sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Série: Educando Filhos no Sec XXI. Licao 4: Pastoreando o coração da criança





 

 

 

 

Introdução

 

Muitos pais cristãos educam seus filhos usando as técnicas psicológicas e métodos humanistas mais recentes, aplicados à área de educação. Na maioria das vezes, ignora-se completamente a perspectiva do Evangelho, no qual, o coração é que determina o comportamento.

 

A raiz do problema

q  O ponto central é o coração, “porque dele procedem todas as fontes da vida.” (Pv 14.23) Uma tradução mais recente afirma: “porque a vida flui do coração”. Afinal, “de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios” (Mc 6.21-23).

 

q  Criar filhos, não é apenas prover bons estímulos e influências formativas, mas direcioná-los a Deus. Nossos filhos só podem encontrar realização quando se voltam para Deus.

 

q  O alvo da criação de filhos não é domesticação para nossa conveniência e conforto pessoais. Não é para “nos agradar” e muito menos “agradar os outros”, mas para “agradar a Deus”. Crianças são pecadoras e a rebeldia reflete um desvio de Deus.

 

O ponto central deve ser o pastoreio do coração de nossos filhos.

 

“Nossa ideia de criar os filhos não inclui o pastorear. Nossa cultura vê o pai ou mãe como um adulto provedor de cuidados. A qualidade de tempo é vista como diversão em conjunto. Divertirem-se juntos não é uma má idéia, mas está a anos-luz de direcionar seu filho nos caminhos de Deus”.[1]

 

Isto inclui:

1.     Ajudá-los a entender o pacto da família – Eles pertencem ao povo eleito de Deus, e foram incluídos neste pacto pelas promessas dadas aos pais (Gn 17.9-10; 18.19; 28;14). Quando o filho entende isto, ele percebe o amor de Deus na sua vida.

 

2.     Ensiná-los o padrão de Deus – Como filhos do pacto, somos chamados por Deus a vivermos um estilo de vida que lhe agrade.

 

3.     Mostrar suas limitações como pecadores. Isto os ajuda a entender limites, reconhecer a graça e assimilar o Evangelho.

 

4.     Demonstrar a infinita misericórdia e graça de Deus: isto os leva a perceber que, mesmo quando caírem, existe aceitação e acolhimento da parte de Deus.

 

Objetivos da Educação

Tedd Tripp classifica os objetivos em bíblicos e não bíblicos.[2]

 

Objetivos não bíblicos

 

Todos os métodos abaixo são aceitáveis e interessantes, mas deixam de focalizar na essência do Evangelho.

 

A.    Sucesso e realização pessoal – Prêmios acadêmicos, reconhecimento público, projeção social, etc. Estes são alvos que geralmente buscamos para nossos filhos, mas ao observamos mais cuidadosamente veremos que todos estes motivos são voltados à glorificação do Eu.

 

B.    Habilidades Pessoais – Cursos, aulas especiais, música, etc. Qual é a motivação por detrás desta necessidade familiar?

 

C.    Ajustes psicológicos – Pais frágeis emocionalmente buscam métodos para construir a auto-imagem nos filhos (nenhum destes cursos ensina como estimar os outros).

 

D.    Crianças bem-comportadas – Controle de comportamento para que agradem outras pessoas. Para que isto seja conquistado vale até suborno e contrato, nos quais se estabelecem cláusulas. Se a direção do método é a recompensa, o coração é treinado apenas para buscar recompensa.

 

Neste caso, os filhos aprendem a manipular sutilmente os pais, mas o coração deles não é tocado. Em alguns casos podem se tornar manipuladores sórdidos, construindo um comportamento de fariseu, de bons religiosos. Usa-se a técnica behaviorista, com reforço negativo e positivo. A base é a cobiça, e não transforma o coração. Quando vamos para o evangelho, contudo, aprendemos que o que importa não é o que os outros pensam de nós, mas o que Deus pensa a nosso respeito (1 Co 10.31).

 

E.     Para serem salvos – Neste caso, parece que o único alvo é que eles se livrem do inferno, mas nossos filhos deveriam ser levados a confiar em Deus não apenas para fugir do inferno, mas para o dia a dia. Para lidarem com suas emoções, iras, magoas e perdas, aprendendo que arrependimento e fé são caminhos de Deus.

 

Objetivos Bíblicos

 

Quando olhamos mais atentamente as Escrituras conseguimos perceber onde encontra-se o foco da vida cristã.

 

A.    Livrar os filhos da influência pagã – O primeiro momento tenso que aconteceu entre as tribos de Israel, se deu quando a tribo de Ruben, Gade e meia tribo de Manassés decidiram não atravessar o Rio Jordão e ficar com as terras férteis daquém de Canaã. Depois de terem explicado seus motivos e apaziguado os ânimos, outro problema surgiu: Eles construíram um altar grande e vistoso junto ao Jordão (Js 22.10), e mais uma vez as controvérsias retornaram. Estariam estas tribos abandonando o Deus de Israel e adorando outros deuses?

 

A resposta deles, porém, foi de grande significado. “Amanhã, vossos filhos talvez digam a nossos filhos: Que tendes vós com o Senhor, Deus de Israel?” (Js 22.24) “Pelo que dissemos: prepararemos, edifiquemos um altar, não para holocaustos, nem para sacrifício, mas para que entre nós e vós e entre as nossas gerações depois de nós, nos seja por testemunho e possam servir ao Senhor diante dele com nossos holocaustos e as nossas ofertas pacificas; e para que vossos filhos não digam amanhã a nossos filhos: Não tendes parte no Senhor.” (Js 22.27)

 

Eles estavam preocupados com o distanciamento de seus filhos do Deus de Israel, e com a influência pagã que eles poderiam receber. Eles não queriam que seus filhos se distanciassem do Deus verdadeiro.

 

Precisamos ajudar nossos filhos a se livrarem da influência pagã, tão forte e tão presente nas escolas, na mídia, nos seus relacionamentos. Como podemos ajudá-los neste processo de estarem mais próximos de Deus?

 

B.    Gerar conceitos do Evangelho em seus corações – Relacionar suas atitudes a Deus. Normalmente nossa preocupação é meramente social.

 

Como podemos trazer o evangelho para o coração de nossos filhos? Ajudando-nos a não serem meramente religiosos, mas muito mais, pessoas que amam a Deus e sua obra, que estão ansiosos para investir seu tempo, energia, recursos, para a implantação do reino de Deus na terra?

 

C.    Direcionar não apenas o comportamento dos filhos, mas as atitudes do coração. Não estamos interessados em termos filhos domesticados, mas filhos que descubram a graça de Deus em suas vidas, apesar de serem pecadores e falhos.

 

D.    Internalizar o Evangelho - Mostrar não apenas “o que”, mas também o “como” e o “porque” das nossas atitudes. Não focalizar apenas o exterior, mas também o interior. Quando isto não acontece, eles se tornam bons fariseus.

 

E.     Pastorear o coração dos filhos – Somos seus mentores espirituais, guias e sacerdotes dos nossos lares. Em Pv 20.7, lemos: “Uns confiam em carros, outros em cavalos; nós, porém, nos gloriaremos em o nome do Senhor, nosso Deus.”

 

Tripp[3] afirma que, no pastoreio deve haver:

 

            Encorajamento – As crianças precisam ser encorajadas. “Pais, não irriteis vossos filhos, para que não fiquem desanimados.” (Col 3.21).

 

A atitude pecaminosa dos pais, marcada muitas vezes pela contradição e injustiça, pelo legalismo e moralismo, pode trazer desanimo ao coracao dos filhos. Muita depressão e ansiedade percebida nesta geração tem a ver com a incapacidade dos pais de gerar encorajamento.

 

Filhos fracassam, sofrem comparações, se desapontam. Pais podem ajudá-los a encontrar coragem, esperança e inspiração em Deus.

 

            Correção – A correção é para colocar o que foi quebrado no lugar. “Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejais também tentado.” (Gal 6.1). Esta deve ser a mesma atitude em relação aos filhos. Ajudá-los a repararem seus erros, com confissão, arrependimento, perdão. Isto os ajuda a entenderem o padrão de Deus.

 

            Repreensão – Envolve confrontação e gera constrangimento. Pai tem a função de cuidar dos filhos, e, se necessário, aborrecê-los.

 

            Apelo – Quando os exortamos a fugirem do mal, a resistirem as ofertas do diabo e às propostas tentadoras: “Filho meu, dá-me o teu coração.” (Pv 23.26).

 

            Instrução – Acerca de si mesmo, do mundo, da vida. Filhos têm necessidade de entender o mundo espiritual e os princípios do reino de Deus. Precisam de referencial ético e espiritual (Sl 119.104;105)

 

            Oração – Entender o que oram e porque oram é sempre uma janela para suas almas.

 

Conclusão

 

Educação é mais que treinamento para a vida, é o desejo de vermos nossos filhos sendo transformados pelo poder do Evangelho.

 

O alvo de toda educação centrada no Evangelho deve ser a transformação do coração da criança. Não se trata apenas de treinarmos, disciplinarmos, darmos orientação. Precisamos cuidar dos seus corações e levá-los a compreender a necessidade de arrependimento e do perdão que vem de Deus. Este é o alvo da educação cristã.


Para ouvir a mensagem:

https://www.youtube.com/watch?v=USbuRSNp9Bg&list=PLR9PRkKupu-i8T0yZDtn1G3ESS8lvCvAq&index=4


 

 

 

Ministério de Educação

Igreja Presbiteriana de Anápolis

Rev Samuel Vieira, Jan 2005

Samuelipca@hotmail.com



[1] Tripp, Tedd – Pastoreando o coração da criança, São Paulo, Fiel, 2002, pg 47.

[2] Idem, pg 55-64

[3] . Tripp, Tedd – idem, pg 101-104

Nenhum comentário:

Postar um comentário