terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Lc 21.1-4 Dinheiro é coisa espiritual



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Introdução:

Muitos pensam em dinheiro como algo neutro, alguma coisa “não espiritual”, mas quando lemos o evangelho, ficamos surpresos ao descobrir que Jesus falou mais de dinheiro que muitos outros temas como céu e inferno, apenas o reino de Deus foi objeto de seu discurso mais que dinheiro.

Richard Foster afirma que dinheiro tem o poder de vida e morte. Por esta razão Jesus se preocupou tanto em falar deste tema, dando ao dinheiro o nome de Mamon uma entidade, com vida e força própria.

Diante disto aprendemos algumas lições:

1.     Deus observa a forma como lidamos com o dinheiro diante dele – “Estando Jesus observando os ricos lançarem suas ofertas no gazofilácio” (Lc 21.1).

Neste texto, vemos Jesus, de forma indiscreta, ficar em frente ao gazofilácio, observando como as faziam suas doações. Imagine se um pastor fizesse o mesmo no dia de hoje, ficasse parado em frente da igreja e abrisse os envelopes de cada pessoa para observar o que estava sendo dado.

É estranho a atitude de Cristo em observar. Para a maioria da igreja parece pouco espiritual saber o quanto você dá, para Jesus isto se revestia de uma grande importância. 

Quando Deus exorta o seu povo através do profeta Malaquias, há uma interrogação pesada de Deus a Israel: “Com tais ofertas de vossas mãos, aceitaria eu a vossa oferta?” (Ml 1.6). A forma como damos interessa. Deus rejeitou a oferta de Caim, porque sua atitude diante de Deus não era positiva. “Ao passo que de Caim e de sua oferta, não se agradou o Senhor”.

2.     Para Deus não importa o quanto você dá, mas o como você dá – Muitas pessoas haviam colocado grandes quantidades de moeda no templo. Jesus observava “os ricos lançarem suas ofertas no gazofilácio” (Lc 21.1).

Para Deus importa como damos. Se o fazemos com regularidade, espontaneidade, proporcionalidade, com alegria e de coração. Recentemente ouvi uma estatística citada por Paulo Seabra que afirma que “os mais pobres proporcionalmente dão 3 vezes mais que os pobres”. É estranho pensar nisto, não acham?

3.     Para Deus não importa o quanto damos, mas quanto retemos. Não importa a quantidade, mas a proporcionalidade.

Por isto o princípio do dízimo regula esta ideia. Quem tem mais dá mais. Ao trazermos nossos dízimos e ofertas não pagamos uma taxa a uma associação, agremiação ou clube, mas trazemos parte daquilo que Deus nos tem dado.

Por que a contribuição financeira é tão importante no culto cristão?

1.    Não há culto bíblico, no Antigo e Novo Testamentos, que não implica em trazer os bens.

Uma leitura rápida dos textos bíblicos vai demonstrar isto.
O povo de Deus trazia ofertas proporcionais, que era o dízimo; trazia ofertas pelos pecados, sacrifício e holocaustos; trazia as ofertas específicas, que fazia parte de determinados momentos especiais do povo de Deus; trazia ofertas pacíficas, de adoração e louvor; trazia ofertas na consagração dos filhos, e assim por diante.

A recomendação do Antigo Testamento era clara: “ninguém aparecerá perante o Senhor com as mãos vazias” (Dt 16.16), e ‘ cada um oferecerá na proporção em que possa dar, segundo a benção, que o Senhor lhe houver concedido” (Dt 16.17).

No Novo Testamento veremos a mesma atitude: Os magos trazem suas ofertas para ofertar a Jesus; Jesus encoraja o povo a trazer seus dízimos, associados à justiça, misericórdia e o amor (Mt 23.23). O povo de Deus apresentava suas ofertas no livro de Atos; há recomendações claras nas cartas para que as pessoas ofertassem de forma regular, proporcional (1 Co 16.1,2), e com alegria.

Não há culto cristão sem ofertas de adoração, feitas com liberalidade e louvor a Deus.

2.     Contribuição expressa nossa confiança no caráter de Deus – Quando ofertamos ao Senhor afirmamos que confiamos nele para nossa provisão.

Um dos nomes sagrados dados a Deus na Bíblia é Jeová-Jireh. Deus da provisão. Quando trago meus bens a Deus e os ofereço no altar, estou expressando minha confiança em Deus, naquilo que ele é e faz. Estou dizendo que confio nele para meu sustento e que confio inteiramente na graça dele, e não na minha capacidade, inteligência, nem nas variações e humores da bolsa de valores.

Porque confiamos em sabemos que Deus é “o meu pastor e nada me faltará”, e que podemos depender dele, pois estamos certos que “o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, ha de suprir em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades” (Fp 4.19).

Aprendemos ainda na palavra de Deus que ele “pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra” (2 Co 9.8).

3.     Contribuição abençoa vidas – “Porque o serviço desta assistência não só supre a necessidade dos santos, mas também redunda em muitas graças a Deus” (1 Co 9.12).

Temos plena convicção de que o dinheiro tem sido um instrumento do diabo para ceifar vidas, dividir famílias, gerar guerras e conflitos, mas será que estamos também conscientes do seu poder para abençoar vidas?

Quantas melhorias sociais, projetos escolares, construções de hospitais, universidades, projetos agrícolas já foram construídos mundo afora com pessoas que generosamente davam parte de seus recursos para que a reino de Deus avançasse e vidas fossem tocadas.

Você pensou no seu dinheiro como um caminho para salvar vidas? Para a edificação da igreja de Cristo? Para o envio de missionários? Para projetos sociais? Você entende o poder do seu dinheiro? Certa vez uma pessoa que entregava uma boa quantidade de recursos regularmente para a igreja que eu pastoreava, subitamente deixou de trazer seus recursos. Pensando em quanto aquele dinheiro era importante para a dinâmica da igreja, cheguei à conclusão que, sem o recurso dele, deixaríamos de plantar uma nova igreja no ano seguinte...

Dinheiro tem o poder de vida e morte. Não seja ingênuo em achar que ele é neutro nos seus efeitos.

4.     Contribuição traz glória ao nome de Deus – Porque o serviço desta assistência não só supre a necessidade dos santos, mas também redunda em muitas graças a Deus(1 Co 9.12).

Esta é a razão pela qual trazemos nossos dízimos e o entregamos à igreja como ato de culto. Dízimo é uma forma de engrandecer o nome do Senhor.

Muitas vezes lemos no Antigo Testamento que as ofertas subiram a Deus como aroma de sacrifício suave. Já pensaram nesta figura de linguagem? Os profetas viam Deus como alguém que aspirava um cheiro agradável de algo que lhe era ofertado. Deus se deleita nas ofertas e sacrifícios de coração que lhe prestamos. Ele é glorificado nisto.

Na liturgia reformada, as ofertas são parte integrantes do culto público. Trazer nossas ofertas e dízimos é uma forma de glorificarmos o nome do Senhor.

Conclusão:

Qual deve ser nossa resposta a estas verdades das Escrituras Sagradas? Como devemos reagir a estes princípios que aprendemos? Colocamos em prática ou os esquecemos?

Diante disto gostaria de fazer duas recomendações em relação ao uso do seu dinheiro:

A.     Você precisa tomar uma decisão em relação ao uso do seu dinheiro no seu culto à Deus. “E nisto dou minha opinião pois a vós outros, que desde o ano passado, principiastes não só a prática, mas também o querer” (2 Co 8.10). É preciso querer.

Isto tem a ver com a vontade. Uma decisão volitiva. Precisamos “decidir” que devemos colocar nossos recursos à serviço do reino de Deus. Não podemos adiar. O reino de Deus vai acontecer sem suas doações, mas é muito bom saber que podemos ser cooperadores no avanço do evangelho.

“Deus não precisa de nada vindo de você. Então quando ele te chama para vir e servi-lo, não é para preencher uma necessidade. Ele está te oferecendo um privilégio” (Paul Washer).

B.     Você precisa praticar – “Completai, agora, a obra começada, para que, assim como revelastes prontidão no querer, assim a leveis a termo, segundo as vossas posses” (2 Co 8.11).

Viram que o texto está falando de praticar a aplicação dos recursos? “assim a leveis a termo, segundo as vossas posses”. Paulo estava preocupado em ver os irmãos daqueles dias, aprendendo a servir a Deus com suas posses e seus bens.

Muitos deixam de contribuir porque dizem que o dinheiro nunca dá. Há um princípio inerente nas Escrituras que é o seguinte: 90% do que você ganha é suficiente para suas necessidades, mas 100% não é”. Quando exercito minha fé doando parte dos meus recursos a Deus, experimento a graça de sua provisão e cuidado.

Muitas vezes tenho desafiado pessoas publicamente acerca deste assunto. Algumas vezes individualmente. Às vezes converso com pessoas que estão enfrentando grandes lutas financeiras e as desafio a serem fieis, a deixarem Deus ser responsável pela suas finanças. Nem sempre as pessoas se deixam orientar pela recomendação que dou, mas por outro lado já vi um grande número tendo vitória financeira a partir do momento que entendem o princípio da palavra de Deus que diz: “Como está escrito: Distribuiu, deu aos pobres, a sua justiça permanece para sempre” (2 Co 9.9)

Deus nos ajude!

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