sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Ec 4.9-12 Melhor é serem dois que um




Introdução:

Casamento é um projeto a dois. Ele se dá quando fazemos opção de não sermos apenas um, mas sermos dois. Somarmos nossa história. A solidão não é a melhor coisa. O texto afirma que “melhor é serem dois do que um”. Por que é melhor serem dois?

Quatro razões:
  1. Trabalham juntos eficazmente – “Há melhor paga do seu trabalho”. A vida fica mais cheia de sentido: Com dois se reparte “Tem melhor paga”. O trabalho é compartilhado. Vivemos dias de solidão existencial, o propósito da vida não é acumular, receber e amontoar, mas dividir e compartilhar. A vida tem mais sentido quando no trabalho, na produtividade quando se tem alguém a se dar, talvez seja esta a razão pela qual gente casada produz mais e melhor. O trabalho se torna mais significativo. Isto aponta para alguns princípios:

·         A vida não é um projeto de isolamento, mas de fraternidade;
·         Afetividade, sensualidade, emoções estão quase sempre em relação a alguém.
·         Não há projeto de solidão no coração de Deus: Não é bom que o homem esteja só.

  1. Quem tem companhia não fica prostrado“Se um cair, o outro o levantará…” vs. 10 Na minha experiência como um homem casado, me recordo de que, em apenas uma vez adoecemos os dois ao mesmo tempo. Sempre um estava bom para fortalecer o outro.
Viver em grandes cidades pode facilmente nos fazer perder o referencial da vida. O anonimato, a alienação, o individualismo.  Pessoas solteiras e divorciadas são ainda mais facilmente presa desta armadilha e tem mais tendência ao vazio e a depressão. Existe ainda outro perigo latente: Casais que causam depressão um no outro.
Os praticantes da pesca submarina recebem vários mandamentos, e um dos mais importantes é que a pessoa não mergulhe sozinha. Se algum problema acontecer, haverá socorro, mas se estiver só, a pessoa pode fatalmente morrer.
Quando Jesus deu ordem aos seus discípulos que o precedesse nas cidades por onde haveria de passar, recomendou-lhes que não andassem sozinhos, mas de “dois em dois” (Lc 10.1). Ele sabia como exercer o ministério e fazer a obra do Senhor isoladamente pode ser perigoso e pesado. Ele queria poupar seus discípulos de angústias maiores que as que naturalmente viriam, por isto ordenou que o fizessem em parceria.

  1. A presença do outro traz conforto e companheirismo – vs.11 “um só, como se aquentará?”. Quem anda a dois não passa frio - vs. 10
Em regiões gélidas, quando se corre o risco de hipotermia, a primeira regra de sobrevivência no frio e que se mantenha os corpos aquecidos. Quando outra pessoa está ao lado, é necessário que fiquem abraçados para aquecer um ao outro.
Este texto pode ser entendido em dois sentidos. Num deles, literal: Aponta para o prazer do corpo, do toque, do abraço, do aconchego. Doutro lado pode ser entendido figurativamente: Como se aquecer sozinho? O que fazer com o frio profundo da solidão? Somos seres sedentos de ternura, de companheirismo. O desejo de se ter companhia não é apenas para o exercício de uma função sexual, mas também de companheirismo, de cumplicidade e apoio.

  1. Quem anda junto torna-se mais forte, não luta sozinho – “Se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; o cordão de três dobras não se rebenta com facilidade” (Ec 4.12).

Curiosamente o texto que falava de companheirismo e amizade, introduz aqui a ideia de um cordão de 3 dobras. Se ele estava falando de um casal, porque agora se refere a um cordão de 3 dobras? Seria uma referência aos filhos?
Na verdade a pessoa já seria fortalecida pelo simples fato de estarem juntos. Opor-se a quem você ama é opor-se a você. Esta solidariedade dá força. Aqui, porém, a Bíblia nos fala de uma presença extra, de um terceiro elemento que se encontra presente. É que 1 + 1 é sempre mais que dois, na aritmética da Bíblia existem coisas estranhas: 1 + 1 + 1 é igual a um, quando fala da Trindade. Aqui, 1 + 1 fazem três, não apenas 2. Aritmética divina, conta que só é possível fazer apenas quando se conhece os mistérios de Deus.
O companheirismo ajuda a amortecer os golpes que a vida desfere – “Se alguém quiser prevalecer contra um”. Quem anda junto torna-se mais forte porque não luta sozinho.

Conclusão:
No design da criação, Deus introduziu a questão da solidão e da necessidade de companheirismo. Foi o próprio Deus quem afirmou: “Não é bom que o homem esteja só, far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea”. O projeto inicial de Deus contemplava a importância da alteridade, companheirismo e apoio mútuo. A ideia de criar a mulher foi de Deus. Havia no coração do homem um senso de que lhe faltava alguém, mas “para o homem não havia companheira que lhe fosse idônea”. Esta idoneidade tem a ver com compatibilidade, com capacidade de se relacionar num mesmo nível, amar e até mesmo copular. Deus então faz a mulher.

A Bíblia não afirma que uma pessoa não possa ser feliz sozinha. Afirma, porém, que encontrar um companheiro para compartilhar a vida pode ser um projeto de muito prazer e contentamento.

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