Muitas controvérsias históricas giraram em torno da pessoa
do Espírito Santo e da Trindade. A
tradição teológica, tanto católica quanto protestante afirma e sustenta que o
Espirito Santo é a terceira pessoa da Trindade, não apenas uma energia
impessoal e uma força cega, mas uma personalidade.
A Bíblia fala do Espirito Santo tendo ciúmes por nós (Tg
4.5); afirma que podemos extinguir o Espirito Santo (1 Ts 5.18). o profeta
Isaáis afirma: “Mas eles foram rebeldes e contristaram o seu Espirito Santo (Is
63.10), e neste texto somos exortados a “não entristecer o Espirito”.
Força e energia não podem ter ciúmes, nem contristar ou se
entristecer. Só pessoas podem ter este tipo de sentimento.
Para termos uma boa perspectiva sobre o Espirito, a carta
aos Efesios nos dá uma boa trilha:
è
Ef 1.13: “Em quem também vós, depois que
ouvistes a Palavra da verdade, tendo nele crido, fostes selados com o Espirito
Santo da promessa”. Este texto fala da acao do Espirito nos selando, deixando
uma marca, sinal de propriedade inviolável, tanto no que se refere ao selo
real, quanto ao valor dos selos e postagens em nossos dias.
è
Ef 1.14: “O qual é o penhor da nossa
herança, em favor de sua propriedade até o resgate do dia do Senhor”. Ele
não apenas sela, mas garante o cristão. A segurança espiritual que temos em
Deus não é garantida por nos mesmos, mas pelo seu Espirito. Ele é o penhor, a garantia, a segurança.
è
Ef 4.30: “Não entristeçais o Espirito de
Deus, com o qual fostes selados para o dia da redenção”. Quando vivemos
fora de sua vontade, causamos tristeza ao seu coração. O Espirito Santo é uma
pessoa, e pode sentir tristeza e alegria, emoções relacionadas a quem possui
personalidade.
è
Ef 5.18: “E não vos embriagueis com
vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espirito”. O Espirito pode habitar em nós, mas sem
santidade, com rebeldia e desobediência, rebelamos contra ele e dele nos
esvaziamos.
Em Ef. 4.30, o texto que ora estudamos, vemos então a
afirmação: “E não entristeçais o Espirito
Santo”.
A conjunção aditiva “e” dá ideia de que o que até então
havia sido dito no texto, está inteiramente conectado com o vs. 30. Uma vida
guiada pelo Espirito Santo, que gerou em nós uma nova natureza (Ef 4.22-24),
traz alegria ao Espirito Santo. Do vs. 25-29 observamos a Palavra nos ensinando
sobre a verdade, ira, integridade e uso da palavra, para, em seguida dizer: “E
não entristeçais o Espirito de Deus”.
O que vem a seguir, é uma continuação do eixo central do vs.
30.
Mentira, ira, furto, linguagem podre
=tristeza ao Espirito Santo,
assim como:
Amargura, cólera, ira, gritaria, blasfêmias e malícia.
Isto nos leva a entender que Nossos atos podem entristecer o Espirito. Algumas atitudes podem
fazer com este Espírito que em nós habita se sinta triste.
Considere o que vem a seguir. De Ef 4.31 até 5.2.
A ira desemboca em duas direções, igualmente danosas:
Amargura e cólera.
Amargura é a ira
introjetada, aquela raiva não resolvida, sepultada viva, que deprime,
adoece, entristece a contamina outros,
Estudiosos afirmam que “a ira é um pecado de superfície”,
ela apenas aponta para algo mais profundo e não resolvido.
Em Hb 12.15, somos alertados para algo mais sutil em relação
a amargura: Sua raiz. “Não haja entre
vós, nenhuma raiz de amargura, que, brotando vos contamine, e por meio dela
muitos sejam contaminados”.
O problema no coração do homem pode ser mais profundo – sua
raiz, que pode brotar a qualquer momento e se tornar eventualmente uma frondosa
arvore. O que esta raiz pode fazer: Ela pode nos contaminar e contaminar
outros. A radiação da ira é tão devastadora quanto o Césio 137 e a usina
atômica de Chernobyl.
Cólera é uma ira
manifesta
É a ira que se projeta, saindo da pessoa, atingindo outros.
É igualmente devastadora, só que no primeiro caso, ela é voltada contra si
mesmo, no segundo, contra os outros. Em geral ela vem acompanhada de gritarias
e blasfêmias (xingatórios, acusações pesadas).
A cólera é uma das manifestações desta ira se manifesta em
forma de agressões e violência. Ela é o lado externo da ira.
Nós sabemos os seus efeitos: explosões, violência,
assassinatos.
Muitas famílias sofrem severos danos por causa da adrenalina
de um pai desequilibrado ou de uma mãe descompensada. São as gritarias
A Malicia surge no texto, como um dos
comportamentos que entristecem o Espirito Santo.
Malícia tem a ver com o mal, com as intenções do coração.
a.
Podemos ser maliciosos ao induzir determinadas
pessoas ao engano e à mentira;
b.
Podemos ser maliciosos no trato com pessoas de
outro sexo, na forma de olhar, insinuar, agir com atitudes carregadas de
sensualidade e olhares impuros.
c.
Podemos ser maliciosos na linguagem de duplo
sentido, no qual você diz algo, sem dizer. A Pessoa maliciosa quando
confrontado pode se defender dizendo que não quis dizer o que o outro entendeu,
etc.
d.
Podemos ser maliciosos no julgamento critico ou
analise que fazemos de outras pessoas.
Malicia tem a ver com o coração desalinhado, com motivos
tendenciosos e fúteis. Podemos fazer coisas aparentemente boas, mas com intenções
e motivações deliberadamente malignas.
Novo jeito de ser (Ef
4.32)
No vs 32, alguns princípios são descritos, que trazem
alegria e louvor a Deus. São eles:
a.
Benignidade – Bondade em ação. São gestos e
atitudes que refletem nosso compromisso com Deus. Num mundo auto-centrado, a
benignidade nos convida a olhar para fora de nós mesmos e estendermos as mãos
àqueles que precisam de nosso apoio e suporte;
b.
Compassividade – tem a ver com compaixão.
Diferente da dó, ou pena, que não necessariamente nos move em direção ao outro,
embora nos sintamos “tocados” pela miséria e dor. Compaixão nos tira do
conforto e comodismo e nos leva a agir em favor do necessitado e do
desemparado.
c.
Perdão – é o ato de liberarmos os outros das
falhas cometidas. Gosto da metáfora que alguém fez ao afirmar que quem perdoa,
sofre a perda, fica no prejuízo. Perdoar é ficar no prejuízo. Perdão, por sua
vez, seria o aumentativo da perda: uma grande perda!
No entanto, para aqueles que não querem perdoar porque sabem
que “estão perdendo”, vale a pena a recomendação de Dallas Willard: “Se você
não quer perdoar porque não quer perder, pense na perda que você terá em viver sem
perdoar”.
Conclusão: Nosso
modelo
Nosso modelo é Cristo: “Como
também, Deus em Cristo, vos perdoou”.
A Bíblia fala um pouco mais: “Andai em amor, como também Cristo vos amou e se entregou a si mesmo,
por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave”(Ef 5.2).
O que nos move e nos inspira à compaixão, bondade e perdão é
Cristo!
Foi assim que ele nos tratou. Nós o desprezamos, fomos
rebeldes, sem mérito algum, mas ele se sacrificou por nós, apesar de tudo isto,
e nos amou sacrificialmente.
Certa vez recebi uma pessoa precisando de ajuda em minha
casa. Ele andava pela rua, mas ainda assim o levei para tomar banho em casa,
dei comida, e depois ele começou a acusar a igreja, falar contra pastores,
mesmo sabendo que eu era um pastor, e falar contra Deus.
Em determinado momento da conversa nada amigável, eu lhe
disse: “Você sabe porque estou recebendo você em minha casa? Eu não teria
nenhum motivo para me expor, expor minha família e acolher alguém que nem sei
de onde vem ou para onde vai. Sabe porque estou fazendo isto? Por causa deste
Jesus que você acusa e deste Deus contra o qual você blasfema. Não estou
recebendo nada em troca. Só Jesus pode inspirar-me a isto.
Depois disto ele ficou mudo e pensativo...
O que nos move?
Retribuição?
Reciprocidade?
Reconhecimento?
Glória
pessoal?
Benefícios?
Não!
Jesus não se moveu em direção a nós movido por qualquer um
destes interesses.
Ele fez isto por amor.
Ele sacrificialmente se ofereceu por nós.
Como podemos, portanto, entristecer o Espirito Santo que ele
nos deu?