Introdução:
Não
é fácil controlar a língua. A Bíblia afirma que “a língua é fogo; é mundo de iniquidade” (Tg 3.6). Deixamos de dizer o que precisávamos
dizer; falamos o que não deveríamos dizer; afirmamos aquilo que na verdade não
cremos, ocultamos a verdade para evitar desavença, falamos meias verdades que
são mentiras inteiras, fazemos afirmações que não nos comprometem, e deixamos
de nos comprometer com a verdade e a fé.
Talvez
por ver todo este cenário de equívocos e contradições, o apóstolo João, um
velho pastor, resolveu interpelar sua comunidade sobre algumas coisas que
andavam dizendo mas que não traduziam a verdade.
Neste
pequeno texto vemos João dizendo: “Se
dissermos” três vezes (1 Jo 1.6,8,10) e mais adiante, João ainda dirá
outras três vezes: “Aquele que diz”
(1 Jo 2.4,6,9; 4.20). Certamente ele estava preocupado com aquilo que as
pessoas diziam, mas sinceramente não traduziam a verdade. Talvez não fosse uma
mentira intencional, mas ainda assim, não deixava de ser mentira.
O
apóstolo João exorta o povo de Deus a “não
dizer”, cinco coisas, sem estar realmente imbuído das verdades que deveriam
estar associadas às suas declarações:
1.
Não diga: Tenho comunhão com Deus se você
anda nas trevas. Muitas pessoas se auto enganam em relação ao seu
relacionamento com Deus. Algumas de forma defensiva, outras por causa de sua má
compreensão do que significa ter comunhão com Deus. João afirma: “Se dissermos que mantemos comunhão com ele e
andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade” (1 Jo 1.6).
O
primeiro critério apostólico para avaliar se temos comunhão com Deus tem a ver
com a nossa relação com as trevas. Muitos vivem no pecado, distanciados de
Deus, na escuridão de sua ignorância espiritual e de sua vida de pecado, mas
equivocadamente acredita estar em paz com Deus.
Deus
é luz! Jesus afirmou: “Eu sou a luz do
mundo, aquele que me segue não andará em trevas”(Jo 9.5). O critério básico
para sabermos se temos comunhão com Deus é a verdade do evangelho brilhando em
nós. “Pois todo aquele que prática o mal
aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem arguidas as suas
obras” (Jo 3.20).
Portanto,
não diga, tenho comunhão com Deus se você continua andando nas trevas e fugindo
da luz.
2.
Não diga: Não tenho pecado algum.
“Se dissermos que não temos pecado nenhum, a
nós mesmos nos enganamos e a verdade não
está em nós” (1 Jo 1.8).
Esta
é a confissão que nos livra da justiça própria, e da equivocada percepção
acerca de nós mesmos.
Certa
vez eu li este texto para um homem, e ele ficou realmente enfurecido comigo,
porque ele afirmava categoricamente que não era pecador. Naquele encontro, eu
confesso que fiquei surpreso com sua declaração, porque normalmente as pessoas
tem uma ideia, ainda que vaga, de seu estado pecaminoso. Posteriormente, porém,
me lembrei que percepção do pecado tem a ver com a obra do Espírito Santo no
coração do homem. É o Espírito quem nos convence de nosso pecado (Jo 16.8).
João
afirma que quem não reconhece sua natureza pecaminosa, está se enganando e a
verdade de Deus não encontra-se nele.
Portanto,
não diga: Não tenho pecado nenhum. Se você pensa assim, certamente está vivendo
numa situação perigosa de um falso senso de justiça própria. O problema de quem
não reconhece seu pecado é que, geralmente encontra dificuldade em pedir
desculpas e perdão, e pior ainda, não sente necessidade de salvação porque
erroneamente acredita que é bom demais para precisar de quem quer que seja,
inclusive Deus. “Se dissermos que não
temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós” (1 Jo 1.10).
Portanto,
não diga: Não tenho pecado nenhum.
3.
Não diga: Eu conheço a Deus, se você não
guarda seus mandamentos.
“Aquele que diz: Eu o conheço e não guarda os
seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade” (1 Jo 2.4).
Muitos
acreditam em Deus, mas desenvolvem uma fé particular e subjetiva. Acreditam que
a verdade se encontra nele mesmo, e não na revelação divina. Eles fazem o que
acham melhor e mais correto, e procuram viver uma vida reta, mas não se
preocupam em saber qual é a vontade de Deus, revelada nas Escrituras Sagradas,
para sua vida.
Jesus
foi muito claro sobre este assunto: “Disse,
pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na minha
palavra, sois verdadeiramente meus discípulos” (Jo 8.31). Noutro lugar
afirma: “Vós vos sois os meus amigos se
fazeis o que vos mando” (Jo 15.14). Só conhece e ama a Deus aquele que
guarda os seus mandamentos, que faz aquilo que ele ordena. Discípulo é um
seguidor, não é um livre pensador, mas alguém que segue as ordens do mestre.
Portanto,
não diga: “conheço a Deus”. Se você não guarda os seus mandamentos.
4.
Não diga: Tenho comunhão com Deus se você
não tem comunhão com seus irmãos.
“Se alguém disser: Amo a Deus e odiar a seu
irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode
amar a Deus a quem não vê” (1 Jo 4.20).
A
indiferença, o descaso, o distanciamento, podem se transformar em graves
problemas na nossa vida espiritual. “Se,
porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os
outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de toda injustiça” (1
Jo 1.7), afinal “Aquele que não ama, na
conhece a Deus, porque Deus é amor” (1 Jo 4.8).
Muitas
vezes nos distanciamos de nossos irmãos, ou somos negligentes no cuidado, no
amor e no respeito, principalmente se ele não faz parte de nosso grupo preferido,
ou da nossa roda de amizade. Não podemos negligenciar as pessoas, precisamos
estar atentas às suas necessidades. Precisamos cuidar uns dos outros, afinal Se
não amamos àqueles que vemos, como amaremos a Deus, a quem não vemos?.
Então,
não diga: Tenho comunhão com Deus se você
não tem comunhão com seus irmãos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário