Introdução:
Muitas pessoas tratam superficialmente a questão da evangelização, ora condenando e mandando para o inferno aqueles que não creem, ora acreditando que evangelização é uma espécie de adesismo ou proselitismo, e quando alguém se torna membro de uma igreja local, num passo de mágica se torna cristão e já foi evangelizada. Outras ainda não sabem sequer o que é evangelismo, e confundem evangelização com “cristianização”, sem se importar com o conteúdo de fé.
Então, sempre que possível, ao falar de evangelização, precisamos entender o que o evangelho não é:
· Uma coletânea sobre Cristo
· Um conjunto de leis cristãs
· Um sistema de princípios altruístas
· Um conjunto de normas sociais
O tripé da Evangelização
“Para ser fiel às Escrituras, a evangelização precisa estar alicerçada nos três elementos fundamentais da cosmovisão cristã: Criação, Queda e Redenção. Omitir ou menosprezar qualquer um desses aspectos resultará em uma evangelização “manca”. Ou seja, oferecer salvação sem explicar o pecado, por exemplo, é inútil, porque só precisa ser salvo (Redenção) quem está condenado (Queda). Assim, o tripé Criação-Queda-Redenção precisa estar equilibrado na evangelização.” (Eron Franciulli C. Júnior).
Então, como podemos evangelizar baseado nesta cosmovisão cristã?
1. Um correto conceito de Criação. Nancy Pearcey afirma que “…a mensagem cristã não começa com ‘aceite a Jesus como Salvador’, mas com ‘No princípio, criou Deus os céus e a terra’”. Ou seja, a mensagem do evangelho começa com a Criação.
Quando compreendemos o projeto de Deus ao criar todas as coisas de forma perfeita e harmônica, observamos que sua glória está presente nas coisas criadas. Os céus proclamam a glória de Deus (Sl 19.1), e os atributos de Deus assim como a sua divindade podem ser facilmente perceptíveis por meio das coisas por ele criadas (Rm 1.20). Quando entendemos a criação e olhamos para o universo com sua perfeição e glória, com toda sua beleza e justiça, temos obviamente que levantar uma pergunta. O que aconteceu à raça humana? O que há de errado com o mundo?
A compreensão da criação nos ajuda a comunicar o evangelho de forma mais profunda, porque nos ajuda a entender o segundo ponto central da cosmovisão cristã: A Queda.
2. Queda: Um correto conceito da realidade. Quando olhamos realisticamente a caótica situação da humanidade, vemos a maldade presente, a inveja e a cobiça dominando, a violência, a exploração, e entendemos que alguma coisa foi gravemente afetada. O que aconteceu com a criação?
Para a cosmovisão cristã, o problema central do mundo encontra-se na rebeldia deliberada do homem contra o seu criador. O mal adentrou a ética, afetou a espiritualidade, desestruturou a natureza e atingiu frontalmente os relacionamentos pessoais. A Bíblia chama isto de pecado. Toda a natureza foi corrompida e traz em si os efeitos deletérios de sua decisão de viver uma vida separada de Deus. Como resolver o problema do mundo? Isto aponta para o terceiro aspecto central da cosmovisão cristã: A Redenção.
3. Redenção: Um correta compreensão da graça Os homens acreditam que uma sociedade mais educada, com melhor acesso à ciência e a tecnologia, porá fim ao desastre da raça humana, marcada por guerras, conflitos e traição. Entretanto, é bom lembrar que as grandes guerras mundiais não foram tribais, de povos iletrados perdidos num recanto qualquer de uma África subsaariana (que também é marcada por violência e desumanização), mas explodiu no contexto da Europa sofisticada e moderna.
Na Redenção, o cristianismo bíblico nos mostra que a solução para o caos e a desarmonia do mundo encontra-se no Deus de Israel, em Jesus Cristo, e que apenas ele conseguiu cumprir perfeitamente a lei de Deus, satisfazendo a ira santa e justa de Deus, pagando a dívida dos nossos pecados, por meio do seu sangue. Portanto, todos aqueles que entendem que são pecadores, condenados diante de um Deus santo, sentem a necessidade de se arrepender de seus pecados e colocar sua esperança na obra de Cristo, e apenas na obra de Cristo, para sua salvação.
Este é o tripé da evangelização e a base da teologia do evangelismo. Ao evangelizar, carregamos certos pressupostos teológicos que influenciam o conteúdo e a forma do que proclamamos.
Quatro pressupostos essenciais:
1. A inspiração, autoridade, suficiência e inerrância das Escrituras
Cremos que toda a Bíblia, e não apenas parte dele, é inspirada por Deus ((2 Tm 3.16; 2 Pe 1.20-21). Sem as verdades do evangelho ainda continuamos achando que o cristianismo, enquanto religião, é apenas mais uma entre as milhares de interpretações encontradas por diferentes matizes religiosas. O que sabemos de Deus e do evangelho é aquilo que ele mesmo quer revelar sobre si mesmo, e toda sua revelação se encontra nas Escrituras Sagradas.
Jamais pregaremos com ousadia e intrepidez a Palavra de Deus se não entendermos que ela é autoritativa. Única regra de fé e prática e suficiente para nos trazer a completa compreensão do plano de Deus para a humanidade. Nós cremos que a Palavra de Deus é viva e eficaz, e por isto tem um impacto transformador na vida do pecador.
B. A Universalidade do Pecado e a total depravação humana:
A Bíblia afirma que todos somos pecadores e que não há sequer um justo diante de Deus. Afirma ainda que todos nos extraviamos e que por isto se encontram “destituídos da glória de Deus”(Rm 3.23). Desde a queda o homem encontra-se espiritualmente incapaz de responder a Deus, a não ser que o Espírito Santo o regenere, pois toda sua natureza encontra-se dominada pelo pecado, e é escrava do pecado. Toda sua vontade, sua mente e moral foram corrompidas. Sem a obra do Espírito Santo aplicando a salvação realizada por meio de Cristo na cruz, estamos inteira e eternamente condenados à morte, afastados de Deus.
C. A Suficiência e eficácia da obra de Cristo:
Outro pilar da evangelização é a obra de Cristo. Ele morreu uma única vez, para nos purificar de nossos pecados e restaurar a nossa condição diante do Pai celeste. Sem a obra de Cristo estamos eternamente perdidos. Só entende o evangelho quem entende sua condição de condenado, e ao mesmo tempo, paradoxalmente, compreende sua condição de redimido e restaurado. O pecado suscita a pior compreensão de quem somos, e a graça evidencia a grandeza e misericórdia de quem Deus é. Precisamos compreender nossa impotência humana, e em contrapartida, a maravilhosa graça de Deus. Sem estas duas compreensões, não há verdadeira evangelização.
D. A irresistível e maravilhosa graça de Deus
Considerando nossa condição de pessoas mortas espiritualmente, jamais seriamos libertos desta condição sem a graça de Deus. Esta graça é unilateral. Se alguém não nascer de novo não pode ver o reino de Deus (Jo 3.3), nem entrar no reino de Deus (Jo 3.5), mas ninguém pode nascer de novo sem que o Espírito Santo o tire da morbidez espiritual e da condição de incapacidade moral e espiritual de responder a Deus, sem que ele o livre de sua cegueira espiritual e da escravidão de sua vontade e mente.
Quando os homens respondem a Deus, eles o fazem, por causa da imensa, maravilhosa, irresistível e transformadora graça. Ao comunicarmos o evangelho, devemos ter sempre em mente aquilo que Deus disse a Paulo: “Fale e não te cales, porque tenho muito povo nesta cidade”. Há muitos eleitos por Deus, que, ao ouvirem o evangelho, são iluminados pelo Espírito Santo e respondem ao chamado de Deus.
Evangelismo Explosivo
Na década de 1970, D. James Kennedy, um pastor presbiteriano de uma então pequena igreja em Fort Lauderdale, implantou um sistema de evangelização na sua igreja local, que transformou a história, não só de sua igreja que cresceu de forma exponencial, mas de milhares de outros ministérios ao redor do mundo.
O conteúdo do Evangelismo Explosivo, consiste de cinco princípios iniciando com duas “Perguntas de Diagnóstico” e encerrando com Decisão/Compromisso, Esclarecimento do Compromisso, Oração de Compromisso e Confirmação do Compromisso.
Perguntas de Diagnóstico:
a) Se você morresse hoje teria certeza que estaria com Deus no céu?
b) Se Deus lhe perguntasse: "Por que deveria eu permitir que você entre no meu céu?" O que você responderia?
Cinco princípios teológicos:
1. GRAÇA
a) A Vida Eterna é um PRESENTE (Rm 6. 23).
b) Não é COMPRADA por obras, nem MERECIDA (Ef 2. 8, 9).
c) Ilustração do Presente de um amigo.
2. HOMEM
a) O Homem é PECADOR (Rm 3.23).
b) O que é pecado? Tudo aquilo que não agrada a Deus
c) Ilustração do número de pecados
d) Ele não pode SALVAR a si mesmo (Mt 5.48).
e) Ilustração da omelete (Tg 2.10)
3. DEUS
a) Deus é MISERICORDIOSO e portanto não quer nos punir (1 Jo 4.8b).
b) Deus é JUSTO e portanto precisa punir os nossos pecados (Ex 34.7b).
c) Ilustração do ladrão de banco
d) Como Deus resolveu este aparente dilema?
4. CRISTO
a) Quem é Cristo? Cristo é o INFINITO DEUS-HOMEM (Jo 1.1, 14).
b) O que ele fez? Ele MORREU na cruz para PAGAR por nossos pecados, RESSUSCITOU dos mortos e nos COMPROU um lugar no céu que nos oferece gratuitamente.
c) Ilustração do livro de registro dos pecados (Is 53. 6).
5. FÉ
a) Não é mero CONHECIMENTO INTELECTUAL (Tg 2.19)
b) Ou somente fé TEMPORAL.
c) A verdadeira fé salvadora é CONFIAR somente em Jesus Cristo para a Vida Eterna (At 16. 31).
d) Ilustração do barco ou da cadeira
Decisão/Compromisso
Pergunta de compromisso:
Você gostaria de receber o dom da vida eterna agora?
Esclarecimento do Compromisso:
A. Confiar somente em Jesus,
B. Reconhecer que Jesus é senhor
C. Reconhecer que Jesus é Deus, ressurreto e vivo,
D. Arrepender dos seus pecados.
Oração de Compromisso
1- Orar repassando o evangelho com frases curtas (a pessoa repete a oração)
2- Orar pedindo fé e segurança.
Confirmação do Compromisso
Leitura: “Na verdade eu vos digo quem crê em mim tem a vida eterna”. (Jo 6.47)
Pergunta: Você crê em Jesus Cristo?
Declaração: Bem vindo a família de Cristo
Acompanhamento Imediato
§ Leitura da Bíblia
§ Oração
§ Adoração
§ Comunhão
§ Testemunho
§ Convite: participar da igreja
Conclusão:
Creio que o Evangelismo Explosivo consegue estabelecer toda a base e fundamento para a Teologia Bíblica do Evangelismo, com um diferencial: Seu aspecto prático. Se você ainda não participou de uma das clínicas promovidas em várias cidades do nosso Brasil, eu o encorajo a, não apenas fazê-lo, mas levar pessoas de sua igreja para serem treinadas nesta desafiadora tarefa que é a Evangelização.
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