grande compromisso e seriedade com a
obra de Deus.
B. Bispos – (At 20.28). Quem eram
estes bispos? Eram os presbíteros que aqui recebiam uma nomenclatura diferente.
A palavra “episcopois”(grego),
significa literalmente “supervisores”. Pessoas que cuidam de todos os detalhes
de uma comunidade ou instituição. Para
Paulo, não havia nenhuma diferença entre um grupo e outro, era apenas formas
distintas de tratar o mesmo grupo. Presbíteros precisam ter um olhar atento
sobre a comunidade, supervisionando e orientando a vida espiritual do rebanho.
A mesa ideia pode também ser
encontrada em 1 Tm 3.1: “Se alguém aspira
ao episcopado, excelente obra almeja”, e em seguida, passa a fazer a
descrição daqueles que receberiam o oficio de presbíteros. Paulo não estabelece
qualquer distinção entre uma função e outra.
C. Pastores – “Atendei por vós e por todo rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos
constituiu bispo, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o
sue próprio sangue” (At 20.28).
Os presbíteros, ou bispos, tinham
uma função clara: pastoreio.
Eles são chamados para cuidar do
rebanho de Cristo.
Isto me leva a considerar que
Calvino, pudesse ter se equivocado na interpretação da função de presbíteros,
ao dizer que alguns são regentes outros docentes. Não consigo perceber a
diferença entre as duas funções. Todos os presbíteros possuem a função de
pastorear. Creio que a interpretação errônea deste texto ensejou grandes
equívocos práticos nas igrejas reformadas modernas, quando o presbítero se vê
como alguém que administrar a igreja, já que é “regente”, e que não tem a
responsabilidade da docência e do cuidado, que caberia aos presbíteros “docentes”.
Este equivoco tem sido altamente prejudicial ao bom desempenho da obra do
Senhor.
Os presbíteros precisam cuidar do
rebanho, porque ele está sempre ameaçado:
i.
Ameaças
importadas: “Eu sei, que depois da minha
partida, entre vós penetrarão lobos vorazes que não pouparão o rebanho” (At
20.29). Há ameaças externas, reais, que usam o método da infiltração,
penetrando no meio do corpo, para trazer prejuízos espirituais. Historicamente
a igreja tem sido sempre bombardeada por falsos mestres, que se introduzem “com dissimulação...homens ímpios, que
transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único
soberano e Senhor, Jesus Cristo”(Jd 1.4).
ii.
Heresias
auto produzidas – “Dentro de vós mesmos
se levantaram homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos
atrás deles” (At 20.30).
Os ataques podem vir de fora, mas
podem brotar dentro da comunidade. A igreja de Gálatas sofreu imensamente por
um grupo legalista que em nome de um zelo religioso, estava voltando aos
fundamentos da lei, esquecendo-se da obra graciosa de Cristo Jesus, criando um
“outro evangelho”, que na verdade era o “anti-evangelho”.
12. Sensibilidade misericordiosa – “Tenho-vos mostrado
em tudo que, trabalhando assim, é mister, socorrer
os necessitados e recordar as palavras do próprio Senhor Jesus: Mais bem
aventurado é dar que receber” (At 20.35).
Ministérios relevantes são
marcados pela misericórdia. Mostre-me uma igreja relevante que não tenha
cuidado ou sensibilidade pelos que sofrem? Todas igrejas marcantes são generosas
e amorosas. É nossa obrigação cuidar dos menos favorecidos.
A igreja primitiva entendeu tão
claramente a importância disto no ministério que, nas recomendações feitas,
deixou claro isto para seus missionários. “Recomendando-nos
somente que nos lembrássemos dos pobres, o que também me esforcei por fazer” (Gl 2.10). Paulo assimilou este
princípio e está lembrando isto aos presbíteros. “É mister socorrer os necessitados”. A igreja precisa ter
sensibilidade com aqueles que são privados de recursos financeiros e vivem às
margens dos processos históricos. Paulo afirma que trabalhava para dar e
abençoar as vidas.
Quatro motivos relevantes podem
ser dados para cuidarmos dos pobres:
A. Porque a Palavra de Deus nos diz
que devemos fazer – “Mais bem aventurado é
dar, que receber”. E esta mensagem não é dada para pugilistas e lutadores
de MMA, mas para seu povo.
B.
Porque a pobreza fere a dignidade essencial da humanidade. A miséria rouba a dignidade. A
fome dói. Se não fossemos cristãos, mas apenas humano, isto já seria motivo
suficiente para fazermos isto.
C.
Porque cuidar dos pobres resgata nossa humanidade e sentido. Muitas
doenças psicossomáticas e psicológicas, seriam resolvidas na classe rica se ela
apenas parasse de olhar de forma tão egoísta para si mesmo. A sociedade moderna
está adoecendo porque perdeu a capacidade de ser humana e cuidar dos outros.
D.
Porque glorifica a Deus. Paulo afirma em 2 Co 9.11-12: “Vocês serão enriquecidos de todas as formas,
para que possam ser generosos em qualquer ocasião e, por nosso intermédio, a
sua generosidade resulte em ação de graças a Deus. O serviço ministerial que vocês
estão realizando não está apenas suprindo as necessidades do povo de Deus, mas
também transbordando em muitas expressões de gratidão a Deus. Por meio dessa prova de serviço ministerial, outros
louvarão a Deus pela obediência que acompanha a confissão que vocês fazem do
evangelho de Cristo e pela generosidade de vocês em compartilhar seus bens com
eles e com todos os outros”.
13. Liderança piedosa e temente a Deus – “Tendo dito estas coisas,
ajoelhando-se orou com todos eles” (At 20.36).
Não há ministério relevante sem
vida de piedade. A presença de Deus norteia as decisões e atitudes. Esta mesma
atitude será descrita adiante quando Paulo e um grupo de irmãos se reúnem na
praia e oram pedindo direção a graça. “ajoelhados
na praia, oramos” (At 21.5).
Uma vida de piedade transforma a
história de uma igreja, de uma cidade e de uma cultura. Tenho ficado
escandalizado com a superficialidade das nossas orações. Oramos pouco, sem
intensidade e paixão e não sabemos orar. Quais são os motivos de nossas
orações? Será que conseguimos pedir alguma coisa que não seja os motivos
pessoais de nossas agendas? Será que oramos os temas relacionados às missões e
ao reino de Deus?
Tive acesso a uma estatística que
afirmava que, em média, os pastores americanos gastavam três minutos de seu dia
em oração. Observe o detalhe: Apenas três minutos, em média. Isto significa que alguns pastores não oram nada, já que
devemos supor que alguns oram um tempo maior. Por que oramos tão pouco? Por que
não oramos mais? Será que realmente cremos na eficácia da oração?
14. Afetividade contagiante – “Então houve grande
pranto entre todos, e abraçando afetuosamente a Paulo, o beijavam” (At 20.37).
Nenhum ministério pode ser
desenvolvido sem afetividade. O que vemos aqui é um grupo de homens chorando.
Esta liderança era marcada não por inveja, porfia, disputas, mas por uma
sensibilidade profunda e amorosa.
Nossos concílios precisam passar
por um processo de enternuramento.
Muitas vezes nossas reuniões são
marcadas por rispidez, oposição, falta de compaixão, ausência de perdão. Não
são poucos os que se machucam e tombam pelo caminho. Não é possível conceber um
grupo de homens crentes, sem a marca do afeto.
Muitas vezes vemos que o critério
de escolha de um líder é marcada por uma liderança eficiente, por uma ortodoxia
clara, mas o que aconteceria se a liderança de nossas igrejas incluísse um item
adicional: Todos presbíteros, pastores e diáconos precisam ser conhecidos pela
capacidade de lidar com a afetividade, respeito, cuidado e amor?
Conclusão:
Estes componentes aqui descritos não
são exaustivos, nem abrangem todos os aspectos relacionados apenas neste
capitulo vinte de Atos. Certamente outros leitores, observando o mesmo texto
com outras lentes, encontrarão aspectos aqui negligenciados nesta análise.
Embora não exaustivos, estes são alguns
dos elementos mais visíveis de um ministério sólido. Outros elementos podem ser
adicionados, mas estes aqui descritos não podem ser ignorados nem omitidos. Todos
eles, somados, dão excelência, efetividade e trazem glória a Deus.
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