sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Série: Educando Filhos no Séc XXI. Lição 3: A FAMÍLIA DO PACTO Você acredita em benção hereditária?

 


 

 

 

Introdução

 

Na Década de 80-90 um dos temas mais discutidos na Igreja Evangélica Brasileira. Liderado por Neusa Itioka, congressos e conferências eram realizados, nos quais as pessoas se submetiam a determinados rituais para quebrar as heranças familiares, tudo isto marcado por uma forte ênfase em exorcismo, até mesmo de pessoas convertidas, que supostamente ainda poderiam estar debaixo de pactos e alianças espirituais que os ancestrais haviam feito. Com o advento da era mística que veio com o Pós-Modernismo há uma forte atração pelo mágico, esotérico, místico e sobrenatural.

 

Uma coisa, porém, ninguém tem falado: A Benção hereditária.

 

Para aqueles interessados sobre o assunto de maldição hereditária, gostaria de afirmar que creio em maldição hereditária por algumas razões:

 

A.    Porque a Bíblia fala sobre este tema

 

“...Eu sou o Senhor, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem.” (Ex 20.5) Não podemos ignorar os efeitos e impacto de lares que fazem pacto com as trevas e consagram seus filhos às entidades, demônios e espíritos malignos.

 

B.     Porque sem a redenção lares são escravizados e dominados pelo diabo

 

Porque o marido incrédulo é santificado no convívio da esposa, e a esposa incrédula é santificada no convívio do marido crente. Doutra sorte, os vossos filhos seriam impuros; porém, agora, são santos.” (1 Co 7.14) A obra de Cristo redime, resgata, purifica e santifica.

 

C.    Porque sem o sacrifício de Cristo estamos debaixo da ira

 

Entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais.” (Ef 2.3). A expressão “por natureza”, significa que isto faz parte inerente da humanidade caída. Estamos debaixo da ira, do julgamento e da condenação eterna, sem que a graça de Deus nos alcance.

 

D.    Porque sem a substituição expiatória de Cristo éramos malditos

 

“Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro).”
(Gl 3.13). A Lei de Deus, que foi dado para vida, se transformou em morte, porque nenhum ser humano foi capaz de cumpri-la.

 

“E o mandamento que me fora para vida, verifiquei que este mesmo se me tornou para morte. Porque o pecado, prevalecendo-se do mandamento, pelo mesmo mandamento, me enganou e me matou.” (Rm 7.10,11)

 

Gostaria, contudo, deixar claro que não posso concordar em maldição hereditária para crentes. Para estes, a Bíblia fala de outra realidade maravilhosa: A Benção Hereditária!

 

A.    Benção e maldição são termos jurídicos. Para que eles aconteçam é necessário que haja uma sentença. Nm 23.20,23; Ml 2.2

 

B.     Jesus desfez na cruz, toda maldição – Gal 3.13; Col 3.13

 

C.    A obra de Jesus produz um novo ser, espiritualmente transformado. Jo 3.3,5; Rm 8.1-3; 2 Co 5.17.

 

D.    A obra de Cristo é plena e absoluta. Não há nada mais a ser feito, nem sacrifício, nem ritual. Descrer disto é duvidar da eficácia do sangue e minimizar a sua obra.

 

Estes equívocos sobre benção e maldição, normalmente surgem pelo desconhecimento de uma outra doutrina maravilhosa nas escrituras sagradas que é conhecida como a doutrina do Pacto. Deus promete bênçãos para aqueles que crêem e para seus descendentes.

 

1.     Deus nos chamou para um Pacto Representativo.

 

q  A natureza do chamado de Abraão envolve sua família - Gn 17.9-14

 

q  As bênçãos prometidas ao povo escolhido são estendidas às próximas gerações – Is 44.3; 54.13; 59.21; 61.4, 9; 65.23.

q  As promessas do Antigo e do Novo Testamento incluem as gerações: “Para vós e vossos filhos”.

 

2.     Pensando na perspectiva pactual

 

q  Pensar na educação não com soluções apenas comportamentais, em direção ao plano de Deus para sua família. Como Deus a vê? Sua família é chamada para uma aliança e seus filhos estão debaixo desta maravilhosa e bendita promessa.

 

q  Pensar mais na família do ponto de vista teológico que psicológico. Não podemos desligar o comportamento da fé.

 

q  Pensar e viver o ambiente familiar na dimensão do pacto.

 

3.     Valorizar o aspecto representativo e corporativo da fé e não apenas a dimensão individual

 

q  A Representatividade Adâmica - RM 5.12

 

q  A Representatividade Messiânica – Rm 5.17

 

q  O chamado Pactual – “serás salvo tu e tua casa”  (At 16.31).

 

Características do Pacto

Susan Hunt[1] descreve algumas destas características:

 

1)     Relacional – Deus é pessoal e se liga a nós em fidelidade pactual

 

2)     Iniciado soberanamente – Não merecemos nada, a base é a graça e a iniciativa amorosa de Deus

 

3)     Trinitário – A Trindade se faz modelo de comunidade. Vivendo em harmonia.

 

4)     Corporativo – A salvação é pessoal, mas Deus não nos trata apenas como indivíduo. Ele vê nossa família na dimensão pactual. Somos uma comunidade marcada pela aliança. Ex 19.3-16

 

5)     Generacional – Ligado a gerações. Uma geração contará a outra geração este pacto feito com Deus (SL 78.1-8; 145.3). Esta ordem é familiar e abrangente. Gn 12.1,2; 17.3-7).

 

6)     O pacto tinha um sinal – Gn 17.11-14. No Antigo Testamento o sinal era no órgão sexual masculino, e isto certamente possui uma grande simbologia porque está ligado à procriação. As gerações seriam consagradas a Deus. Pertenciam à comunidade da aliança (Rm 11.16). Os apóstolos continuam a afirmar a importância da família (At 16.31).

 

“Aos olhos de Deus, os pais são representantes autorizados dos filhos, agem por eles, contraem obrigações em nome deles. Onde os pais entram num pacto com Deus, eles levam consigo seus filhos...Se um homem se unisse à comunidade de Israel, assegurava para seus filhos os benefícios deste pacto, a não ser que eles, voluntariamente os renunciassem. E assim, quando um crente adota o pacto da graça, ele traz seus filhos para dentro dessa aliança, no sentido que Deus lhes promete dar, no tempo determinado por ele, todos os benefícios da redenção, se eles não renunciarem voluntariamente ao comprometimento batismal”.[2]

 

O propósito do Pacto

 

O entendimento do pacto dá unidade, integra e harmoniza. Precisamos falar do pacto que fizemos com Deus aos nossos filhos. Conte-lhes sobre a graça de Deus em sua vida. Diga-lhes que não pertencemos a este mundo, mas à família pactual de Deus. Nossos filhos precisam entender que são herdeiros da promessa e que devem viver na esfera do pacto.

 

“O pacto gracioso e terno de Deus com sua igreja dá aos pais crentes uma promessa de bênçãos espirituais e salvadoras para seus filhos. A promessa é que ele será Deus – para eles e para a semente deles. É de suma e eterna importância que os pais se apeguem a esta promessa pela fé, e procurem no Senhor as bênçãos que ela traz para seus filhos”[3].

 

Conclusão

 

Como pensar em maldição se estamos sob o Pacto da Graça?

 

Ø  Filhos são herança de Deus (Sl 127.30). Não foram dados para a calamidade, mas para a salvação (Is 65.23).

 

Ø  Precisamos decidir a quem queremos que nossa família sirva – (Js 24.15).

 

Ø  Precisamos representativamente consagrar nossos filhos – (Jó 1.5)

 

Ø  Nossa casa deve ser cheia de Deus e de graça (Mt 12.43-45). Família do Pacto é cheia de Deus, nela existe benção, não maldição.

 

Ø  O pacto nos faz lembrar que mais importante do que o que fazemos é o que Deus havia fez por nos. Família é uma questão teológica. Por esta causa, os filhos jamais devem ser oferecidos a outros deuses (Lv 20.2-5).

 

Ø  os pais de Jesus, Maria e José, trouxeram seu filho ao templo. Qual era o objetivo? Lucas 2.21-23

 

§  Ao oitavo dia circuncidaram Jesus (Lc 2.21). Por reconhecerem que ele estava debaixo de um pacto generacional, Pertencia ao povo de Deus.

 

§  Após a purificação, levaram-no a Jerusalém, porque era ordem de Deus – “Segundo a lei de Moisés.” (Lc 2.22) Cumprindo desta forma todo ritual da Lei

 

§  Trouxeram ofertas ao Senhor, “segundo o que está escrito” (2.24).

 

Falamos da família do pacto, mas antes de concluir, deixe-me ser o mais direto possível: Não há possibilidade de ser uma família que vive debaixo do pacto de Deus, sem que os pais venham para esta abençoada condição, de estarem fazendo alianças com Deus. O texto de At 16 31 diz: “Crê no senhor Jesus, e serás salvo, tu e tua casa”. A salvação em sua casa começa em nós como pais. Nossa aliança com Deus, vai refletir-se na vida de nossos filhos.



[1] Hunt. Susan – A graça que vem do lar, Casa de Cultura Cristã, São Paulo, 2002, pgs 27-29

[2] Hodge, Charles – Systematic Theology, Vol 3, Grand Rapids, MI, Eerdmans, 1991, pg 555

[3] Whitefield, George. Org The Godly family, essays on the duties of parent and children. Morgan, Penn, Soli Deo Glory Publications, 1993, pg 91

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