1 Sm 25.17 O Mal está determinado contra sua casa!

Introdução:

Certa vez aconselhei um senhor, com mais de 50 anos, que melancólico e reflexivo, reconhecia o caos da sua casa, o desequilíbrio emocional de seu filho e de sua filha, e confessou laconicamente: “Ao fazer as coisas que fiz, não sabia a quantidade de lixo que estava trazendo para minha casa”. Ele admitiu que não tomou cuidado com sua casa, e permitiu que coisas danosas pudessem acontecer e a culpa fora sua.

A história de Nabal e Abigail nos mostra como uma casa pode correr risco. Por pouco aquela família não teve uma tragédia. Não fosse a graça de Deus e a sabedoria desta mulher, certamente algo grave teria acontecido. Este texto nos mostra como o mal pode prevalecer e como deve ser evitado. O titulo deste estudo, encontra-se no texto: “Eis que o mal está determinado contra sua casa”. O que fazer quando percebemos o mal ameaçando a casa, assumindo o controle da dinâmica familiar?

Este texto revela como os movimentos malignos podem se tornar efetivos em casa e o que podemos fazer para evitar que o mal, determinado contra nossa casa, perca sua efetividade.

Quando o mal prevalece em nossa casa?

A.     Arrogância – Nabal era arrogante. Ao ouvir o pedido, reagiu com ignorância, provocando a ira no coração de Davi. Muitos lares são dominados pela arrogância. Falta de humildade e diálogo. A comunicação e a estabilidade da casa sofrem sério risco quando as coisas são tratadas desta forma.

B.     Ingratidão – Moacir Bastos, poeta presbiteriano autor do Hino Nacional da Mocidade Presbiteriana, afirma que “gratidão é o amor contemplando o passado”. Nabal ignora o que os servos viam claramente. Como Davi fora uma benção por tantos anos (1 Sm 15.15-17).

Muitas vezes a ingratidão torna-se um entrave para a vida e a alegria da casa. São filhos ingratos, cônjuges ingratos, que nunca reconhecem os momentos de benção e de alegria vivido, não celebram e exaltam o outro, apenas murmuram e reclamam. Nenhuma gratidão.

C.     Interpretações equivocadas dos fatos -  Nabal interpreta as coisas de forma equivocada. Ele não consegue fazer a leitura correta. Sua obstinação e insensibilidade o levam a uma direção perigosa.

D.    Falta de sabedoria – O Nome Nabal significa literalmente “louco”. A Bíblia afirma que “com sabedoria se constrói a casa”, Nabal com sua loucura por pouco não a destrói.

E.     Falta de diálogo – Nabal não consulta Abigail, apesar do texto afirmar que ela era uma mulher “formosa e sensata”(1 Sm 25.3). Ouça sua mulher!

Como vencer o mal?

Abigail, com sua sabedoria, intervém e impede que o mal determinado contra sua casa se manifeste. A Bíblia afirma que “a mulher sábia edifica a sua casa, mas a insensata, com a sua própria mão, a destrói”. Que atitudes ela tomou que foram tão efetivas?

1.     Resolvendo imediatamente o conflito – “Tomou a toda pressa” (1 Sm 25.18). “apressou-se” (1 Sm 25.23). Abigail não deixa os problemas sem resolver. Sua indecisão, neste caso, poderia ser uma tragédia.

2.     Usando a estratégia da generosidade – (1 Sm 25.18). Talvez o que ela estivesse dando não fosse muita coisa para o número de homens que estava com Davi (cerca de 400), mas era muito recurso da fazenda. Sua oferta era generosa.

Ela usa dos bens da casa para resolver conflitos. Às vezes, abrir mão, perder, pode ser uma boa forma de resolver um conflito. Quando a Bíblia descreve a mulher virtuosa em Pv 31, afirma: “Abre a mão ao aflito e ainda a estende ao necessitado”. A generosidade pode ser um instrumento libertador. Abigail é sensata apesar de ter um marido louco. Ela não joga a culpa no marido mas assume o problema como se fosse seu, ela não o acusa, mas assume a culpa.

3.     Proatividade – Muitas mulheres veem o barco afundando, mas não tomam atitudes firmes.

Proatividade é o oposto da passividade, resignação. Muitas vezes perde-se tempo demais procurando o culpado. Abigail se vê como parte da solução. Em Pv 31 a mulher virtuosa é descrita empenhada nas diversas tarefas que envolvem sua casa, inclusive a de negociar.

A Bíblia diz: “Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem”. Coloque o bem em ação. Trevas dissipam com movimentos da luz. O bem tem uma enorme capacidade de dissipar o mal.

4.     Correto uso da palavra – Normalmente as mulheres são acusadas de serem tolas quanto ao uso da língua, neste caso, o tolo é claramente, Nabal.

a.     Ela apela usando apropriadamente o nome de Deus – Abigail leva Davi a interpretar os eventos na perspectiva soberana de Deus. Davi a elogia por isto (1 Sm 25.31,33);

b.     Ela apela para a reputação de Davi – (1 Sm 25.31). Ela o leva a considerar que quando se tornar rei, isto não precisaria ser uma mancha na sua história.

Ela conhece a história de Davi.

Informação é uma fonte de poder. Ela está antenada nos acontecimentos políticos de Israel. Não é uma tola mulher morando no fim do mundo com um homem louco. Ela sabia dos fatos, estava informada.

Ela cita os eventos do passado...

Ela cita os eventos proféticos ...

c.      Ela apela para o orgulho masculino – Davi era um homem vaidoso, e ao falar bem dele ela o desarma. Não é isto que afirma as Escrituras: A palavra branda desvia o furor?

Ao comentar este texto com minha esposa, fui surpreendida por seu comentário jocoso ao afirmar: “Eu detesto Abigail!”. E deu suas razões: Ela era sensata, bonita e rica...

Conclusão

Primeira aplicação:

Processos malignos facilmente penetram nos lares.

Desde o Éden vemos Satanás se infiltrando na ordem doméstica, e quando saem do Éden, o ódio e a rixa encontram-se presentes. A primeira família do mundo só tinha quatro membros e um irmão matou o outro. Família é cenário de lutas e batalhas espirituais. O mal encontra-se à porta.

Quando as crianças cantam no Departamento Infantil: “Toc, toc, toc, alguém lhe bate a porta... é o mal querendo um lugarzinho...” Isto não é balela infantil. Precisamos dizer: “Não, não, não, você não pode entrar!”

A mulher siro fenícia procura Jesus. Qual era o problema na sua casa? “Minha filha está horrivelmente endemoninhada”, de alguma forma sutil e poderosa, o diabo tinha se aninhado naquela casa, dominando por completo a vida da filha daquela mulher.

Segunda aplicação:

Mal e Bem agem por concessão

Não podemos brincar com o mal, nem abrir brechas para o maligno.

Jesus fala à sua igreja: “Eis que estou à porta e bato, se alguém ouvir a minha voz, e abrir a sua porta, entrarei, cearei com ele e ele comigo” (Ap 3.20). É necessário abrir a porta do coração para que a graça de Deus, sua misericórdia nos alcance. Por isto a palavra nos diz: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração como fizeram vossos pais”.

Por outro lado, Deus afirma a Caim: “Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se procederes mal, eis que o pecado jaz à porta. Seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo”(Gn 4.7).

Não podemos descuidar. Não dá para fazer concessões e dialogar com o diabo. Não podemos fazer concessão para o mal.

Terceira aplicação:

A grande vitória contra o mal se dá pela proteção do sangue do Cordeiro.

De acordo com a narrativa do Ex 12.23, na Páscoa, o sangue do cordeiro aplicado à porta do povo de Deus impediu a entrada do destruidor. Aquele sangue aponta para um sangue ainda mais poderoso, que foi derramado na cruz.

Este sangue poderoso do Cordeiro precisa marcar nossa casa. Precisamos colocar nossos filhos dentro da casa e colocar o sangue na porta.