Zacarias é classificado pelos
estudiosos bíblicos, como um dos profetas menores, não por possuir um conteúdo
menos importante, mas por sua extensão e também por uma questão didática,. Ele
foi um profeta pós exílico, nos dias de Dario, rei dos Medos e Persas (Sec VI
a.C), tendo Ageu e Zacarias como seus contemporâneos. Enquanto Ageu se
concentra na reconstrução do templo, Zacarias traz uma mensagem para encorajar
o povo de Deus com respeito a Jerusalém e sua reconstrução, e do seu futuro a
longo prazo.
A Bíblia
de Genebra faz o seguinte comentário:
“As visões de Zacarias mesclam o
presente e o futuro como em um tecido entrelaçado, impossível de ser rasgado em
pedaços. Por essa razão, varias vezes torna-se difícil determinar que período
de tempo o autor tem em mente... essa ‘visão de telescópio’ ou compressão do
futuro próximo e distante, é uma característica comum dos escritos proféticos”.
Este texto nos fala dos humildes
começos.
Como é bom considerar isto todas
as vezes que iniciamos um novo projeto.
A Bíblia nos exorta a “não
desprezarmos os dias dos humildes começos”.
Humildes começos possuem algumas
características:
1.
Muitos dos grandes projetos da
história começaram com ideias simples e poucos recursos.
Considere, por exemplo, uma das
maiores empresas do mundo: a Apple. Dois estudantes nerds, começaram com alguns pressupostos na cabeça na área de
informática. Tudo começou na garagem de uma casa que foi transformada numa
pequena oficina. O resultado disto singelo começo é assustador. Suas ideias
transformaram o mundo. O seu alcance, influência, impacto no mundo inteiro,
transformaram o conceito do PC (Personal computer).
2.
A maioria dos grandes projetos
não surge grande.
Um conhecido ditado diz o
seguinte: “Roma não foi construída de um dia para outro”.
A reconstrução de Jerusalém seria
uma árdua tarefa para aqueles que retornaram do exilio. Zorobabel enfrentaria a
realidade de uma cidade fantasma, devastada pelos invasores e entregue aos
chacais e raposas por longos anos. Além disto, teriam que enfrentar a oposição
dos vizinhos nada simpáticos, interesses pessoais e políticos, e parcos
recursos humanos e financeiros.
A palavra de Deus exorta o povo a
“não desprezar o dia de humildes começos”.
Ninguém sabe onde pequenos sonhos podem desembocar. No dia do lançamento
alicerce do segundo templo, o povo de Judá se dividiu entre o entusiasmo da
nova geração e a comparação inevitável que a antiga geração fazia entre o
antigo templo, de Salomão, que era tão imponente, e este que agora fora
reconstruído, com tantas necessidades e carências (Ed 3.10-12). esta era a situação no início da reconstrução
do templo nos dias de Ageu. “Quem dentre
vós, que tenha sobrevivido contemplou esta casa na sua primeira glória? E como
a vedes agora? Não é ela como nada aos vossos olhos?” (Ag 2.3).
A reconstrução do segundo templo
agora começava sem o apoio de reis, sem recursos dos impostos que o palácio
coletava, mas com a iniciativa de alguns homens que queriam resgatar a glória
do Deus de Israel que naqueles tempos estava associada ao templo,
3. Qualquer projeto vale a pena, se Deus é o seu iniciador – “As mãos de Zorobabel lançaram os fundamentos desta casa, elas mesmas a
acabarão, para que saibais que o Senhor dos Exércitos é quem me enviou a vós
outros”(Zc 4.9).
Em todo projeto que começamos, a
questão não é saber se temos recursos ou não, mas se isto vem de Deus. Fazer as
coisas por força da vontade, ainda que com as melhores intenções, mas sem a
aprovação de Deus, é um completo fracasso.
Então, antes de qualquer coisa
precisamos entender: Isto é, de fato a vontade do Senhor? O problema é que a
carne e a vaidade podem facilmente se interpor em qualquer situação, mesmo
quando as coisas estão feitas, a princípio, para Deus. A índole humana é vaidosa,
carregada de soberba, e mesmo os gestos mais sagrados podem estar carregados de
uma intencionalidade nada saudável. Submeter-se a Deus é a única forma de
evitarmos estes desvios e riscos.
O início deste versículo dá a
impressão de que a competência de Zorobabel estava conseguindo realizar a obra,
mas a ênfase não é colocada no homem, mas em Deus: “...Para que saibais”. Na verdade, quando Zorobabel iniciou o projeto,
Deus lhe deu uma palavra direta. “Esta é
a palavra do Senhor a Zorobabel: Não por força, nem por violência, mas pelo meu
Espirito, diz o Senhor dos Exércitos”(Zc 4.6).
No Antigo Testamento Deus
repetidamente recomenda ao seu povo que não dependa do poderio militar que
possuía, nem dos recursos disponíveis, nem das alianças estrangeiras, mas
dependesse apenas, e tão somente, dele mesmo. “Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o
forte, na sua forca, nem o rico, nas suas riquezas; mas o que se gloriar,
glorie-se nisto; em me conhecer e saber que eu sou o Senhor e faço misericórdia,
juízo e justiça na terra, porque destas coisas me agrado, diz o Senhor” (Jr 9.23,24).
Quando o povo de Deus vai espiar
a terra, todos acharam a terra maravilhosa, mas dez deles perceberam que a
tarefa era maior que seus recursos. “também
vimos ali gigantes (os filhos de Enaque são descendentes de gigantes), e
éramos, aos nossos próprios olhos, como gafanhotos, e assim também éramos aos
seus olhos”(Nm 13.33). infelizmente os espias se concentraram na força de
seus braços, entretanto, Josué e Calebe, evocaram o poder de Deus. “A terra por meio da qual passamos a espiar é
terra de muitíssima boa. Se o Senhor se agradar de nós, então, nos fara entrar
nesta terra e no-lo dará” (Nm 14.7,8).
A questão não é o tamanho do
projeto, nem as dificuldades e oposição, a questão não é se temos recursos, mas
se temos a benção de Deus. A questão não é o tamanho do desafio, mas o tamanho
de Deus, porque “para Deus não haverá
impossível em todas as suas promessas”.
4.
Deus usa instrumentos ordinários
e incomuns para realizar sua obra
Incomum: Deus usou Ciro para apregoar
libertação ao povo de Deus e por fim ao exilio
(2 Cr 36.21-23; Ed 1.3), isto fez o povo ficar “como quem sonha”(Sl
126). Ciro era um rei pagão, que sequer conhecia a Deus (Is 45.1,4), ele não
temia a Deus, não conhecia seu nome, mas ainda assim tornou-se instrumento para
executar a vontade do Senhor.
Deus usa até mesmo uma mula para
executar seu plano.
Ordinário: Neste texto de Zacarias, Deus
usa seus servos para executar seus projetos. “As mãos de Zorobabel lançaram os fundamentos desta casa, elas mesmas a
acabarão”(Zc 4.9).
Deus usa instrumentos. Alguns
incomuns e sobrenaturais. Alguns comuns e ordinários. Deus usa reis pagãos, e
usa seus servos.
Conclusão:
Não devemos desprezar o dia de
humildes começos.
De todos os feitos aparentemente
insignificantes que se tornaram portentosos, evidentemente nenhum deles foi
mesmo significativo que o evento do Calvário. Naquela cruz, um palestino de
pele queimada, criado na pobre região de Nazaré, na esquecida geografia da
Galileia, é julgado inocente e ainda assim condenado à morte. Este poderia ser
apenas mais um evento injusto da história, mais uma atrocidade cometida
pelos poderosos.
Mas aos olhos de Deus, este
evento era centro na história da humanidade. Ali se realizava o evento da
redenção.
Nenhum evento teve dias tão
humildes como este...
O profeta Isaías profeticamente o
anunciou: “Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi
levado ao matadouro, e como ovelha muda perante seus tosquiadores, ele não
abriu a sua boca” (Is 53.7). Naquele ato, por meio de Jesus, o Senhor dos
Exércitos removeu “a iniquidade desta
terra, num só dia” (Zc 4.9). O autor da carta aos hebreus afirma: “Agora, porém, ao se cumprirem os tempos, se
manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o
pecado ... assim Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre, para tirar os
pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam
para a salvação” (Hb 10.28).
Um dia comum, se torna incomum.
Um evento ordinário, extraordinário.
Um lugar esquecido da terra, o
epicentro da redenção.
Um tempo anônimo na história
torna-se o tema de centenas de livros, teses, e de milhões de sermões.
Mas acima de tudo, naquele ato,
nossos pecados foram redimidos.
Dia de humildes começos... e
grandes impactos.
Portanto,
Nunca desprezemos os dias dos
humildes começos.
A história nos mostrará os
efeitos e impactos que atos como estes que ora vivenciamos, causarão na
história de uma cidade, e trarão glória ao Deus, que é o único digno de receber
toda glória, honra e poder.
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