Introdução:
Eclesiastes é um livro intrigante e
contraditório. O autor atravessa um período de grande crise existencial e
enfrenta profundos problemas com o sentido da existência humana. O próprio tema
central do livro nos aponta para isto: “Vaidade de vaidades, tudo é vaidade”.
Um dos poetas modernos que melhor retratou isto foi Cazuza, quando
desesperançado e não vendo alternativa para sair de sua enfermidade afirmou:
“ideologia, eu quero uma pra viver”.
O texto nos mostra um homem vivendo um grande vazio na alma, conforme pudemos observar no capítulo 1, e depois de refletir sobre sua condição sai em busca de resposta à sua crise. É neste contexto de vazio, que ele escreve o capítulo 2, afinal “o vazio, o poder de ser atraído para o nada nos distende e nos faz nulos” (Otto Lara Rezende).
O texto nos mostra um homem vivendo um grande vazio na alma, conforme pudemos observar no capítulo 1, e depois de refletir sobre sua condição sai em busca de resposta à sua crise. É neste contexto de vazio, que ele escreve o capítulo 2, afinal “o vazio, o poder de ser atraído para o nada nos distende e nos faz nulos” (Otto Lara Rezende).
O pregador sai em busca da alegria.
Ele inicia o capítulo 2 dizendo a si mesmo: “Vamos, eu te provarei com a alegria, mas também isto era vaidade”. É exatamente esta utopia que ele chama de vaidade, que o autor se propõe a buscar. O resultado é um fracasso, porque ele resolveu buscar a felicidade como um fim em si mesmo, sem entender que felicidade é conseqüência, não a causa; ou seja, se buscarmos a felicidade como um fim em si mesma, teremos tantos problemas quanto aquele que, ao dormir, fica insistentemente dizendo para si mesmo: “Preciso dormir, preciso dormir...” O homem que deita dizendo que precisa dormir, não vai conseguir dormir. Para dormir, ele precisa esquecer que precisa dormir, e relaxar.
Ele inicia o capítulo 2 dizendo a si mesmo: “Vamos, eu te provarei com a alegria, mas também isto era vaidade”. É exatamente esta utopia que ele chama de vaidade, que o autor se propõe a buscar. O resultado é um fracasso, porque ele resolveu buscar a felicidade como um fim em si mesmo, sem entender que felicidade é conseqüência, não a causa; ou seja, se buscarmos a felicidade como um fim em si mesma, teremos tantos problemas quanto aquele que, ao dormir, fica insistentemente dizendo para si mesmo: “Preciso dormir, preciso dormir...” O homem que deita dizendo que precisa dormir, não vai conseguir dormir. Para dormir, ele precisa esquecer que precisa dormir, e relaxar.
Ouvi a história de um homem de barbas
compridas, que certo dia teve que responder a uma brincadeira que lhe fizeram
perguntando-lhe se, ao dormir, ele colocava sua barba para cima ou para baixo
da coberta. Naquela noite ele teve insônia, porque nunca se preocupava com esta
questão, mas ao tentar descobrir o que fazia, teve dificuldade para adormecer.
A verdade é que as pessoas só dormem
quando se esquecem de dormir, assim como a felicidade só virá, se houver condições
propícias para sua manifestação. Este é o problema de pessoas obcecadas pela
felicidade. Ela não será encontrada desta forma. A felicidade só virá, se as
condições estiverem propícias, e quando deixamos de buscá-la. Crie as condições
e ela acontecerá, como corretamente afirmou Mário Quintana: “O segredo não é
correr atrás das borboletas. É cuidar do jardim para elas venham até você”.
Quais
as alternativas que o pregador tenta buscar para encontrar a felicidade?
1. Auto-reflexão
“Disse comigo: vamos! Eu
te provarei com a alegria; goza, pois, a felicidade; mas também isso era
vaidade”. (Ec 2.1). “Vamos!” este é o tolo
convite do desespero.
Para a psicanálise, uma das maiores
complexidades da depressão é que ela faz um movimento egóico, isto é, uma volta
para si mesmo, um olhar obsessivo e introjetado. Em geral, quando o homem se
sente desesperado, ele fica longos períodos refletindo sobre sua dor, e
retroalimentando a sua miséria. Martin Lloyd Jones afirma que “A reflexão é
boa, mas a introspecção facilmente se torna morbidez”.
Neste texto, o autor olhar para dentro de
si, a fim de encontrar solução, quando exatamente o vazio de sua alma que o
levou a este ponto. Por isto precisamos de ajuda do alto, e não de auto-ajuda.
O caos é interior.
A vida traz muitos paradoxos: Por que
tantos sofrem? Por que a justiça não se manifesta de forma tão visível? Por que
existe pobreza e riqueza? Por que injustos prosperam? Por que existem homens
bons sofrendo e pessoas ruins aparentemente vivendo seus dias em paz?
Quando voltamos para dentro de nossa
alma, seja através da auto-sugestão, hipnose, auto- descoberta, auto ajuda, aventuras
em busca do ser, viagens astrais, estamos buscando soluções que esperamos virem
de dentro de nós, o resultado é um aumento considerável de angústia e depressão.
Salomão chegou à conclusão, que mesmo o
riso era desproposital, e de que a alegria era impossível (2.2). Afinal, não é
tudo vaidade? Qual o sentido destes comportamentos, que para uma alma
angustiada parecem até mesmo bizarras.
2. Entrega ao imaginário
“Resolvi no meu coração dar-me ao vinho, regendo-me, contudo, pela
sabedoria, e entregar-me à loucura, até ver o que melhor seria que fizessem os
filhos dos homens debaixo do céu, durante os poucos dias da sua vida” (Ec 2.3).
Salomão deixa claro sua alternativa para
resolver seu vazio: “Entregar-me à
loucura”. Existem várias formas de se fazer isto, e ele resolve se entregar
ao vinho. Sua proposta cria vertentes para o alcoolismo, as drogas, e até mesmo
movimentos psicológicos como a fantasia. Uma entrega ao imaginário.
O autor imagina que, invertendo sua
vida, saindo da realidade para a utopia, vivendo-a “às avessas”, vendo-a num
prisma não natural, talvez pudesse descobrir o que a vida no seu trajeto
natural não pode dar. Opta desta forma pela fuga da realidade. O texto mostra
sua confusão: “entregar-me-ei ao vinho,
regendo-me, contudo, pela sabedoria”. Ora, quem se entrega ao vinho não
pode ser regido pela sabedoria. Para fugir do vazio, diante do desespero,
algumas alternativas são buscadas. Três opções são muito comuns:
Fantasia - Na psicanálise, fantasia é um “roteiro imaginário, em que o sujeito quase sempre está presente, representando, de modo mais ou menos deformado pelos processos defensivos, a realização substituta de um desejo e, em última análise, de um desejo inconsciente, que não pode se realizar com tranquilidade, pelos impedimentos momentâneos quer físicos, de oportunidades ou morais (ideal de ego)”.
http://pt.shvoong.com/social-sciences/psychology/2191408-fantasia-psican%C3%A1lise/
A fantasia não pode deixar de evocar a oposição entre imaginação e realidade. Por isto torna-se uma alternativa comum para se fugir da concretude e dureza da vida. Fábio Damasceno, conhecido psiquiatra evangélico no Brasil, afirma que esta foi uma das grandes tentações de sua vida. Para ele, a fantasia na criança é normal, mas quando se prolonga na fase adulta, faz a pessoa perder relação com a realidade (mentira), assim a pessoa investe no lugar errado.
Dr. Fábio Damasceno é um psiquiatra que mora em Niterói. Para ele, A fantasia é uma obra de Satanás que incentiva o ser humano a esta viagem, dando-lhe um "porre"de mentiras. O grande sucesso da fantasia reside no fato de que, com ela, nos tornamos o produtor, roteirista, diretor e artista principal. Pode-se assim falar porque a loucura exerce um profundo fascínio sobre a humanidade, que deseja resolver suas tensões de forma esquiva.
A Bíblia diz: “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento” (Fp 4.8). A verdade deve ocupar nossa mente. Na fantasia, ocupamo-nos e ficamos presos na mentira.
Para que a fantasia tenha gosto, é necessário acreditar nela, colocar nela sua fé. Gastar sua fé na mentira é ficar sem cacife para a realidade, levando-nos à intolerância à verdade e gerando frustração, por isto, pessoas que vivem na fantasia nunca transformam sonhos em projetos, muito menos em realizações.
Dois filmes retratam bem este mecanismo de fuga da realidade: Rosa Púrpura de Cairo, dirigido por Woody Allen, e que trata de uma mulher que vive uma vida miserável e resolve seu dilema, criando uma fantasia para si e vivendo em torno dela. Com esta fantasia, consegue sair da vida normal e viver como estrela de Hollywood, mas o final é dolorido, já ela tem que voltar a viver na mesma vida que ela tinha anteriormente, pois o mundo da fantasia é inconsistente.
O outro tem o titulo de Pescadores de ilusões, Comédia dramática de 1991, estrelada por Robin Willians e Amanda Plummer, no qual Jack Lucas (Jeff Bridges) é um locutor de rádio egocêntrico, que fala o quer em seu programa sem pensar nas possíveis consequências. Um dia um ouvinte conversa com ele ao vivo, dizendo que conheceu uma mulher por quem se apaixonou em um bar yuppie. Jack de imediato descarta que ela tenha se interessado por ele, dizendo que todos os yuppies deveriam morrer. O ouvinte não pensa duas vezes: pega o rifle, vai até o bar e mata seis pessoas, antes de se suicidar. A tese central deste filme é que “a loucura é mais sã”, mas a fantasia é ainda uma mentira e cria um mundo de faz de contas.
b. Drogas - A pessoa faz opções pelos barbitúricos e pela viagens
alucinógenas. Como a vida está uma droga, que tal injetar nela uma substância
que possa energizá-la, pouco importa que esta substância venha a destruí-lo
dentro de pouco tempo, desde que, no agora, resolva o conflito mais angustiante
da vida que é o não-ser, expresso aqui pelo termo, “vaidade” (literalmente, bolha
de sabão- algo que brilha, pode até exercer fascínio, mas no final é algo que
se desmancha no ar). As drogas tem sido uma opção sempre presente na nossa
cultura, milhares de pessoas vivem dependendo de comprimidos, embora inconscientemente
saibam que “a paz não vem em comprimidos”.
c. Álcool - Segue a mesma trajetória das drogas, promove um certo grau de
excitação naquele que o ingere e as doses precisam aumentar para que novas
reações possam surgir. Busca assim, desesperadamente, resolver o
buraco da alma, deixado pelas incoerências, ingratidão e injustiças sofridas. A
pessoa vai lentamente se entregando à sua dependência. Toda vez que virmos uma
pessoa entregue ao álcool podemos concluir que ali se encontra alguém que não
resolveu de forma satisfatória suas tensões e se deixou vencer, entregou-se,
desistiu de lutar. O caminho do álcool é sempre atraente. Não é sem razão que
milhões de pessoas ao redor do mundo dependam e consumam álcool de forma
diária.
3. Riqueza - Desejo de ter, possuir
“Empreendi grandes obras; edifiquei para mim casas; plantei para mim
vinhas. Fiz jardins e pomares para mim e nestes plantei árvores frutíferas de
toda espécie. Fiz para mim açudes, para regar com eles o bosque em que
reverdeciam as árvores Comprei servos e servas e tive servos nascidos em casa;
também possuí bois e ovelhas, mais do que possuíram todos os que antes de mim viveram
em Jerusalém.
Amontoei também para mim prata e ouro e tesouros de reis e de
províncias; provi-me de cantores e cantoras e das delícias dos filhos dos
homens: mulheres e mulheres” (Ec 2.5-8).
A terceira opção para o pregador é
acumular bens, ganhar dinheiro, ser bem sucedido nos negócios.
Ele investe em plantações, palácios,
escravos (que o poderiam servir da forma como desejasse). Não é interessante
poder mandar? Ter pessoas à nossa disposição? Salomão comprou fazendas, bois e
ovelhas, tinha grandes fazendas, se vivesse hoje seria do tipo de pessoas que
teria investimentos em mercado de ação, uma carteira de imóveis.
Quem sabe um carro melhor, um emprego
melhor, casa mais bonita, viagens? Milhares de pessoas hoje se afadigam para
ter mais, amontoar mais. Chanfort afirmou que “a sociedade é composta de
duas classes: dos que tem mais jantares do que apetites, e dos que tem mais
apetites que jantares”.
Salomão afirma ter experimentado todas
estas coisas no superlativo. “Mais do que todos quantos viveram em Jerusalém
antes de mim”, mas isto não lhe trouxe realização, porque a riqueza é como água do mar. Quanto mais se bebe, mais sede se tem. Ele
chega a conclusão de que: “Tudo quanto desejaram os meus olhos não lhes neguei,
nem privei o coração de alegria alguma, pois eu me alegrava com todas as minhas
fadigas, e isso era a recompensa de todas elas” (Ec 2.10), afinal, “os que
acreditam que o dinheiro faz tudo, costumam estar sujeitos a fazer qualquer
coisa por dinheiro” (Voltaire).
Afinal,
dinheiro traz ou não felicidade?
Gosto muito
da posição de Foster[1] quando afirma que precisamos parar de defender a idéia de que dinheiro
não traz felicidade. O problema está quando achamos que o dinheiro é a fonte da
felicidade e colocamos nosso coração nos bens que possuímos. Nestes casos, ao
invés de possuirmos o dinheiro, ele passa a nos possuir.
4. Sexo - Desejo de conquistar –
“Provi-me de cantores e
cantoras e das delícias dos filhos dos homens: mulheres e mulheres” (Ec 2.8).
Salomão parece indicar que, não encontrando
a alegria na reflexão, nem fuga da realidade, nem nos bens, que outra opção
razoável seria viver de forma dissoluta. Salomão investiu pesado no seu harém.
Ele chegou a ter 700 princesas e 300 concubinas, todas elas viviam à sua
disposição sexual.
Afirma-se que o sonho de toda mulher é o
príncipe encantado, e de todo homem é um harém. Salomão então resolveu
satisfazer todo seu libido e extravasá-lo da forma como pudesse. Ele então
passou a colecionar mulheres, de todas as regiões, princesas de outros países,
casamentos arranjados para fins políticos, e assim foi construindo uma história
distanciado de Deus.
O resultado para Salomão, e para todos
quantos se entregam à vida promiscua é desastroso. Ele declara que surgiu no
seu coração um enorme desprezo pela figura feminina: “Juízo que ainda procuro e
não achei, entre mim homens encontrei um como
esperava, mas entre tantas mulheres não achei nem sequer uma” (Ec 7.28). O problema está
nas mulheres? Não! Antes na atitude dele próprio em usá-las como objeto. O resultado
é desprezo.
Prostitutas
desenvolvem este mesmo sentimento em relação aos homens. De tanto se entregar a
tipos cada vez mais estranhos e patéticos, passa a desenvolver uma visão de
desprezo da figura masculina.
O psicanalista francês Charles Melman,
discípulo de Jacques Lacan, aos 76 anos, deu uma entrevista à Revista veja em sua
visita ao Brasil, usando os conceitos da psicanálise para interpretar as
mudanças na sociedade atual. Quanto ao fato desta geração ser liberal quanto à
questão da sexualidade, afirmou: “Os jovens de hoje, dos 18 aos 30 anos, não
procuram o psicanalista pelo fato de reprimirem seus desejos, mas porque não
sabem o que desejam... isso acontece porque nossos jovens foram criados em
condições que promovem a busca rápida do prazer e sem obrigações... A idéia é
aproveitar sem se engajar, mas isso impõe uma questão: Eles aproveitam
plenamente? Momentos de prazer que proporcionam uma satisfação profunda são
vividos, mas não organizam a existência, nem o futuro”. (Veja, 2007).
Foi exatamente isto que aconteceu a
Salomão. Ele se perdeu neste emaranhado de promiscuidade e perdeu a capacidade
de desenvolver intimidade e se relacionar num nível profundo com uma mulher. “a
libertação sexual não decresceu a necessidade amorosa, mas revelou um
decréscimo na capacidade de amar”[2]
5. Fama - Desejo de ser percebido - 2:9a
“Engrandeci-me e sobrepujei a
todos os que viveram antes de mim em Jerusalém; perseverou também comigo a
minha sabedoria” (Ec 2.9).
.
No seu vazio, ele desenvolveu uma
verdadeira obsessão por reconhecimento e aclamação pública. Seu nome ultrapassou
as fronteiras e Israel, indo ao Egito. Um dos relatos mais interessantes sobre
sua fama se dá no encontra com a deslumbrada Rainha de Sabá, atual Iêmen, que
resolveu fazer uma viagem para conhecer este aclamado rei. O resultado foi que ela
se impressionou ainda mais ao chegar a Israel e ver a opulência palaciana, seus
palácios construídos para alimentar sua vaidade, e a riqueza de conhecimento
que ele demonstrava.
Por causa de sua obsessão por
reconhecimento, começou a se unir a outros reinos, fazendo conchavos políticos
e acordos, envolvendo-se com mulheres que adoravam deuses pagãos e para ser
aclamado, construiu palácios para estas mulheres, sufocou seu país com taxas e
impostos, construiu templos para Camos, Carquemis e Moloque, deuses dos
amonitas e dos moabitas e se distanciou de Deus.
Um dos grandes medos humanos é o
anonimato. Ter reconhecimento, ser popular. Muitos jovens entregam sua honra
pela desejo de ser popular. Um das maiores aspirações de adolescentes em
colégios e jovens em universidade é de serem populares. Alguns se envolvem em
situações bizarras e cometem atrocidades para impressionar colegas.
No entanto, a fama tem o poder de matar
as pessoas.
Não é sem razão que grandes nomes da música, como Kurt Combain, Elves Presley, Michael Jackson, Amy Winehouse, perderam cedo sua vida, porque a fama tem o poder de isolar as pessoas. Em geral estas pessoas morrem solitárias. Por isto a Palavra de Deus nos exorta: Assim diz o SENHOR: “Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte, na sua força, nem o rico, nas suas riquezas; mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o SENHOR e faço misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o SENHOR” (Jr 9.23).
Não é sem razão que grandes nomes da música, como Kurt Combain, Elves Presley, Michael Jackson, Amy Winehouse, perderam cedo sua vida, porque a fama tem o poder de isolar as pessoas. Em geral estas pessoas morrem solitárias. Por isto a Palavra de Deus nos exorta: Assim diz o SENHOR: “Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte, na sua força, nem o rico, nas suas riquezas; mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o SENHOR e faço misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o SENHOR” (Jr 9.23).
Certa vez Michael Jackson afirmou numa
entrevista que era o homem mais solitário do mundo.
Pessoas que cedo alcançam a fama, precisam de suporte psicológico para poder lidar com a popularidade. Grandes astros no esporte e no mundo midiático precisam de mentores para poder lidar com a facilidade de acesso e privilégios que a fama pode trazer, caso contrário, se tornam completamente desorientados quanto ao poder e glória que alcançam. Salomão sucumbiu ao seu poder e fama. Não soube lidar com isto, embora reconhecesse que tudo isto se tornou “canseira e enfado”.
Pessoas que cedo alcançam a fama, precisam de suporte psicológico para poder lidar com a popularidade. Grandes astros no esporte e no mundo midiático precisam de mentores para poder lidar com a facilidade de acesso e privilégios que a fama pode trazer, caso contrário, se tornam completamente desorientados quanto ao poder e glória que alcançam. Salomão sucumbiu ao seu poder e fama. Não soube lidar com isto, embora reconhecesse que tudo isto se tornou “canseira e enfado”.
6. Sabedoria – anseio pelo ser. Desejo de admiração
“Engrandeci-me e sobrepujei a
todos os que viveram antes de mim em Jerusalém; perseverou também comigo a minha
sabedoria” (Ec 2.9).
.
Muitas pessoas enveredam por outras vias
para resolver o vazio. Elas não são atraídas nem pelo dinheiro, fama e sexo,
mas se refugia pelo campo da filosofia e do conhecimento. Esta é a vida dos os nerds e intelectuais.
O saber é fascinante, um mundo de mistério, e não ocupa espaço. Milhares de pessoas optaram e se apaixonaram pelos livros, pela pesquisa e academicismo, conquistando respeito público, medalhas de honra e reconhecimento. Mas o saber pode ser uma armadilha. O próprio Salomão, que se tornou tão respeitado pela sua mente privilegiada, comenta no final deste livro que “não há limite para fazer livros, e o muito estudar é enfado da carne” (Ec 12.12).
O saber também não resolve a angústia da alma. Alguns intelectuais mais respeitados foram os que mais experimentaram densas angústias. O existencialismo carregado de cinismo e desesperança não surgiu entre os pobres de Ruanda e das favelas brasileiras, nem do pobre do Nordeste do Brasil, mas nos sofisticados cafés parisienses.
O saber é fascinante, um mundo de mistério, e não ocupa espaço. Milhares de pessoas optaram e se apaixonaram pelos livros, pela pesquisa e academicismo, conquistando respeito público, medalhas de honra e reconhecimento. Mas o saber pode ser uma armadilha. O próprio Salomão, que se tornou tão respeitado pela sua mente privilegiada, comenta no final deste livro que “não há limite para fazer livros, e o muito estudar é enfado da carne” (Ec 12.12).
O saber também não resolve a angústia da alma. Alguns intelectuais mais respeitados foram os que mais experimentaram densas angústias. O existencialismo carregado de cinismo e desesperança não surgiu entre os pobres de Ruanda e das favelas brasileiras, nem do pobre do Nordeste do Brasil, mas nos sofisticados cafés parisienses.
O intelectualismo provoca outra reação
danosa. A Bíblia diz que “O saber
ensoberbece, mas o amor edifica” (Rm 8.1).
Outra tradução afirma que “o saber
incha”. A consequência imediata é o narcisismo e o elitismo. Quem estuda
demais e se torna perito em áreas do conhecimento, facilmente sofrem deste mal,
e passam a se julgar superior aos outros, tratando com desprezo aqueles a quem
consideram inferiores.
Quão importante é o conhecimento e
quanto mau uso se faz dele. Conhecimento pode ser uma benção, trazer cura,
novas descobertas, ciência, mas pode ser uma desgraça. Conhecimento aliado à
compaixão é uma benção, mas o conhecimento iníquo, uma desgraça, uma tragédia.
S. João Crisóstomo (347-407 a .d) no seu sermão: A
loucura da conquista da cruz afirma: “Vemos
então que precisamos de fé e simplicidade, e isto deve ser buscado em toda
ocasião. Devemos preferir estas coisas à sabedoria, pois Deus afirmar ser esta
a sabedoria verdadeira”[3].
O homem que tem o conhecimento, procura
conquistar o outro, tê-lo cativo pelas suas idéias, fazê-lo escravo num nível
mais profundo. Esquecendo-se que vaidade é o pecado predileto de Satanás. Samuel Morse, o inventor do telégrafo, recebeu muitas honras por causa
da sua invenção, entretanto, deixou claro que Deus havia dado a ele aquela
capacidade somente porque Ele queria dar o Telégrafo à humanidade. Pessoas que
temem ao Senhor costumam atribuir a Ele os méritos pelas coisas boas que fazem.
7. Poder - O desejo de dominar
“Engrandeci-me e sobrepujei a
todos os que viveram antes de mim em Jerusalém” (Ec 2.9).
.
Muitas pessoas se enveredam deslumbrados
pela via do poder.
Sendo ainda um jovem pastor em Brasília,
fui procurado pelo querido Juiz de Direito, Dr. Darci Alvim Pereira, que se
tornou uma espécie de amigo e conselheiro na minha vida pessoal. Sua preocupação
era me ver, ainda jovem, transitando por pessoas tão influentes e correndo o
risco de perder minha alma por vaidade ou soberba. Um dia, cuidadosamente se
aproximou de mim e advertiu-me nestes termos. Nunca me esqueço de uma frase
citada por ele: “Poder é mais perigoso que dinheiro. Poder perverte, corrompe,
seduz as pessoas. E o poder, em última instância, também atrai dinheiro”.
Não precisamos ir muito longe para
perceber a verdade disto. Veja como os políticos se tornam obcecados na sua
luta infindável pelo poder. Principalmente para aqueles que se projetam
rapidamente, e passam a ser percebidos pela mídia e atraído pelos holofotes da
imprensa. Tais pessoas são facilmente engolidas pela máquina do poder e não raramente
vendem sua alma para o diabo. O poder é forte sedutor. Atrai com seus tentáculos
e nos suga para o epicentro de sua estrutura.
Para manter-se no poder, homens tem
sacrificado honra, saúde, fé, Deus, valores, família. O poder pode e deve ser
usado para promover o bem, mas ele é altamente corruptível e faz enlouquecer
até o sábio. Todos aqueles que se aproximarem para o centro desta estrutura,
devem ficar alertas para que não sejam pervertidos e subornados, não pelo
dinheiro em si, mas pelo poder.
A
tragédia: Avaliando a busca
Depois de uma cansativa busca, para
encontrar sentido, valor e significado, para superar a enorme força
gravitacional do vazio, Salomão percebe que nada disto havia funcionado: “Tudo quanto desejaram os meus olhos não lhes
neguei, nem privei o coração de alegria alguma, pois eu me alegrava com todas
as minhas fadigas, e isso era a recompensa de todas elas. Considerei todas as
obras que fizeram as minhas mãos, como também o trabalho que eu, com fadigas,
havia feito; e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e nenhum proveito
havia debaixo do sol” (Ec 2.10-11).
Três palavras parecem refletir o resultado
desta tola busca:
a. “Fadigas” – Trata-se de
um cansaço interior profundo, de um sentimento de que nada traz refrigério ou
descanso. Nada pode trazer refrigério: Sono, férias prolongadas, viagens. Este
é o encontro com o nada, que é traduzido na filosofia existencialista como “a
experiência da angústia”. É uma dor na alma, um buraco no peito, um senso
difuso de que nada encontra sentido. Vacuidade. Nihilismo. Canseira.
b. “Vaidade” - Como temos
estudado, vazio é a falta de coerência, proposito, valor nas coisas. Tudo é
nulo, nada, bolha de sabão, vapor. Não há solidez, nem algo que você possa
apalpar e dizer: Isto é concreto! “O que
se foi é o que há de ser; e o que se fez, isto se tornará a fazer; nada há,
pois, novo debaixo do sol” (Ec 1.9).
c.
Corrida atrás do vento – Atualmente existem
pessoas que se especializaram em caçar furacões e pesquisar tornados. Eles se
interessam cientificamente pelos movimentos da natureza e pela intensidade e
força do vento. Não era exatamente isto que Salomão queria fazer, mas foi assim
que ele se sentiu: correndo atrás de um redemoinho.
Na minha infância de menino pobre,
morando na cidade de Gurupi-TO, jogávamos futebol em terrenos baldios, e os
redemoinhos eram comuns, especialmente no mês de Agosto, quando havia uma força
maior dos ventos. Não sei exatamente o que acontecia no imaginário infantil,
mas se dizia que dentro do redemoinho estava o pé do “capeta”. Então, quando um
redemoinho vinha em nossa direção, largávamos a bola e corríamos na sua direção
para ver o que aconteceria. O resultado era sempre catastrófico, mas mesmo
assim o repetíamos: Poeira no cabelo, na boca, nos ouvidos, e saiamos dali, do
meio do vento, com cabelo arrepiado e com um tolo senso de conquista.
Salomão afirma que “tudo era vaidade e
correr atrás do vento”. Acho que tenho uma leve ideia do que isto significa.
Onde
está a vida que perdi, tentando encontrá-la.
Quando Salomão refletiu sobre todas
estas coisas ele encontrava-se distanciado de Deus. Seu coração fora atraído pela
glória, fama, poder, riqueza, e ele levou isto a sério. Até mesmo construiu templos
para deuses pagãos para se tornar uma pessoa mais global e inclusivista. Salomão
se perdeu na sua vaidade e o reflexo foi um profundo vazio na alma. Viu que
nenhum proveito havia debaixo do sol.
Só o temor de Deus, e o encontro com sua
realidade sobrenatural pode trazer sentido a alma vazia. Apesar da divagação de
sua alma, Salomão sabia que “fora de Deus, ninguém pode comer, beber e
alegrar-se” (Ec 2.25). Apesar desta consciência intelectual do fato, ele não conseguia
romper com este tolo fascínio de ser mais, ter mais, dominar mais, conquistar
mais.
Salomão se perdeu na sua trajetória.
Ele saiu do nada para lugar algum.
Certo poeta assim afirmou: “Onde está a vida que perdi, tentando encontrá-la?”.
Tim Elliot perdeu sua vida ainda jovem,
quando procurava levar o evangelho a uma inóspita tribo no interior do Equador.
Antes de morrer, ele escreveu numa das suas cartas a seguinte frase: “Não é tolo aquele que dá o que não pode
reter, para ganhar aquilo que não pode perder”.
Por isto Jesus
afirma: “Quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, mas quem perder a sua vida
por minha causa, achá-la-á”. O segredo não é ficarmos desesperados em buscar a
felicidade, mas encontrar o eixo da história em Deus, e todos os demais
significados farão sentido. Jesus é a hermenêutica da história. Só ele pode
fechar e abrir o livro, como simbolicamente o livro de Apocalipse nos ensina. O
segredo da vida só pode ser encontrado em Deus mesmo.
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