Introdução:
Casamento é um projeto a dois. Ele se dá
quando fazemos opção de não sermos apenas um, mas sermos dois. Somarmos nossa
história. A solidão não é a melhor coisa. O texto afirma que “melhor é serem dois do que um”. Por que é melhor serem dois?
Quatro
razões:
- Trabalham
juntos eficazmente – “Há melhor
paga do seu trabalho”. A vida fica mais cheia de sentido: Com dois se
reparte “Tem melhor paga”. O trabalho
é compartilhado. Vivemos dias de solidão existencial, o propósito da vida não
é acumular, receber e amontoar, mas dividir e compartilhar. A vida tem
mais sentido quando no trabalho, na produtividade quando se tem alguém a
se dar, talvez seja esta a razão pela qual gente casada produz mais e
melhor. O trabalho se torna mais significativo. Isto aponta para alguns princípios:
·
A
vida não é um projeto de isolamento, mas de fraternidade;
·
Afetividade,
sensualidade, emoções estão quase sempre em relação a alguém.
·
Não
há projeto de solidão no coração de Deus: Não é bom que o homem esteja só.
- Quem tem
companhia não fica prostrado – “Se um cair, o outro o levantará…” vs. 10 Na minha experiência
como um homem casado, me recordo de que, em apenas uma vez adoecemos os
dois ao mesmo tempo. Sempre um estava bom para fortalecer o outro.
Viver em grandes cidades pode facilmente
nos fazer perder o referencial da vida. O anonimato, a alienação, o
individualismo. Pessoas solteiras e
divorciadas são ainda mais facilmente presa desta armadilha e tem mais
tendência ao vazio e a depressão. Existe ainda outro perigo latente: Casais que
causam depressão um no outro.
Os praticantes da pesca submarina
recebem vários mandamentos, e um dos mais importantes é que a pessoa não mergulhe
sozinha. Se algum problema acontecer, haverá socorro, mas se estiver só, a
pessoa pode fatalmente morrer.
Quando Jesus deu ordem aos seus discípulos
que o precedesse nas cidades por onde haveria de passar, recomendou-lhes que não
andassem sozinhos, mas de “dois em dois”
(Lc 10.1). Ele sabia como exercer o ministério e fazer a obra do Senhor
isoladamente pode ser perigoso e pesado. Ele queria poupar seus discípulos de
angústias maiores que as que naturalmente viriam, por isto ordenou que o
fizessem em parceria.
- A presença do
outro traz conforto e companheirismo – vs.11 “um só, como se aquentará?”. Quem
anda a dois não passa frio - vs. 10
Em regiões gélidas, quando se corre o
risco de hipotermia, a primeira regra de sobrevivência no frio e que se mantenha
os corpos aquecidos. Quando outra pessoa está ao lado, é necessário que fiquem
abraçados para aquecer um ao outro.
Este texto pode ser entendido em dois
sentidos. Num deles, literal: Aponta para o prazer do corpo, do toque, do
abraço, do aconchego. Doutro lado pode ser entendido figurativamente: Como se
aquecer sozinho? O que fazer com o frio profundo da solidão? Somos seres
sedentos de ternura, de companheirismo. O desejo de se ter companhia não é
apenas para o exercício de uma função sexual, mas também de companheirismo, de
cumplicidade e apoio.
- Quem anda
junto torna-se mais forte, não luta sozinho – “Se alguém quiser prevalecer contra um,
os dois lhe resistirão; o cordão de três dobras não se rebenta com
facilidade” (Ec 4.12).
Curiosamente o texto que falava de
companheirismo e amizade, introduz aqui a ideia de um cordão de 3 dobras. Se
ele estava falando de um casal, porque agora se refere a um cordão de 3 dobras?
Seria uma referência aos filhos?
Na verdade a pessoa já seria fortalecida
pelo simples fato de estarem juntos. Opor-se a quem você ama é opor-se a você.
Esta solidariedade dá força. Aqui, porém, a Bíblia nos fala de uma presença
extra, de um terceiro elemento que se encontra presente. É que 1 + 1 é sempre
mais que dois, na aritmética da Bíblia existem coisas estranhas: 1 + 1 + 1 é
igual a um, quando fala da Trindade. Aqui, 1 + 1 fazem três, não apenas 2.
Aritmética divina, conta que só é possível fazer apenas quando se conhece os
mistérios de Deus.
O companheirismo ajuda a amortecer os
golpes que a vida desfere – “Se alguém
quiser prevalecer contra um”. Quem anda junto torna-se mais forte porque não
luta sozinho.
Conclusão:
No design da criação, Deus introduziu a questão
da solidão e da necessidade de companheirismo. Foi o próprio Deus quem afirmou:
“Não é bom que o homem esteja só, far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja
idônea”. O projeto inicial de Deus contemplava a importância da alteridade,
companheirismo e apoio mútuo. A ideia de criar a mulher foi de Deus. Havia no coração
do homem um senso de que lhe faltava alguém, mas “para o homem não havia
companheira que lhe fosse idônea”. Esta idoneidade tem a ver com
compatibilidade, com capacidade de se relacionar num mesmo nível, amar e até
mesmo copular. Deus então faz a mulher.
A Bíblia não afirma que uma pessoa não possa
ser feliz sozinha. Afirma, porém, que encontrar um companheiro para
compartilhar a vida pode ser um projeto de muito prazer e contentamento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário